FHC diz em cúpula na Colômbia que confiança é a base da paz
Ex-presidente lembrou que há exatamente 20 anos, em 1º de julho de 1994, foi introduzido o Plano Real, que encerrou um longo período de hiperinflação.
Da Redação
Publicado em 1 de julho de 2014 às 20h10.
Cartagena (Colômbia) - A construção da paz requer confiança entre as partes e do povo, disse nesta terça-feira o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso durante a Cúpula da Terceira Via, que está sendo realizada em Cartagena, ao comparar a situação do Brasil há 20 anos com a da Colômbia atualmente
Fernando Henrique lembrou na cidade colombiana que há exatamente 20 anos, em 1º de julho de 1994, na época como ministro da Fazenda de Itamar Franco, foi introduzido o Plano Real , que encerrou um longo período de hiperinflação.
"O Brasil tentou vários planos e a questão foi ganhar a confiança do povo, mostrar que era possível ganhar a guerra contra a inflação, e ganhamos com transparência, explicando para as pessoas", afirmou Fernando Henrique.
Também participaram do debate o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, o ex-presidente do Chile Ricardo Lagos e o ex-chefe de governo da Espanha Felipe González.
Fernando Henrique ressaltou que no início de 1994 a inflação no Brasil chegou a ser de 1.900% ao ano e que "ninguém achava que fosse possível acabar com ela", mas com o Plano Real "mostramos ao povo que era possível viver de outra maneira".
Segundo o ex-presidente, "muita gente ganhava com ela e os pobres perdiam", mas o trabalho para gerar confiança entre as pessoas ajudou aos brasileiros a acreditarem que era possível derrotar a inflação.
Para Fernando Henrique, a Colômbia deve realizar algo parecido para fazer com que o povo acredite que é possível construir a paz com os guerrilheiros.
"O ponto fundamental é a confiança. O que o senhor está fazendo é ganhar a confiança do povo, dos demais países e dos guerrilheiros", disse para Juan Manuel Santos.
"Na política o difícil é convencer as pessoas de quais são as práticas boas e como mantê-las", pois existe no ser humano "uma profunda desconfiança" com tudo que representa "autoridade, organização, estrutura e governo", acrescentou.
O governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia ( Farc ) negociam há 19 meses em Cuba um acordo para pôr fim ao conflito armado no país, processo que Santos espera complementar com o diálogo de paz com o Exército de Libertação Nacional (ELN).