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Ferguson se mobiliza para funeral de Michael Brown

Entre as personalidades esperadas estão os líderes dos direitos civis Al Sharpton e Jesse Jackson, funcionários da Casa Branca e o diretor de cinema Spike Lee

Caixão com o corpo de Brown em uma igreja de St. Louis (Richard Perry/AFP)

Caixão com o corpo de Brown em uma igreja de St. Louis (Richard Perry/AFP)

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Da Redação

Publicado em 25 de agosto de 2014 às 15h21.

Saint Louis - Milhares de pessoas começavam a chegar nesta segunda-feira para o funeral público de Michael Brown, o jovem negro morto por um policial branco em Ferguson, Missouri, duas semanas após um assassinato que reavivou as tensões raciais latentes nos Estados Unidos.

No momento em que a calma parece ter retornado a este pequeno subúrbio de Saint Louis, após dias de violentos confrontos, estava prevista a realização de uma cerimônia sob forte vigilância às 10h00 locais (12h00 de Brasília) na igreja Batista Friendly Temple Missionary, com capacidade para 5.000 fiéis.

Entre as personalidades esperadas estão os líderes dos direitos civis Al Sharpton e Jesse Jackson, três funcionários da Casa Branca e o diretor de cinema Spike Lee.

"Temos que conversar", disse à AFP Jane Brandon Brown, embaixadora da God International Ministries, uma rede de pastores.

"Devemos falar de temas sociais, devemos falar de tensões raciais e depois devemos falar da maneira de erradicá-las", acrescentou.

"Acredito que a morte de Michael não terá sido em vão e que não será utilizada como propaganda, mas como ferramenta para restabelecer a unidade em um setor muito dividido", declarou.

Enterro particular

O jovem de 18 anos, morto a tiros em plena luz do dia por um policial no dia 9 de agosto, será sepultado na presença de sua família no cemitério St. Peters de Saint Louis.

Brown, que estava prestes a entrar para a faculdade, saiu desarmado de uma loja de bebidas de Ferguson, onde acabara de roubar um maço de cigarros, segundo a polícia, quando foi assassinado pelo oficial Darren Wilson.

As versões da polícia e de várias testemunhas divergem. Para alguns, Brown tentou tirar a arma do policial, que então atirou contra o jovem. Para outros, incluindo um amigo que o acompanhava, a vítima estava com as mãos para o alto.

Segundo a necropsia solicitada pela família e pelo Departamento de Justiça americano, o jovem recebeu pelo menos seis tiros.

"Justiça será feita"

No domingo, 400 pessoas se reuniram para recordar o jovem. Estavam presentes os pais de Brown e o pai de Trayvon Martin, outro jovem negro morto em 2012 por um segurança na Flórida.

"Devemos transformar este momento em um movimento de busca de soluções, em como administramos a agressividade policial ante o que são considerados crimes menores. Isto vai de Ferguson a Staten Island, Nova York", declarou à NBC o pastor negro Al Sharpton na véspera do funeral.

Sharpton fez uma referência ao caso do outro negro, Eric Garner, pai de família, que morreu em 17 de julho depois de ser derrubado no chão e agredido por policiais em Staten Island quando resistiu à prisão. A morte provocou grande comoção em Nova York, onde milhares de pessoas protestaram no sábado, convocadas pela associação presidida por Sharpton.

Duas semanas depois do ocorrido em Nova York, a morte de Brown se transformou em símbolo do ressurgimento das tensões raciais, desencadeando distúrbios sem precedentes nos últimos anos que terminaram com 60 detenções.

Um grande júri do condado de Saint Louis deverá decidir se processará o agente de polícia de 29 anos responsável pela morte, que foi suspenso de suas funções desde o incidente.

O governador do Missouri, Jay Nixon, disse no domingo à CNN que se sente confiante em uma dupla investigação, nacional e local, levada adiante com grande transparência e que justiça será feita.

Durante os violentos confrontos ocorridos nos últimos dias em Ferguson, a polícia utilizou fuzis M-4, granadas e tanques. Neste contexto, Obama ordenou uma investigação sobre a controversa transferência de equipamentos militares às forças policiais.

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