Forças de Kiev e Moscou travam batalhas violentas no leste da Ucrânia
A batalha de Avdiivka está em uma fase "crítica" e é mais difícil que a de Bakhmut, afirmou o porta-voz da 3ª brigada de ataque, Oleksandr Borodin
Agência de notícias
Publicado em 16 de fevereiro de 2024 às 10h04.
As tropas ucranianas e russas travam "batalhas violentas" nesta sexta-feira, 16, dentro do "inferno" de Avdiivka, uma cidade do leste da Ucrânia que está recebendo reforços das forças de Kiev.
Porém, existe o risco de retirada da Ucrânia da localidade devido à falta de recursos e aos ataques contínuos de Moscou, que iniciou a invasão da ex-república soviética no final de fevereiro de 2022.
"Batalhas violentas acontecem dentro da cidade", anunciou o general ucraniano Oleksandr Tarnavski, que comanda as forças de Kiev no leste do país nas redes sociais. "Nossas tropas utilizam todas as forças e recursos disponíveis para conter o inimigo", acrescentou.
A batalha de Avdiivka está em uma fase "crítica" e é mais difícil que a de Bakhmut, que durou vários meses até a conquista da cidade ucraniana pelo Exército russo, afirmou o porta-voz da 3ª brigada de ataque, Oleksandr Borodin.
"A situação é crítica. O inimigo continua pressionando", declarou Borodin. "Lá (em Bakhmut), era difícil, agora é extremamente difícil, contra forças russas mais bem armadas", acrescentou.
Na quinta-feira, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, afirmou que as tropas farão "todo o possível" para salvar vidas na frente leste, em particular em Avdiivka, onde a situação é "crítica".
A posição dos soldados ucranianos é cada vez mais precária na cidade devastada da região do Donbass, alvo de uma ofensiva russa.
Na quinta-feira, Kiev mobilizou mais tropas para auxiliar as unidades em Avdiivka, que virou um "inferno", segundo a terceira brigada de assalto, enviada como reforço.
O município caiu brevemente nas mãos dos separatistas pró-Rússia em julho de 2014, antes de retornar ao controle ucraniano, e a Rússia tenta assumir o controle da localidade há vários meses
Apesar do cenário de destruição, quase 900 civis permanecem em Avdiivka, segundo as autoridades locais. Moscou espera que a conquista da área dificulte os bombardeios ucranianos sobre Donetsk, reduto das forças pró-Rússia no leste da Ucrânia há 10 anos.
A conquista da cidade representaria uma importante vitória simbólica para a Rússia.
Tarnavski destacou que suas tropas estão preparando "novas posições" de defesa ao redor da cidade e "continuam instalando fortificações, levando em consideração todos os cenários possíveis".
Também afirmou que a prioridade de Kiev é "preservar a vida de cada soldado ucraniano" e descreveu a situação em Avdiivka como "difícil, mas controlada". Ele disse que seus comandantes receberam instruções de "estabilizar a situação".
O Exército ucraniano afirmou que as tropas "permanecem firmes" e acrescentou que "continuam provocando o recuo do inimigo que tenta cercar Avdiivka".
"Capacidades suficientes"
A poucos dias do segundo aniversário da invasão russa e depois do fracasso da contraofensiva de 2023, a Ucrânia enfrenta múltiplos desafios: as tropas russas estão na ofensiva, a ajuda militar americana é cada vez mais improvável e o Exército ucraniano enfrenta a escassez de soldados, armas e munições.
"Estamos fazendo todo o possível para garantir que nossos combatentes tenham capacidades suficientes de organização e tecnologia para salvar o maior número possível de vidas ucranianas", declarou Zelensky na quinta-feira, em referência à situação "em Avdiivka e no leste em geral".
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirby, advertiu que "Avdiivka corre o perigo de cair sob controle russo".
"Infelizmente, estamos recebendo relatórios dos ucranianos de que a situação é crítica; os russos continuam pressionando as posições ucranianas a cada dia", declarou Kirby, ao mesmo tempo que o governo do presidente democrata Joe Biden tenta obter dos republicanos no Congresso um acordo sobre um novo pacote de ajuda.
Nesta sexta-feira, o centro de estudos alemão Kiel Institute afirmou que a União Europeia deverá "ao menos dobrar sua ajuda militar" à Ucrânia para compensar a inação dos Estados Unidos.
"É altamente incerto que os Estados Unidos enviem ajuda militar adicional em 2024", afirmou o instituto, que compila informações sobre a ajuda militar, financeira e humanitária prometida e entregue à Ucrânia desde a invasão russa em 2022.