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Fiéis muçulmanos iniciam grande peregrinação na cidade saudita de Meca

Com a guerra entre Israel e o movimento islamista Hamas na Faixa de Gaza, muitos peregrinos afirmam que rezam pelos moradores do território palestino

Peregrinos se dirigem à Meca (Fayez Nureldine/AFP)
AFP

Agência de notícias

Publicado em 14 de junho de 2024 às 08h30.

A grande peregrinação anual dos muçulmanos começa nesta sexta-feira, 14, na cidade saudita de Meca, com a guerra em Gaza no pensamento de muitos dos mais de 1,5 milhão de participantes.

A peregrinação, ou hajj, começa com o rito do "tawaf", que consiste em dar voltas na Kaaba, a estrutura cúbica preta na direção da qual todos os muçulmanos do mundo rezam, localizada no coração da Grande Mesquita.

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Depois, os fiéis seguirão para Mina, um vale cercado por montanhas rochosas a vários quilômetros de Meca, onde passarão a noite em tendas climatizadas.

Com a guerra entre Israel e o movimento islamista Hamas na Faixa de Gaza, muitos peregrinos afirmam que rezam pelos moradores do território palestino, bombardeado e cercado há mais de oito meses.

Imagens de guerra

A guerra começou em 7 de outubro com o ataque sem precedentes do Hamas contra Israel, que matou 1.194 pessoas, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

Em represália, Israel iniciou uma grande ofensiva militar contra Gaza que deixou mais de 37.200 mortos, segundo o Ministério da Saúde do governo de Gaza, liderado pelo Hamas.

Na cidade sagrada do islã, a marroquina Zahra Benizahra, 78 anos, não consegue conter as lágrimas ao falar sobre as "imagens de guerra, os deslocados, as crianças mortas".

"Nossos irmãos estão morrendo, vemos com nossos próprios olhos", declarou a peregrina.

Procedente da Indonésia, país com maior número de muçulmanos no planeta, Belinda Elham também está desolada com o conflito.

"Quando nossos irmãos sofrem, nós sofremos", disse a mulher de 43 anos.

A monarquia saudita anunciou esta semana que assumirá os custos da peregrinação de mil parentes de vítimas da guerra em Gaza, o que eleva para 2 mil o número de palestinos beneficiados pela iniciativa.

Mas também advertiu, em uma mensagem do ministro responsável pelo hajj, Tawfiq al-Rabiah, que não permitirá qualquer manifestação política na peregrinação, dedicada estritamente à oração.

O hajj, que consiste em uma série de ritos durante vários em Meca e suas imediações, é um dos cinco pilares do Islã.

Caso tenham os recursos, todos os muçulmanos devem participar na peregrinação ao menos uma vez na vida.

Algumas pessoas precisam aguardar por vários anos pela oportunidade de fazer a viagem, já que a Arábia Saudita distribui as permissões com um sistema de cotas por país.

Nonaartina Hajipaoli sente-se privilegiada por integrar o grupo de mil peregrinos que viajaram do sultanato de Brunei. "Não tenho palavras, não consigo descrever o que sinto", disse a mulher de 50 anos.

Calor

A organização do hajj é uma fonte de legitimidade para a Arábia Saudita, cujo soberano ostenta o título de "guardião das duas mesquitas sagradas", em Meca e Medina.

Mas também representa um importante desafio logístico para o reino, que no ano passado recebeu mais de 1,8 milhão de peregrinos, 90% deles do exterior.

Após uma série de catástrofes como a ocorrida em 2015, quando 2.300 pessoas morreram em um grande tumulto, as autoridades aperfeiçoaram o sistema de gestão do fluxo de multidão e começaram a ampliar a Grande Mesquita, obra que deverá ser concluída em 2025.

Também adotaram medidas para ajudar os peregrinos a suportar o calor no país desértico, onde os termômetros devem atingir 48ºC nos próximos dias.

Com as temperaturas, os ritos ao ar livre, como o dia de oração de sábado no Monte Arafat, são difíceis de suportar.

Segundo o porta-voz do Ministério da Saúde saudita, Mohammed al-Abdulali, ano passado o governo atendeu mais de 10 mil peregrinos com doenças vinculadas ao calor.

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