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Falta de medidas contra poluição causa 7 milhões de mortes

"A OMS detectou um aumento de 8% nos níveis globais de poluição desde 2008. Estes dados demonstram que o que está sendo feito não é suficiente"


	Poluição: o rápido crescimento das zonas urbanas não foi acompanhado por uma política global sobre a qualidade do ar
 (Kim Kyung-Hoon / Reuters)

Poluição: o rápido crescimento das zonas urbanas não foi acompanhado por uma política global sobre a qualidade do ar (Kim Kyung-Hoon / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 24 de maio de 2016 às 11h36.

Nairóbi - A poluição do ar causa a cada ano sete milhões de mortes no mundo todo, e se não forem aplicadas políticas ambientais adequadas, esta "emergência de saúde pública global" pode se agravar, advertiu nesta terça-feira o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

"A Organização Mundial da Saúde detectou um aumento de 8% nos níveis globais de poluição desde 2008. Estes dados demonstram que o que está sendo feito não é suficiente", explicou o chefe da unidade de Transporte do PNUMA, Rob de Jong, no marco da Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEA-2).

O rápido crescimento das zonas urbanas, sobretudo nos países em vias de desenvolvimento, não foi acompanhado por uma política global sobre a qualidade do ar, por isso que 80% das pessoas que vivem em cidades estão expostas a níveis de poluição muito maiores do que os recomendados pela OMS.

"Os governos não atuam com suficiente velocidade para influenciar no mercado e modificar os hábitos de consumo a tempo. Tecnologias muito simples podem levar a grandes mudanças", afirmou o diretor-executivo do PNUMA, Achim Steiner.

Um dos setores mais poluentes, mas que mais margem de atuação tem é o do transporte. Segundo os dados do relatório "Ações na qualidade do ar", apresentado hoje na UNEA, a introdução de padrões em carros e combustíveis permitiria reduzir as emissões do setor em 90%.

No entanto, só um terço dos países adotou a legislação europeia sobre emissões Euro 4, aprovada pela União Europeia em 2005 e considerada uma referência em nível mundial, o que significa que em mais de uma década sua incidência foi menor do que o esperado.

"É evidente que o problema não é a tecnologia, que já está no mercado, mas a legislação e aplicação destas medidas", lamentou De Jong.

De fato, a primeira reunião da UNEA, em 2014, já aprovou uma resolução para melhorar a qualidade do ar e desde então houve alguns avanços tangíveis.

O estudo revela que 97 países conseguiram introduzir combustíveis limpos para cozinhas e estufas em mais de 85% de seus lares, um fator-chave para reduzir as mortes prematuras pela poluição do ar no interior das casas, que só na África tira a vida de 600 mil pessoas a cada ano.

Outro avanço importante, embora insuficiente, é a aprovação de incentivos para promover o uso de energias renováveis em mais de 80 países, o que permitiu que pela primeira vez na história em 2015 que as renováveis fossem responsáveis pela maior parte do investimento para novas usinas de geração de eletricidade.

O problema de muitos países é que veem o investimento em tecnologias limpas como um atraso para seu desenvolvimento econômico, quando na realidade é o oposto: não atuar a tempo ou sem a suficiente contundência tem custos muito elevados.

Segundo o PNUMA, a poluição do ar causada pelo transporte por estrada custa à Europa, uma das regiões mais envolvidas na luta contra a poluição, cerca de US$ 140 bilhões anuais em termos de saúde, perda de vidas e contaminação de cultivos.

O decano da Universidade de Tsinghua, Eis Kebin, destacou que a China foi capaz de reduzir os níveis de poluição do ar em cerca de 15% sem ter que renunciar ao crescimento econômico.

"Os países que estão em um rápido processo de industrialização e de urbanização devem utilizar incentivos econômicos, aprovar padrões legais e impor mais controles" para evitar danos irreparáveis na saúde pública, acrescentou Kebin.

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