Exame Logo

Exército iraquiano intensifica campanha contra jihadistas

Em Genebra, o Conselho de Direitos Humanos da ONU decidiu, por unanimidade, enviar uma missão para investigar as atrocidades cometidas pelos jihadistas

Desalojados no Iraque: pelo menos 1.420 morreram de forma violenta em agosto no país (Youssef Boudlal/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 1 de setembro de 2014 às 18h10.

As tropas iraquianas, os combatentes curdos e os milicianos xiitas, apoiados pela Força Aérea americana, intensificaram nesta segunda-feira a contraofensiva contra o Estado Islâmico (EI), retomando duas cidades no Iraque .

Pelo menos 1.420 pessoas morreram de forma violenta no Iraque em agosto.

Veja também

Em Genebra, o Conselho de Direitos Humanos da ONU decidiu, por unanimidade, enviar uma missão para investigar as atrocidades cometidas pelos jihadistas.

"Os relatórios que temos recebido indicam atos em uma escala de desumanidade inimaginável", declarou a alta comissária adjunta das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Flavia Pansieri, citando assassinatos seletivos, conversões forçadas, sequestros, escravidão, tortura e perseguição sistemática por motivos religiosos e étnicos.

Também acusados de "limpeza étnica e religiosa", os extremistas sunitas do EI proclamaram, no final de junho, um califado sobre as regiões que o movimento controla entre a Síria e o Iraque.

Após romper no domingo o cerco imposto por 11 semanas pelos jihadistas à cidade turcomana xiita de Amerli, no norte do país, os combatentes curdos e as milícias xiitas tiveram duas vitórias nesta segunda-feira, retomando a cidade de Suleimane Bek, 175 km ao norte de Bagdá, e do povoado de Yankaja.

"Em poucas horas, conseguimos garantir a segurança completa" de Suleimane Bek, que estava nas mãos dos insurgentes há 11 semanas, declarou à AFP o comandante da milícia xiita Badr, Hadi al-Ameri.

Os combatentes comemoraram a conquista, atirando para o alto e gritando palavras hostis ao EI.

Esse foi o maior êxito do governo iraquiano desde que os insurgentes liderados pelo EI lançaram uma ofensiva em junho, tomando amplas faixas do território ao norte e a oeste de Bagdá.

Além disso, foi a primeira vez que os Estados Unidos lançaram ataques aéreos contra alvos fora do norte curdo do Iraque.

Os moradores de Amerli, em sua maioria turcomanos xiitas, corriam risco tanto por sua fé, considerada uma heresia pelos jihadistas sunitas, quanto por sua resistência aos milicianos, que já aplicaram duras punições em outros lugares.

Em visita a Amerli, o primeiro-ministro iraquiano em final de mandato, Nuri al-Maliki, declarou a uma emissora local que o país será o túmulo para os jihadistas.

Mais de 1.400 mortos em agosto

Ainda nesta segunda-feira, os Estados Unidos disseram ter realizado novos bombardeios aéreos para apoiar as tropas iraquianas e curdas perto da estratégica represa de Mossul, no norte do Iraque.

Em nota, o Comando Central (CentCom) informou que caças americanos continuam com os ataques aéreos iniciados no domingo contra posições do EI.

"Os bombardeios destruíram três caminhões do Estado Islâmico e provocaram danos consideráveis a outros, destruindo um veículo blindado e também uma posição de lançamento de morteiros, perto da represa de Mossul", ressalta o comunicado.

Além dos Estados Unidos, França, Reino Unido e Austrália também enviaram ajuda humanitária a Amerli.

A Alemanha se somou à resposta internacional para armar os curdos iraquianos que combatem os jihadistas.

Nesta segunda, a chanceler Angela Merkel defendeu no Bundestag (Parlamento alemão) a decisão de enviar lança-foguetes antitanques, rifles e granadas, devido à ameaça que os jihadistas do EI representam para a Europa e para a Alemanha.

Merkel se referiu aos cerca de 400 alemães que se uniram às fileiras do EI na Síria e no Iraque, afirmando que deve-se "temer que esses combatentes voltem um dia".

Para a chefe do governo alemão, a ajuda militar a um grupo em um conflito - algo a que a Alemanha geralmente se opõe - deve ser estudada caso a caso.

"Às vezes, são necessários meios militares para poder alcançar uma solução política", afirmou, ressaltando que esse não é o caso do Iraque.

Nesta segunda, a ONU anunciou em Bagdá que pelo menos 1.420 pessoas morreram, e outras 1.370 ficaram feridas de forma violenta no Iraque, em agosto. Os dados não incluem a província de Al-Anbar (oeste).

Também é difícil verificá-los nas zonas de combate e naquelas que fogem ao controle do governo.

O EI e seus aliados controlam amplas zonas do nordeste da Síria e do norte e oeste do Iraque.

De acordo com o governo americano, para derrotar esse grupo sunita ultrarradical será necessário realizar operações na Síria.

Washington rejeita qualquer cooperação com o presidente sírio, Bashar al-Assad, embora tenha tentado somar o apoio do Irã, importante aliado de Damasco.

Acompanhe tudo sobre:Estado IslâmicoIraqueIslamismoMortesSunitasViolência política

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mundo

Mais na Exame