Expansão fabril dos EUA não deve impedir estímulos
Apesar do bom resultado da indústria, expectativa é que Fed injete mais dinheiro na economia com a compra de títulos
Da Redação
Publicado em 1 de novembro de 2010 às 14h55.
Nova York - O crescimento surpreendente do setor manufatureiro dos Estados Unidos no mês passado é uma boa notícia para a economia do país, mas os números não devem impedir que o Federal Reserve adote mais estímulos monetários.
O ritmo maior de expansão fabril foi ofuscado por um relatório mostrando que a renda pessoal dos norte-americanos caiu em setembro, enquanto o gasto do consumidor continuou morno.
Os dados são um dos últimos antes de as autoridades do banco central norte-americano se reunirem na terça e na quarta-feira para avaliar a economia e sua nascente recuperação da pior recessão em 80 anos.
Espera-se que o Fed injete mais dinheiro no sistema financeiro por meio da compra de títulos, e essa expectativa foi alimentada pelos dados de consumo, que não mostraram pressões de inflação na economia.
Tudo isso ofuscou a informação de que o índice de atividade manufatureira nacional do Instituto de Gestão do Fornecimento (ISM, na sigla em inglês) subiu para 56,9 em outubro, ante leitura anterior de 54,4, com os componentes emprego, novas encomendas e preços também avançando.
Alan Ruskin, presidente global da equipe de estrategistas de câmbio do G10 do Deutsche Bank, disse que o Fed não será capaz de mudar o caminho de mais afrouxamento monetário por conta de um dado forte do ISM.
Ele afirmou, contudo, que isso dará combustível para a ala "hawkish" do Fed que duvida da necessidade de mais expansão monetária.
Outros números divulgados nesta segunda-feira mostraram que o gasto com construção nos EUA avançou inesperadamente em setembro, puxado pelos investimentos em projetos públicos, que atingiram a máxima em um ano.
Crescimento ainda lento
Apesar dos dados de manufatura, a economia ainda parece menos robusta. O Departamento de Comércio disse nesta sessão que o gasto do consumidor teve acréscimo de 0,2 por cento em setembro, após ganhar 0,5 por cento em agosto. O revés veio da surpreendente queda de 0,1 por cento na renda, o primeiro declínio desde julho de 2009.
Economistas haviam previsto uma alta de 0,2 por cento.
Além disso, a medida preferida do Fed para registrar a inflação ao consumidor --o índice de preços para gastos com consumo pessoal, excluindo alimentos e energia-- ficou estável em setembro pela primeira vez desde abril. Em agosto, o indicador havia subido 0,1 por cento.
"O foco do Fed na inflação e no 'quantitative easing' foi refletido pelo número de inflação de hoje, que continua nas mínimas históricas", disse Joseph Trevisani, analista-chefe de mercados da FX Solutions, em Saddle River, Nova Jersey.