Na terça-feira, milhares de colombianos protestaram nas principais cidades do país pedindo a libertação dos reféns das Farc (Luis Acosta/AFP)
Da Redação
Publicado em 7 de dezembro de 2011 às 07h45.
Bogotá - A guerrilha comunista das Farc informou em seu site nesta terça-feira a intenção de soltar vários reféns, sem precisar sua identidade ou data da operação, após milhares de colombianos protestarem para exigir a libertação.
As Farc prometem "concretizar (...) a libertação unilateral dos prisioneiros de guerra, como já havia antecipado em carta, apesar da queda (morte) de alguns deles em uma insensata tentativa de resgate militar", destaca o comunicado no site http://www.farc-ep.co.
Na terça-feira, milhares de colombianos protestaram nas principais cidades do país pedindo a libertação dos reféns das Farc, 10 dias após a morte de três policiais e um militar em poder da guerrilha.
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, condicionou o início de um acordo de paz com a guerrilha com a libertação unilateral de todos os sequestrados em poder do grupo.
"O que nós queremos é ver uma vontade real de chegar a um acordo de paz, e uma das formas de expressar esta vontade é libertar os sequestrados unilateralmente, sem condições e sem show", declarou Santos.
"Que os libertem e depois podemos sentar para ver se há possibilidades de diálogo, mas falar de acordo humanitário, de troca, não", completou, ao comentar a exigência das Farc de uma troca entre reféns e rebeldes detidos.
Segundo a guerrilheira Sandra Velásquez, capturada na mesma zona onde morreram os três policiais e o militar, o grupo foi executado pelas Farc devido à aproximação das forças colombianas, no dia 26 de novembro passado, na província de Caquetá.
O Instituto Médico Legal colombiano informou que os quatro morreram com disparos a queima-roupa nas costas e que três deles apresentavam lesões na cabeça e no tórax.
Um quinto refém, o sargento Luis Erazo, conseguiu fugir e agora se recupera em Bogotá.
No comunicado de terça-feira, as Farc "deploram profundamente que quatro dos seis prisioneiros de guerra que pretendíamos libertar unilateralmente (...) tenham morrido em uma irracional tentativa de resgate por parte do Exército colombiano, quando seguiam para o local onde seriam soltos".
"Surpreende a atitude do governo colombiano, que não duvidamos, sabia da nossa intenção. As Farc queriam libertá-los vivos, mas o governo de Juan Manuel Santos preferiu devolvê-los mortos a seus entes queridos".
O incidente provocou a morte do coronel Édgar Yesid Duarte, do major Elkin Hernández e do intendente Álvaro Moreno, todos policiais, e do sargento do Exército José Libio Martínez, o mais antigo refém da guerrilha, capturado em 21 de dezembro de 1997.
"Queremos prestar nossa homenagem a um lutador, chamado Alfonso Cano (morto pelo Exército em novembro), que sempre valorizou a vida e, consequentemente, uma solução política para o conflito, a troca de prisioneiros, a paz com justiça social, a soberania e a dignidade dos colombianos", destaca a mensagem das Farc.
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, com 47 anos de luta armada, mantêm como reféns pelo menos 13 policiais e militares, que planejam trocar por alguns de seus 500 guerrilheiros presos na Colômbia e nos Estados Unidos.
Na terça-feira, um tribunal colombiano confirmou a condenação à revelia de 27 anos e três meses de prisão decidida em 2010 contra "Timochenko", principal líder das Farc, e de outros três guerrilheiros pelo sequestro em 2001 de uma ex-congressista.