Iván Márquez, chefe de negociação das Farc, em Havana: "Sabemos distinguir entre provocar, incitar, fustigar e instigar e a necessidade imperiosa e o dever de dar uma oportunidade ao povo de reconstruir a nação" (Adalberto Roque/AFP)
Da Redação
Publicado em 20 de abril de 2015 às 14h52.
Havana - As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) manterão a trégua unilateral e indefinida que declararam em dezembro, informou nesta segunda-feira em Havana o chefe da delegação de paz da guerrilha, Ivan Márquez.
"Mantemos então a cessação unilateral de fogo e hostilidades por tempo indefinido enquanto não formos objeto do assédio permanente das tropas. É preciso entender que há ações ofensivas que se desdobram no marco da legítima defesa", disse Márquez em uma declaração para a imprensa no fim do ciclo 35 dos diálogos de paz com o governo colombiano.
O número dois das Farc disse esperar que nos próximos dias se possa dar uma resposta ao enfrentamento ocorrido na quarta-feira passada, no qual morreram 11 militares no departamento do Cauca (sudoeste), "reconstruindo os movimentos do exército desde a véspera".
"Sabemos distinguir entre provocar, incitar, fustigar e instigar e a necessidade imperiosa e o dever de dar uma oportunidade ao povo de reconstruir a nação", acrescentou o chefe guerrilheiro.
"Ivan Márquez" (conhecido também como Luciano Marín Arango) disse que a guerrilha está construindo "seriamento o caminho da paz" e que não vão "colocá-la em perigo", retornando a uma situação anterior à data em que declararam a trégua unilateral.
O líder pediu ainda moderação de "nervos" para garantir o bom desenvolvimento das negociações de paz, que as Farc mantêm com o governo de Juan Manuel Santos desde novembro de 2012 em Havana.
Segundo sua opinião, é preciso "impedir que os interesses partidários de conjuntura como são as eleições de outubro infectem os diálogos".
Os negociadores de paz das Farc também pediram que o presidente e seu governo se preparem para estudar "serena e patrioticamente" a trégua bilateral "sem demora nem temores".
O atual ciclo dos diálogos de paz se fecha em meio a uma forte tensão criada após o ataque perpetrado pelas Farc em uma zona rural do país, no qual morreram 11 soldados e 24 ficaram feridos.