Memorial a vítimas de ataque terrorista em Cabul, no Afeganistão 30/05/2017 (Mohammad Ismail/Reuters)
AFP
Publicado em 3 de junho de 2017 às 12h37.
Ao menos sete pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas neste sábado durante o funeral de um afegão que faleceu na sexta-feira durante protestos após o grande atentado de Cabul esta semana, um ataque que aumentou a tensão na capital do Afeganistão.
Testemunhas mencionaram três explosões durante o funeral de Salim Ezadyar, que morreu ao lado de outras três pessoas em confrontos com a polícia durante os protestos de sexta-feira nas ruas.
As imagens exibidas pela televisão mostram um local com corpos espalhados e pessoas com membros amputados.
"No momento temos sete mortos e 119 feridos, que foram levados para hospitais de Cabul", disse à AFP o porta-voz do ministério da Saúde, Waheed Majroh.
O funeral de Salim Ezadyar, filho de um senador afegão, contou com a presença do primeiro-ministro Abdullah Abdullah, que escapou ileso, segundo o governo.
Até o momento o ataque não foi reivindicado. O presidente Ashraf Ghani pediu "unidade" ao país em uma mensagem no Twitter.
O novo atentado ameaça dividir ainda mais uma cidade traumatizada pelo ataque da última quarta-feira, o mais violento desde 2001 na capital, quando a explosão de um carro-bomba no bairro diplomático deixou 90 mortos e centenas de feridos.
O atentado demonstrou a capacidade dos insurgentes de atacar no distrito que, em tese, é o mais seguro Cabul, que abriga o palácio presidencial e várias embaixadas.
Centenas de pessoas saíram às ruas de Cabul na sexta-feira para pedir a renúncia do Ghani. A polícia reprimiu o protesto com gás lacrimogêneo e jatos de água.
Cabul se encontra sob grandes medidas de segurança, com postos de controle e viaturas patrulhando as ruas para evitar novos protestos.
Antes das explosões no funeral, as autoridades fecharam as ruas do centro da cidade pelo risco de ataques.
"Temos informações que apontam que nossos inimigos tentam executar ataques em reuniões e manifestações", disse o comandante Gul Nabi Ahmadzai antes do atentado deste sábado.
"Esperamos que as pessoas se afastem dos protestos", completou.
Mas novas manifestações pacíficas foram organizadas neste sábado perto do palácio presidencial para pedir a renúncia do presidente.
"Qualquer tentativa do governo de interromper nossa justa manifestação demonstrará sua cumplicidade com os grupos terroristas e os autores do atentado de quarta-feira", declarou Asif Ashna, porta-voz dos manifestantes.
"O dever do governo é garantir a segurança dos manifestantes. O governo será considerado responsável por qualquer tipo de violência", completou.
A ONU e vários países aliados do Afeganistão pediram calma aos manifestantes.