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França estende direito ao aborto até 14 semanas de gravidez

Medida foi apoiada pelo partido do governo apesar da relutância do presidente Emmanuel Macron, 46 dias antes da eleição presidencial

"Proteger a vida humana. Grande causa nacional", diz uma faixa exibida durante marcha contra o aborto em 16 de janeiro de 2022, em Paris. (AFP/AFP)
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AFP

Publicado em 23 de fevereiro de 2022 às 19h36.

Última atualização em 23 de fevereiro de 2022 às 19h47.

A França aprovou nesta quarta-feira, 23, uma extensão dos prazos para o aborto de 12 para 14 semanas, medida apoiada pelo partido do governo apesar da relutância do presidente, Emmanuel Macron, 46 dias antes da eleição presidencial.

"Em um momento em que vários países questionam esse direito fundamental das mulheres, estou orgulhoso de que a França o reafirme e amplie", tuitou o ministro da Saúde, Olivier Véran. O prazo máximo era de 12 semanas desde 2001.

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O projeto de lei, aprovado pela Assembleia Nacional (Câmara baixa) por 135 votos a favor e 47 contra, procura responder à falta de médicos e ao encerramento progressivo dos centros que praticam a interrupção voluntária da gravidez.

Pelo texto, as parteiras também poderão realizar abortos cirúrgicos, após poder fazê-lo com medicamentos desde 2016. Os parlamentares mantiveram a cláusula de consciência para os médicos contrários à interrupção de uma gravidez.

De acordo com a deputada socialista Marie-Noëlle Battistel, 2 mil mulheres são forçadas a viajar para o exterior para fazer um aborto a cada ano, pois ultrapassaram os prazos legais. Essas "mulheres são as mais vulneráveis", acrescentou.

O partido do governo, República em Marcha (LREM, na sigla em francês), apoiou o texto, apesar da relutância do centrista Macron. Isso confirma sua abordagem esquerdista às questões sociais, após abrir a reprodução assistida para mulheres solteiras e lésbicas.

No final de 2021, ao discursar em encontro com o papa Francisco no Vaticano, o presidente francês garantiu que um prazo mais longo afetaria o "trauma de uma mulher", mas disse respeitar "a liberdade dos parlamentares", segundo o jornal Le Figaro.

Vários deputados destacaram que a Colômbia descriminalizou, na segunda-feira, o aborto até a 24ª semana de gravidez, como a esquerdista Mathilde Panot que, com um lenço verde no antebraço, atribuiu "esses avanços à mobilização histórica das feministas".

Com 14 semanas, a França segue os passos de outros países como Argentina e Espanha. Na Europa, onde esta prática é autorizada em quase todas as nações, exceto Malta, Andorra e Vaticano, o prazo é na maioria dos casos de 12 semanas.

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