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Fome atinge 1 bilhão de pessoas por dia, diz relatório

O problema se concentra principalmente em áreas rurais da África Subsaaariana e na região da Ásia Pacífico

Segundo estudo da Cruz Vermelha, um bilhão de pessoas em situação de desnutrição crônica convivem com 1,5 bilhão de pessoas sobrealimentadas (Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 22 de setembro de 2011 às 09h33.

Genebra - O mundo produz comida suficiente para alimentar seus quase 7 bilhões de habitantes, mas a cada dia um bilhão de homens, mulheres e crianças vão dormir com fome, informa a Federação Internacional da Cruz Vermelha (FICV).

A FICV apresentou nesta quinta-feira seu relatório sobre desastres mundiais, que analisa as causas da fome e localiza este problema principalmente em áreas rurais da África Subsaaariana e na região da Ásia Pacífico, embora o número de famintos nas cidades esteja crescendo.

O documento adverte que os países ricos também não escapam à fome e que é improvável que se alcance o primeiro dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio estipulados pela ONU, que seria reduzir pela metade o número de pessoas que passam fome e vivem na extrema pobreza.

A Cruz Vermelha destaca o desequilíbrio que existe no mundo, onde um bilhão de pessoas em situação de desnutrição crônica convivem com 1,5 bilhão de pessoas sobrealimentadas.

As crianças são os principais afetados pela distribuição deficiente dos recursos, com 9 milhões de mortes anuais antes de alcançar os cinco anos de idade.

Atualmente, 178 milhões de crianças na faixa de idade entre zero e cinco anos sofrem problemas de crescimento por uma deficiência na alimentação, um problema que começa no seio materno causando a metade das mortes de crianças menores de dois anos.

O relatório afirma que as causas da fome e desnutrição são complexas e incluem desde a fala de investimento agrícola até a mudança climática, passando pela inconstância nos preços dos combustíveis e a especulação com as matérias-primas.

"Mas uma das causas mais nocivas é a discriminação de gênero. Se estima que 60% das pessoas desnutridas no mundo sejam mulheres, e em alguns países as meninas têm o dobro de probabilidade que os meninos de morrer por causa da desnutrição e de doenças infantis que poderiam ser prevenidas", acrescenta.

A FICV pede aos Governos que desenvolvam planos de ação para enfrentar este grave problema e substituir o esquema de ajuda alimentícia pelo de transferência de capital, que poderia potencializar a criação de empregos e a geração de renda.

De acordo com o documento, a população mais vulnerável deve ter tratamento prioritário, ou seja, os menores de cinco anos e as mulheres grávidas. O relatório reconhece também que aumentar os recursos não é suficiente "devido à corrupção e ao desperdício, algo que é mais recorrente em governos agrícolas".

Os Governos devem investir mais em pesquisa e deixar de considerar que os produtores são somente homens, para evitar o círculo vicioso que condena o dobro de mulheres.

O relatório também critica "a hipocrisia das massivas intervenções estatais por parte da União Europeia, Estados Unidos e Japão para conceder enormes subsídios nacionais para a proteção de seus próprios agricultores".

A FICV reforça a necessidade de conhecer melhor o alcance e o impacto da desnutrição e da fome no mundo, já que há suspeitas de que em alguns países os números requisitados pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) não refletem a realidade.

De acordo com algumas pesquisas, o número de pessoas que sofrem de fome poderia ser até um terço maior que a informação da FAO. Por isso, a FICV pede "uma base de dados aberta sobre a agricultura e a alimentação".

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Genebra - O mundo produz comida suficiente para alimentar seus quase 7 bilhões de habitantes, mas a cada dia um bilhão de homens, mulheres e crianças vão dormir com fome, informa a Federação Internacional da Cruz Vermelha (FICV).

A FICV apresentou nesta quinta-feira seu relatório sobre desastres mundiais, que analisa as causas da fome e localiza este problema principalmente em áreas rurais da África Subsaaariana e na região da Ásia Pacífico, embora o número de famintos nas cidades esteja crescendo.

O documento adverte que os países ricos também não escapam à fome e que é improvável que se alcance o primeiro dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio estipulados pela ONU, que seria reduzir pela metade o número de pessoas que passam fome e vivem na extrema pobreza.

A Cruz Vermelha destaca o desequilíbrio que existe no mundo, onde um bilhão de pessoas em situação de desnutrição crônica convivem com 1,5 bilhão de pessoas sobrealimentadas.

As crianças são os principais afetados pela distribuição deficiente dos recursos, com 9 milhões de mortes anuais antes de alcançar os cinco anos de idade.

Atualmente, 178 milhões de crianças na faixa de idade entre zero e cinco anos sofrem problemas de crescimento por uma deficiência na alimentação, um problema que começa no seio materno causando a metade das mortes de crianças menores de dois anos.

O relatório afirma que as causas da fome e desnutrição são complexas e incluem desde a fala de investimento agrícola até a mudança climática, passando pela inconstância nos preços dos combustíveis e a especulação com as matérias-primas.

"Mas uma das causas mais nocivas é a discriminação de gênero. Se estima que 60% das pessoas desnutridas no mundo sejam mulheres, e em alguns países as meninas têm o dobro de probabilidade que os meninos de morrer por causa da desnutrição e de doenças infantis que poderiam ser prevenidas", acrescenta.

A FICV pede aos Governos que desenvolvam planos de ação para enfrentar este grave problema e substituir o esquema de ajuda alimentícia pelo de transferência de capital, que poderia potencializar a criação de empregos e a geração de renda.

De acordo com o documento, a população mais vulnerável deve ter tratamento prioritário, ou seja, os menores de cinco anos e as mulheres grávidas. O relatório reconhece também que aumentar os recursos não é suficiente "devido à corrupção e ao desperdício, algo que é mais recorrente em governos agrícolas".

Os Governos devem investir mais em pesquisa e deixar de considerar que os produtores são somente homens, para evitar o círculo vicioso que condena o dobro de mulheres.

O relatório também critica "a hipocrisia das massivas intervenções estatais por parte da União Europeia, Estados Unidos e Japão para conceder enormes subsídios nacionais para a proteção de seus próprios agricultores".

A FICV reforça a necessidade de conhecer melhor o alcance e o impacto da desnutrição e da fome no mundo, já que há suspeitas de que em alguns países os números requisitados pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) não refletem a realidade.

De acordo com algumas pesquisas, o número de pessoas que sofrem de fome poderia ser até um terço maior que a informação da FAO. Por isso, a FICV pede "uma base de dados aberta sobre a agricultura e a alimentação".

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