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Exilada na Letônia, a imprensa livre da Rússia desafia o Kremlin

"Quem controla a informação, controla a situação", declarou Tikhon Dzyadko, editor-chefe da televisão independente russa Dozhd

Moscou também estabeleceu penas de prisão por divulgar "notícias falsas" sobre as Forças Armadas russas e a guerra (AFP/AFP Photo)
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AFP

Publicado em 27 de setembro de 2022 às 13h59.

Exilada na Letônia desde a invasão naUcrânia, a imprensa livre da Rússia assumiu a missão de fornecer informação independente a milhões de russos expostos à propaganda do Kremlin.

"Quem controla a informação, controla a situação", declarou Tikhon Dzyadko, editor-chefe da televisão independente russa Dozhd, atualmente baseada em Riga.

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Indicou que a meta do canal é possibilitar que as pessoas tenham acesso à "informação real do que acontece e não à propaganda divulgada pela televisão russa".

"É possível obter informação da Rússia pela internet, pelas redes sociais. A cortina de ferro digital não é forte o bastante", comentou à AFP.

Dozhd, que significa chuva em russo, suspendeu suas operações no início de março, depois que as autoridades bloquearam suas transmissões que continham coberturas críticas do conflito na Ucrânia.

Moscou também estabeleceu penas de prisão por divulgar "notícias falsas" sobre as Forças Armadas russas e a guerra.

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"Ficou impossível trabalhar lá, porque só de chamar a guerra de guerra nós poderíamos pegar até 15 anos de prisão", afirmou Dzyadko.

O governo de Letônia ofereceu uma instalação em Riga e em meados de julho já estavam apresentando seus programas.

Outros jornais encontraram refúgio na capital da Letônia, incluindo a Novaya Gazeta Europe e o escritório da Deutsche Welle em Moscou. Também abriga o site de notícias independente Meduza desde 2014.

Cerca de 300 jornalistas da oposição russa se mudaram para o país báltico desde fevereiro, segundo a jornalista de Dozhd, Valeria Ratnikova.

A Letônia, cuja minoria russa representa 30% da população, também proibiu canais de TV baseados na Rússia por propaganda, belicismo e ameaça à segurança nacional.

Colegas perseguidos

Kirill Martynov, vice-editor-chefe da Novaya Gazeta, um renomado veículo investigativo russo, saiu em março com apenas um laptop e planejava publicar notícias independentes no exterior.

A Novaya Gazeta está proibida na Rússia. "Estávamos firmemente contra a guerra e continuamos contra a guerra, embora seja muito perigoso dizer isso em voz alta na Rússia", disse ele à AFP.

"É por isso que perseguem nossos colegas na Rússia", acrescentou.

Em Riga, Martynov criou o Novaya Gazeta Europe junto com outros exilados russos. Eles imprimiram sua primeira edição em maio, em letão e russo, e jornais de todo o mundo publicaram seus artigos em solidariedade.

Desde então, publicam suas histórias online e as compartilham em redes como YouTube, Telegram e Twitter.

"As autoridades russas ainda têm um pouco de medo de bloquear o YouTube por razões técnicas e sociais", disse Martynov, acrescentando que o YouTube tem "a maior plataforma midiática do país porque (...) as pessoas comuns na Rússia não querem ver a televisão nacional".

Dzyadko considera os jornalistas de televisão que divulgam propaganda estatal como "criminosos de guerra".

"A desinformação é uma das causas desta guerra e explica por que essa guerra continua", afirmou.

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