São Paulo – No próximo dia 23 de junho, os britânicos definirão o futuro do país ao votarem no referendo que ficou conhecido como “Brexit” e no qual vão decidir se o Reino Unido continua ou se deixa de ser membro da União Europeia (UE).
Em debate no país desde 2015, quando o primeiro-ministro David Cameron prometeu a realização dessa consulta popular para agradar opositores, esse movimento está dividindo o país, da classe política, nacional e internacional, até a população, passando ainda pelas celebridades do mundo das artes e do esporte.
O referendo ganhou novos contornos nessa semana, quando foram divulgadas pesquisas de intenção de voto que mostram que a maioria das pessoas hoje pensam em votar a favor da saída desse bloco que reúne 28 países europeus.
O serviço de pesquisas YouGov, por exemplo, em uma pesquisa realizada entre os dias 1 e 3 de junho, revelou que essa saída é a preferência de 45% dos entrevistados, enquanto o grupo que deseja a continuidade é de 41%.
Outra pesquisa com esse teor, essa realizada pelo What UK Thinks (“O que pensa o Reino Unido”) entre os dias 27 de maio e 5 de junho, mostra um cenário mais acirrado: os partidários da saída estão em 50% contra 49%.
Uma terceira produzida para o jornal britânico The Guardian e conduzida por telefone pela empresa ICM, também segue nesse ritmo: 52% dos entrevistados manifestaram intenção de voto pela saída e 48% deles querem ficar no bloco.
Para se ter noção da divisão no país, foram divulgadas ainda pesquisas que revelam o oposto. A ferramenta do jornal Financial Times é uma delas e mostrava nessa segunda a vantagem do grupo que quer a permanência do Reino Unido na UE: 45% contra 43%.
Sair ou não sair?
Os argumentos contra e a favor da permanência são diversos. O grupo “Vote Leave – Take Control” (“Vote Sair – Tenha o Controle”) reúne partidários pela saída. De acordo com eles, a permanência significa continuar a enviar semanalmente 350 milhões de libras para fora do país. Além disso, consideram que o fluxo migratório ao país está “descontrolado”.
Já para o grupo “Britain Stronger in Europe” (“Reino Unido é mais forte na Europa”), a saída pode ocasionar a perda de 3 milhões de postos de trabalho, vagas essas que estão ligadas ao comércio com países membros da UE, e também do impressionante montante de 66 milhões de libras que o país recebe diariamente desses parceiros.
Do lado de fora da discussão bilateral, entre especialistas há praticamente um consenso de que a saída seria uma péssima ideia. Em uma pesquisa conduzida no fim de maio, o The Guardian revelou que 9 entre cada 10 economistas britânicos acham que a economia do país será duramente impactada pela saída do bloco.
Fora do Reino Unido, outros que se mostram desgostosos com essa ideia são o Fundo Monetário Internacional (FMI), os ministros da Economia dos países industrializados do chamado G7 e o consagrado analista internacional Ian Bremmer, presidente da influente consultoria de riscos políticos Eurasia.
Em entrevista à revista The Economist, Bremmer disse que a saída contribuiria negativamente para a marginalização do Reino Unido da esfera de poder global. Na sua visão, o Reino Unido deveria trabalhar para manter a UE no curso e abraçar o papel de líder no bloco.
A imprevisibilidade do resultado final é evidente. Resta saber se Cameron terá a resiliência de lidar com as consequências de qualquer uma dessas hipóteses.
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1. A voz do povo
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1/18 (Christopher Furlong/Getty Images)
São Paulo – No próximo dia 23, o mundo observará com atenção aos desdobramentos do referendo que ficou conhecido como “Brexit” e que definirá se o
Reino Unido continuará membro da União Europeia (UE), o bloco econômico e político que reúne 28 países europeus. Tudo começou em 2015, com a promessa do primeiro-ministro David Cameron de realizar uma votação popular sobre o assunto. Segundo informações da rede britânica
BBC, essa era uma demanda de seus opositores, que alegavam que o país havia deixado de ter “voz” na
UE desde 1975, quando um referendo similar foi realizado e que definiu pela permanência. Nos últimos meses, essa disputa ganhou contornos importantes e virou uma grande polêmica, com direito a grupos que defendem ideias opostas. O “
Britain Stronger in Europe” (Reino Unido mais forte na Europa), por exemplo, quer a continuidade do país na UE, enquanto o “
Vote Leave – Take Control” (Vote pela Saída - Retome o Controle), propõe a saída. Os argumentos a favor e contra o teor do referendo são diversos. Para quem defende a permanência, a saída do bloco pode significar a perda de um milhão de postos de trabalho e de 66 milhões de libras anuais em investimentos dos países do bloco. Já os que querem a saída do país, esses acreditam que assim terão de volta o controle sobre as decisões internas e poderão gastar e investir de acordo com as suas prioridades. A população, por sua vez, está dividida. De acordo com o jornal britânico
Financial Times, que vem monitorando pesquisas de intenções de voto desde setembro do ano passado, 46% dos votantes querem seguir na UE e 43% preferem sair. A decisão final deve ser tomada pelos indecisos, que representam 12% dos entrevistados. Enquanto a decisão final não vem, acompanhe nas imagens como personalidades britânicas e internacionais, do mundo das artes e da política, vêm se posicionando sobre o assunto.
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2. A favor da permanência do Reino Unido na UE
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3. Stephen Hawking
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3/18 (Dan Kitwood /Staff/Getty Images)
O físico britânico Stephen Hawking é uma das vozes que se posicionaram contra a saída do Reino Unido da União Europeia. Em março, o cientista se manifestou publicamente sobre o caso, dizendo que essa saída seria desastrosa não apenas do ponto de vista econômico e social, mas também científico. De acordo com Hawking, em carta divulgada pelo jornal
The Guardian, “nós (Reino Unido) recrutamos nossos melhores cientistas na europa continental, incluindo jovens que conseguiram bolsas de estudo por meio da UE e que escolheram se mudar para cá”.
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4. Emma Thompson
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4/18 (Carlos Alvarez/Getty Images)
A consagrada atriz Emma Thompson também se posicionou contra a saída do Reino Unido da UE. Segundo ela, em declarações divulgadas pelo jornal
The Telegraph, que disse se sentir mais europeia que britânica, essa estratégia é “loucura” e acredita que o mundo deveria estar retirando as antigas fronteiras, e não colocando novas.
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5. Richard Branson
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5/18 (Gustavo Caballero/Getty Images)
O irreverente empresário também é parte desse grupo contra a saída do Reino Unido do bloco. Na sua visão, o movimento poderia ser negativo para a economia do país e também poderia contribuir para um esfacelamento da UE como um todo. Seu posicionamento foi dado ao canal de televisão Sky News e divulgado pela
Reuters.
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6. Sadiq Khan
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6/18 (WPA Pool/Getty Images)
Recém-eleito prefeito de Londres, o trabalhista Sadiq Khan está ao lado do primeiro-ministro David Cameron nesse assunto. De acordo com uma entrevista recente concedida à revista
Time, Khan classificou a saída do país como possivelmente catastrófica, especialmente para Londres, uma vez que, segundo ele, mais de um milhão de empregos na capital britânica estão ligados ao bloco.
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7. David Cameron
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7/18 (WPA Pool/Getty Images)
O primeiro-ministro britânico também é contra a saída do Reino Unido do bloco e vem se manifestando sobre o assunto publicamente há meses. Nesta semana, em um
debate na televisão, ele argumentou sobre os riscos econômicos dessa manobra e que deixar um mercado de 500 milhões de pessoas seria um “ato de automutilação”.
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8. Barack Obama
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Em artigo publicado no jornal
The Telegraph, o presidente americano Barack Obama disse que “como amigo de vocês, me deixem dizer que o Reino Unido deixa a Europa ainda melhor” e que os britânicos deveriam se alegrar com o fato de que esse relacionamento com o bloco ajudou a espalhar os valores e práticas nacionais. Lembrou também os grandes acordos diplomáticos alcançados nos últimos meses, como o firmado com o Irã, e que teve a fundamental cooperação da UE e do Reino Unido. “Juntos, EUA, UE e Reino Unido transformaram séculos de guerras na Europa em décadas de paz”.
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9. Angela Merkel
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9/18 (Sean Gallup/Getty Images)
A chanceler alemã reservou alertas discretos em suas poucas manifestações sobre a saída do Reino Unido da UE.
Segundo ela, os países que estão fora do bloco tem grandes dificuldades em se engajarem nas negociações e disse esperar que os britânicos escolham por permanecer parte dessa união.
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10. Contra a permanência do Reino Unido na UE
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11. Roger Daltrey
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11/18 (Graham Morris/Stringer)
O vocalista do The Who é uma das vozes que deseja ver o Reino Unido fora da UE. Em declarações publicadas pelo jornal britânico
The Sun, Daltrey disse duras palavras contra os líderes do bloco, chamando-os de inúteis. Além disso, disse que a filiação do país foi “desastrosa” e classificou o bloco como “não democrático e altamente disfuncional”.
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12. Michael Caine
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12/18 (WPA Pool/Getty Images)
O ator Michael Caine primeiro classificou a saída do Reino Unido de “assustadora”, mas assumiu o posicionamento a favor desse movimento. Em uma entrevista à rádio
BBC Radio 4, o artista disse estar cansado de “receber ordens de dezenas de servidores civis sem rosto” e que se não houvesse mudanças significativas na filiação do país, ele deveria se retirar.
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13. Sol Campbell
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13/18 (Getty Images)
O ex-jogador de futebol também é contra a permanência do país no bloco. Em entrevista ao jornal
The Sun, Campbell, que foi capitão da seleção britânica, disse que essa saída poderia forçar o país a apostar na formação de talentos locais, uma vez que, segundo ele, a maioria dos jogadores no país hoje são estrangeiros. “Se tivéssemos um controle maior sobre quem entra e quem sai do Reino Unido, poderíamos atrair os melhores, sem deixar entrar aqueles que não são tão bons assim”.
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14. Joan Collins
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A atriz também crê que o Reino Unido deve deixar a UE. “Colocamos bilhões de libras que poderiam ter sido usadas para construir novas escolas e moradias e criar mais empregos no Reino Unido”,
disse Joan. “A UE, controlada de Bruxelas (Bélgica) penas apenas em si”.
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15. Boris Johnson
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15/18 (Christopher Furlong/Getty Images)
O ex-prefeito de Londres Boris Johnson apoia a saída do país do bloco em um posicionamento que enfureceu o primeiro-ministro David Cameron. De acordo com ele, em informações divulgadas pelo
The Guardian, o país deveria ignorar as manifestações “catastróficas” daqueles que são a favor da permanência e que deveria seguir o modelo do Canadá, atuando sozinho em seus acordos comerciais e mantendo o controle sobre suas fronteiras.
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16. Donald Trump
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16/18 (Elijah Nouvelage/Getty Images)
O pré-candidato à presidência dos Estados Unidos pelo Partido Republicano Donald Trump não deu muitas explicações sobre o seu posicionamento, mas em entrevista concedida ao site de entretenimento
Hollywood Reporter, disse que “sim, eles deveriam sair” e disse que se ele se tornar presidente, os britânicos
não devem temer retaliações de sua parte por terem optado por deixar o bloco.
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17. Marine Le Pen
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17/18 (Sylvain Lefevre/Getty Images)
A deputada e presidente do partido de direita Frente Nacional também é a favor da saída do Reino Unido da UE. Em uma entrevista a um veículo italiano, divulgada pelo site
Politico, Marine disse esperar que essa saída inspire outros países a fazerem o mesmo para escapar “desse pântano”. Na sua visão, os britânicos não devem se impressionar com as migalhas propostas por Cameron, que luta por modificações nos termos da filiação do país no bloco.
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18. Agora veja uma seleção de bons livros sobre temas globais
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