Pobreza: há uma geração "perdida" de jovens que chegaram à maturidade na década de 2010 sem ter empregos e qualificação profissional, o que alimenta a frustração represada (Keith Levit/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 16 de janeiro de 2014 às 08h45.
Londres - Uma crônica disparidade entre ricos e pobres está se ampliando, o que representa o maior risco individual para o mundo em 2014, apesar do início da recuperação de muitas economias, disse o Fórum Econômico Mundial nesta quinta-feira.
A avaliação anual sobre os perigos globais, que fornece o contexto para a reunião do Fórum na semana que vem em Davos (Suíça), conclui que a disparidade de renda e a decorrente tensão social compõem a questão que provavelmente mais impactará a economia do planeta na próxima década.
O fórum alertou que há uma geração "perdida" de jovens que chegaram à maturidade na década de 2010 sem ter empregos e qualificação profissional, o que alimenta a frustração represada.
Isso pode facilmente desencadear uma explosão social, como já ocorreu nas recentes ondas de protestos contra a desigualdade e a corrupção na Tailândia e no Brasil.
"O descontentamento pode levar à dissolução do tecido social, especialmente se os jovens sentirem que não têm futuro", disse Jennifer Blanke, economista-chefe do Fórum Econômico Mundial. "Isso é algo que afeta a todos." A pesquisa com mais de 700 especialistas globais identificou eventos climáticos extremos como sendo o segundo fator com maior probabilidade de provocar choques sistêmicos.
O risco de crises fiscais em decorrência do precário estado das finanças públicas em muitos países continua tendo o potencial para provocar o maior impacto econômico global, mas a probabilidade de implosões fiscais desse tipo é menor agora do que em anos anteriores, segundo o relatório.
A Europa, em particular, está fora da zona de perigo financeiro imediato -- fato que contribuiu para que a desigualdade subisse na pauta, segundo David Cole, diretor de risco da Swiss Re, que colaborou no relatório.
A desigualdade, aliás, vem crescendo no mundo desde a década de 1980, e, na opinião de Cole, a crescente atenção dada pela opinião pública ao problema exigirá que gestores públicos e a elite global precisarão ser cuidadosos com isso.
"Sou um grande apoiador do capitalismo, mas há momentos em que o capitalismo pode entrar em rotação excessiva, e é importante ter medidas em vigor --sejam elas regulatórias, de governo ou medidas tributárias-- que assegurem que evitamos excessos em termos de renda e distribuição de riquezas", disse Cole.
O relatório intitulado "Riscos Globais 2014", com 60 páginas, analisa 31 riscos para os próximos dez anos. O lançamento ocorre dias antes da reunião anual do Fórum Econômico Mundial, em Davos, de 22 a 25 de janeiro.
Todos os anos, ricos e poderosos do mundo se reúnem nessa estação de esqui da Suíça para discutir o futuro do planeta. O tema deste ano é "Reformulando o mundo: consequências para sociedade, política e negócios".