Manifestantes sírios protestam contra o regime do residente Bashar al-Assad: segundo a ONU, mais de cinco mil pessoas morreram na Síria desde o início dos conflitos (Khaled Desouki/AFP)
Da Redação
Publicado em 30 de janeiro de 2012 às 11h59.
Cairo - Os enfrentamentos entre as tropas leais ao presidente sírio Bashar al Assad e os rebeldes desertores se aproximaram nas últimas horas ao aeroporto de Damasco, um ponto estratégico da capital que foi blindado pelas forças governamentais.
Os choques estão ocorrendo a cinco quilômetros do aeroporto, onde as forças armadas utilizam metralhadoras, tanques e helicópteros para resistir aos militares dissidentes do Exército Sírio Livre (ELS).
O 'número 2' do ELS, Malik Kurdi, que se encontra na Turquia, explicou à Agência Efe que os rebeldes tiveram que realizar uma retirada tática devido à grande presença de tropas do regime na zona. Os desertores, porém, pretendem reiniciar os ataques.
A informação também foi confirmada por uma ativista síria que pediu para não ser identificada e citou o general desertor Maher al Naimi.
Essa é a primeira vez que se registram enfrentamentos entre o Exército do regime e o ELS nos arredores do aeroporto, onde os dissidentes têm presença em algumas zonas, como Al Hotaita, explicou a ativista. Varias regiões na estrada que leva para o local estão sendo palco de combates, segundo ela.
Kurdi acrescentou que também ocorreram enfrentamentos em Al Guta, próxima à capital; na cidade de Homs e seus arredores; na província de Idleb e em Latakia, junto à costa mediterrânea.
Os opositores Comitês de Coordenação Local (CCL) denunciaram que a região de Saqba, também próxima à capital, está sendo bombardeada.
Apesar de não existir um predomínio claro de nenhum dos dois lados nas proximidades de Damasco, o ELS assegura ter em seu poder os bairros de Bab Amro e Bab al Sabea, em Homs, e de uma praça central na cidade de Idleb, capital da província com o mesmo nome.
Segundo os Comitês, os rebeldes conquistaram também os distritos de Al Rastan, em Homs, onde as forças de segurança e o ELS se enfrentam há três dias.
Enquanto isso, o número de vítimas fatais segue aumentando no país. De acordo com a Comissão Geral da Revolução Síria, nesta segunda-feira 25 pessoas morreram, nove em Damasco, doze na província de Homs, três em Deraa e uma em Idleb. O grupo opositor teria confirmado a identidade de 21 vítimas.
Por outro lado, a agência de notícias oficia síria 'Sana' anunciou que um 'grupo terrorista armado' sabotou um gasoduto na localidade de Tel Kalaj, perto da fronteira com o Líbano.
A agência afirmou que o encanamento transportava gás da província de Homs para Latakia, junto à costa mediterrânea, sem dar mais detalhes.
Além disso, denunciou que outro 'grupo armado' abriu fogo contra um médico, que morreu próximo do campus da Universidade de Homs.
Segundo dados da ONU, mais de cinco mil pessoas morreram na Síria desde o início dos conflitos, em março do ano passado. Os rebeldes, no entanto, dizem que esse número já chega a seis mil. Damasco acusa 'grupos terroristas armados' de estarem por trás dos protestos.
Uma delegação da Liga Árabe, liderada por seu secretário geral, Nabil al Arabi, partiu neste domingo para Nova York para se reunir nesta terça-feira com o Conselho de Segurança. O objetivo é obter apoio para uma resolução de condenação à Síria.
A proposta da organização é que Assad ceda o poder ao vice-presidente do país e que se forme um Governo de coalizão antes da elaboração de uma nova Constituição e a convocação de eleições. As medidas foram rejeitadas categoricamente pelo regime sírio.