Financiamento de países pobres pode ser o sucesso da COP21
Os países-membros do G77 querem financiamento para suportar a transição para a energia verde e para se adaptar ao impacto das mudanças climáticas
Da Redação
Publicado em 4 de dezembro de 2015 às 09h52.
Os países em desenvolvimento fizeram um alerta para o risco de fracasso das negociações na 21ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas ( COP21 ), em Paris, se os países ricos não se envolverem no financiamento da luta contra o aquecimento global.
"Queremos novos compromissos em matéria de financiamento", afirmou a embaixadora sul-africana Nozipho Mxakato-Diseko, presidente do grupo G77 + China (que deve o nome ao número inicial de países que o constituíam, tendo-se posteriormente alargado), um grupo de 134 países pobres ou emergentes que inclui aqueles que serão particularmente afetados pelas mudanças climáticas.
Os países-membros do G77 querem financiamento para suportar a transição para a energia verde, para se adaptar ao impacto das mudanças climáticas e para compensar os danos daí resultantes.
Embora alguns dos seus membros, como a China e a Índia, estejam atualmente entre os maiores poluidores do planeta, o grupo tem, historicamente, pouca responsabilidade na emissão de gases de efeito estufa.
Em 2009, os países ricos prometeram aumentar a ajuda para chegar aos US$ 100 bilhões por ano em 2020.
De acordo com relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, esse auxílio foi US$ 62 bilhões em 2014.
A questão do financiamento não é, contudo, a única em aberto, pois delegados de 195 países, que devem resolver o máximo de divergências até amanhã (5), divulgaram ontem (3) um novo projeto de acordo com pouco mais de 50 páginas e alterações tidas como irrelevantes.
"O número de opções em aberto não foi reduzido" e permanece "perto das 250", observou Matthew Orphelin, porta-voz da Fundação Nicolas Hulot, convidando os delegados a acelerar antes de passar os assuntos aos seus ministros, na próxima semana.
Por outro lado, Enele Sosene Sopoaga, o primeiro-ministro de Tuvalu, ilha do Pacífico ameaçada pela subida do nível do mar, lamentou o fato de os discursos dos 150 chefes de Estado e de governo que, na segunda-feira (30), afirmaram a sua determinação em agir, não terem uma "tradução concreta" em decisões e medidas.
"O texto está, em grande parte, inalterado", acrescentou Tasneem Essop, da organização ambientalista internacional WWF, ironizando: "Ainda estão mudando o lugar das cadeiras no convés para ter uma melhor visão do icebergue".
Para a ministra do Meio Ambiente da França, Ségolène Royal, "é normal que haja um ou dois dias para pôr em ritmo a máquina das conversações", sendo este um "momento de maturação necessário", mas "é impensável imaginar um fracasso".
O objetivo da COP21 é alcançar, até 11 de dezembro, um acordo para limitar o aumento do aquecimento global a 2º Celsius, relativos aos níveis da era pré-industrial, levando em conta que já se verificou um aumento de 1 grau na Terra.
No total, 525 mil pessoas morreram devido a cerca de 15 mil fenômenos extremos, particularmente furacões, que causaram perdas estimadas em cerca de US$ 3 trilhões em 20 anos, tendo Honduras, Myanmar e Haiti sido os países mais afetados.
Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, sem a redução das emissões de gases de efeito estufa, em 2080 mais 175 milhões de pessoas podem estar desnutridas.
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