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Flakka, droga que causa alucinações, se espalha pela Flórida

Conhecida como "loucura de 5 dólares", a flakka, uma droga sintética que produz alucinações, se espalha no estado americano

Flakka é vista no Departamento de Investigação, em Fort Lauderdale, Estados Unidos (Diego Urdaneta/AFP)

Flakka é vista no Departamento de Investigação, em Fort Lauderdale, Estados Unidos (Diego Urdaneta/AFP)

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Da Redação

Publicado em 13 de julho de 2015 às 21h53.

Fort Lauderdale - Um homem tentou quebrar a porta da sede da polícia a chutes, outro correu nu pela rua fugindo de cães imaginários, dezenas morreram: a flakka, uma droga sintética barata que produz alucinações, se espalha no estado norte-americano da Flórida.

Conhecida como "loucura a 5 dólares" pelo custo de uma dose, a flakka é um poderoso e viciante estimulante produzido na China, semelhante aos sais de banho, que atingiu particularmente a área turística de Broward County, no sul da Flórida (sudeste dos Estados Unidos).

"Broward é considerado como o ponto focal da flakka ou alpha_PVP", o componente da droga, disse à AFP Heather Clark, da organização United Way, que liderou uma campanha para sensibilizar a população sobre a droga também conhecida como "cascalho" por sua aparência de cristal de areia, ilegal nos Estados Unidos.

Normalmente fumada mas também injetada ou inalada "é realmente uma droga muito perigosa. Não é recreativa, não é algo que você possa consumir sem produzir efeitos colaterais", afirmou Clark.

Substância venenosa

Esta droga, cujo nome vem da palavra espanhola magra, pode ser obtida na Internet por 1.500 dólares o quilo e vem da China em pequenas remessas por correio, que fornecedores locais se encarregram de distribuir, de acordo com um relatório anual de organizações estatais e civis sobre o abuso de drogas em Broward, lançado este mês.

"É uma substância altamente tóxica, que pode ter sido desenvolvida intencionalmente para que seus efeitos durem mais e especificamente para ser mais viciante, porque isso é bom para as vendas", explicou James Hall, epidemiologista da Nova Southeastern University, que estuda há anos o mercado de drogas na Flórida.

Desde setembro, quando a droga apareceu nas ruas de Broward, 34 pessoas morreram. Salas de emergência dos hospitais recebem até 20 casos por dia, de acordo com Hall, que trabalha com as autoridades de Broward para compilar os dados.

Além de gerar problemas cardíacos, agressividade e paranoia, seu consumo pode levar à psicose: "a temperatura corporal sobe para 40 graus, as pessoas rasgam suas roupas, algumas acreditam que o corpo está pegando fogo, vão às ruas convencidas de que estão sendo perseguidas", contou Hall.

Por isso, os casos bizarros em Broward não param de crescer.

Um homem correu nu por seu bairro, alegando que estava sendo perseguido por uma matilha de pastores alemães. Pouco depois, em março, outro tentou arrombar a porta do Departamento de Polícia de Fort Lauderdale para escapar de un agressor imaginário. Dias depois, uma terceira pessoa ficou entalada ao tentar escalar as grades da delegacia.

Em maio, a polícia de Fort Lauderdale matou um homem que, drogado com flakka, fez uma mulher refém com uma faca.

Populações vulneráveis

Mas muitos outros casos, menos dramáticos mas igualmente devastadores, não aparecem no noticiário.

Java Jackson, 26 anos, consumiu flakka em 25 de maio e morreu algumas horas depois no hospital, contou sua tia Rose Waters, durante uma marcha em Fort Lauderdale promovida por organizações locais.

"Esta droga é muito fácil de obter, é muito barata, o que a torna atraente para muitas pessoas, mas é mais mortal do que qualquer outra substância nas ruas", disse Waters, 57.

Por conta do preço baixo, a droga afetou principalmente as populações de baixa renda, como os sem-teto ou em situação vulnerável, explicou o capitão Dana Swisher, da polícia de Fort Lauderdale.

A flakka se beneficiou de estruturas de distribuição de outras drogas similares que já existiam em Broward, lamentou Swisher, o que explica sua prevalência na área.

Enquanto as autoridades tentam reduzir os canais de distribuição, alertam para um ciclo que se repete: quando uma droga começa a ser controlada, outra vem e ocupa seu lugar.

"O ano passado foi a molly, agora é a flakka, não sabemos como se chamará a próxima. Estes são apenas termos da rua e estas drogas podem conter qualquer coisa. Os usuários estão permitindo que sejam usados como cobaias", afirmou AD Wright, chefe do escritório da DEA em Miami, na sequência da prisão na semana passada de três pessoas, distribuindo a nova droga.

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