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Fed pede que Congresso ouça agências de rating

Para Bernanke, queda do rating aumentaria juros, incerteza e desemprego

Ben Bernanke, do Fed: é o segundo dia que chefe do BC dos EUA discursa sobre a dívida (Wikimedia Commons/EXAME.com)

Ben Bernanke, do Fed: é o segundo dia que chefe do BC dos EUA discursa sobre a dívida (Wikimedia Commons/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 14 de julho de 2011 às 17h36.

Washington - O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Ben Bernanke, exortou nesta quinta-feira os congressitas americanos a não "atirarem no próprio pé", ignorando as advertências das agências de classificação de risco.

"É extremamente importante manter a confiança do mundo", declarou Bernanke diante do Comitê bancário do Senado em Washington.

Segundo as três principais agências de avaliação financeira, a dívida pública dos Estados Unidos apresenta as melhores garantias possíveis de reembolso, que valem a nota "triple A", mas duas delas ameaçam reduzir essa nota no curto ou médio prazo.

"Na minha opinião, perder essa nota seria como disparar um tiro no pé", declarou o chefe do banco central aos congressistas.

"A qualidade e a reputação dos títulos do Tesouro são vantagens formidáveis para os Estados Unidos e, por isso, nos beneficiamos de taxas de juros baixas", lembrou Bernanke.

No momento em que a recuperação da economia americana continua a um ritmo muito lento e o desemprego mantém-se em um nível elevado, a perda do "triple A" provocaria nos Estados Unidos "uma alta das taxas de juros, incerteza" e "seguramente" um aumento do desemprego, advertiu.

A agência Moody's anunciou nesta quarta-feira que considera baixar a nota de solvência financeira dos Estados Unidos devido à "crescente probabilidade de que o limite legal da dívida não seja elevado a tempo".


Fixado pelo Congresso em 14,294 trilhões de dólares, o limite da dívida foi alcançado em meados de maio. O Tesouro recorre desde então a diversos recursos para manter o Estado em funcionamento sem aumentar o endividamento do país, mas advertiu que estes se esgotarão em 2 de agosto e que se encontrará então rapidamente em default, como consequência de não poder obter novos fundos.

Segundo Bernanke, devem ser adotadas medidas urgentes, e exortou o Congresso "a tomar todas as medidas possíveis para evitar um default da dívida ou simplesmente abster-se e contribuir para a possibilidade de uma moratória".

O chefe do banco central fazia declarações pelo segundo dia consecutivo no Capitólio, na apresentação do informe semestral de política monetária do Fed.

Na quarta-feira, Bernanke tinha advertido que um default por parte dos Estados Unidos provocaria uma crise planetária "maior".

Nesta quinta-feira, as perguntas dos congressistas giraram principalmente em torno das finanças públicas do país, quando as negociações permanecem bloqueadas entre o governo e os democratas de um lado e os republicanos de outro, sobre as concessões que cada parte deverá fazer para alcançar um acordo com o objetivo de elevar o limite da dívida.

Obama e os democratas querem aumentar os impostos aos contribuintes mais ricos, medida inadmissível para seus rivais, partidários de cortar gastos sociais para obter recursos.

Wall Street, por sua vez, começa a se inquietar seriamente: o presidente-executivo do banco JPMorgan Chase, Jamie Dimon, estimou nesta quinta-feira que não elevar o limite da dívida seria uma "catástrofe" e como consequência seria "irresponsável correr o risco".

A China chamou Washington a "tomar medidas" para defender os interesses dos investidores mediante uma "política responsável". Pequim possuía em abril 1,15 trilhões de dólares em títulos do Tesouro, segundo os últimos dados divulgados em junho por Washington.

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