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Exército sírio tortura e mata crianças, diz ONU

A organização também acusou os militares sírios de usar as crianças como "escudos humanos"

Crianças na Síria: organizações de direitos humanos estimam que cerca de 1.200 crianças morreram nos 15 meses de revolta contra Assad
 (AFP)

Crianças na Síria: organizações de direitos humanos estimam que cerca de 1.200 crianças morreram nos 15 meses de revolta contra Assad (AFP)

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Da Redação

Publicado em 12 de junho de 2012 às 12h10.

Nova York - As tropas do regime do presidente sírio Bashar al-Assad torturaram, mutilaram, estupraram e assassinaram crianças, e também utilizaram algumas de até 8 anos como "escudos humanos" durante ataques militares contra os rebeldes, revelou nesta terça-feira um relatório da ONU.

As Nações Unidas classificaram o governo da Síria como um dos piores em sua "lista da vergonha" anual de países em conflito nos quais as crianças são assassinadas, torturadas ou forçadas a combater.

Organizações de direitos humanos estimam que cerca de 1.200 crianças morreram nos 15 meses de revolta contra Assad, cuja brutal repressão foi condenada pela comunidade internacional.

"Raras vezes vi uma brutalidade semelhante contra crianças como na Síria, onde meninas e meninos são presos, torturados, executados e utilizados como escudos humanos", disse à AFP Radhika Coomaraswamy, representante especial da ONU para crianças em conflitos armados, antes da apresentação do relatório.

As forças governamentais da Síria capturaram dezenas de crianças de oito a treze anos antes de realizar um ataque no povoado Ayn Aruz, na província de Idlib (noroeste), no dia 9 de março, afirma o relatório.

As crianças foram "utilizadas pelos soldados e membros do exército como escudos humanos, colocando-as em frente às janelas dos ônibus que transportavam militares para realizar o ataque ao povoado", disse.

Apoiando-se em testemunhos de pessoas que estiveram no local dos incidentes, o relatório da ONU afirma que o exército sírio, assim como os serviços de inteligência e a milícia Shabiha, partidária de Assad, isolaram o povoado para realizar um ataque que durou quatro dias.


Entre os 11 mortos do primeiro dia, havia crianças de 15 a 17 anos. Outras 34 pessoas, entre elas duas crianças de 14 e 16 anos, foram presas.

"Presume-se que a metade do povoado foi queimado e que quatro dos 34 detidos foram executados e queimados, incluindo as duas crianças de 14 e 16 anos", acrescentou o relatório.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que o relatório revelou uma das muitas "violações graves" de direitos humanos realizadas contra crianças.

O governo sírio e as milícias que lhe são partidárias estiveram entre os novos integrantes da "lista da vergonha da ONU", junto com organizações e partidos políticos de Sudão e Iêmen.

O relatório foi finalizado antes do massacre de Houla (centro), no dia 25 de maio, no qual 49 das 108 vítimas parecem ter sido crianças, algumas de dois e três anos, mortas por tiros na cabeça ou cujos crânios foram brutalmente atingidos.

"A maioria das crianças que foi vítima de tortura disse ter sido espancada, impedida de ver, submetida a situações de estresse, chicoteada com pesados fios elétricos, queimada com cigarros e em um caso foi reportado o uso de choques elétricos na região genital", disse o relatório.

A violência se intensificou na Síria nas últimas semanas, apesar da suposta vigência de um cessar-fogo acordado em abril. Segundo a oposição ao governo de Assad, mais de 14.000 pessoas morreram desde o início da rebelião contra o governo, em março de 2011.

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