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Ex-procuradora alertou Casa Branca sobre risco de chantagem russa

Segundo Sally Yates, um assessor da Casa Branca foi informado de que o ex-assessor de Segurança Nacional tinha mentido sobre suas conversas

Sally Yates: Flynn pediu demissão em fevereiro por ter mentido sobre suas conversas com o embaixador russo (Aaron P. Bernstein/Reuters)
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EFE

Publicado em 8 de maio de 2017 às 18h21.

Washington - Sally Yates, que foi procuradora-geral dos Estados Unidos de forma interina durante dez dias, assegurou nesta quinta-feira que avisou à Casa Branca que o ex-assessor de Segurança Nacional, Michael Flynn, tinha mentido sobre suas conversas com a Rússia e estava exposto a uma "chantagem" por parte do Kremlin .

Em um subcomitê do Senado, Yates explicou hoje pela primeira vez de maneira pública que alertou um assessor da Casa Branca de que Flynn tinha mentido ao dizer ao vice-presidente, Mike Pence, que suas conversas com o embaixador russo não incluíam o tema das sanções impostas pelo ex-presidente Barack Obama.

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"Isto (as mentiras) era um problema, não só porque os russos sabiam disto e tinham informação sobre isso, mas porque pensávamos que podia ser utilizado pelos russos para fazer chantagem", disse Yates, que supostamente teve acesso a uma transcrição das conversas de Flynn.

A ex-procuradora-geral acrescentou que teve dois encontros e uma conversa por telefone com o assessor jurídico da Casa Branca, Donald McGahn, para alertá-lo das reuniões de Flynn.

Naquela que foi a primeira crise política do novo governo, Flynn pediu demissão em fevereiro por ter mentido a Pence e outros oficiais do governo sobre as conversas que teve no dia 29 de dezembro, antes que Donald Trump tomasse posse, com o embaixador russo, Sergey Kislyak.

Flynn disse que tinha falado com o embaixador russo sobre suas férias, mas na realidade falou com ele sobre as sanções que Obama impôs a funcionários da inteligência russa pela suposta ingerência do Kremlin nas eleições presidenciais para favorecer o triunfo de Trump.

Em suas conversas com a Casa Branca, Yates alertou que havia diferenças entre o conteúdo das conversas e a forma como o governo o estava descrevendo, pois Pence, em uma entrevista à emissora "CBS" no dia 15 de janeiro, assegurou que as sanções de Obama não tinham sido parte da reunião entre Flynn e o embaixador russo.

"Pensávamos que o vice-presidente tinha o direito de saber que a informação que estava dando ao povo americano não era verdade", argumentou Yates.

Mas diante de tudo, segundo disse, Yates tomou a decisão de informar à Casa Branca porque os russos podiam usar material "comprometedor" de maneira aberta ou de maneira sutil para "ter influência" em um membro tão importante do Executivo como o assessor de Segurança Nacional.

Trump acabou pedindo a Flynn sua demissão em 13 de fevereiro, mas supostamente duas semanas antes, em 26 de janeiro, Yates já tinha avisado ao governo dos contatos com a Rússia de um dos assessores mais próximos ao presidente.

A democrata Dianne Feinstein perguntou a Yates sobre a natureza de suas conversas com a Casa Branca para tentar determinar se o governo de Trump pôs os americanos em perigo ao demorar mais de duas semanas em pedir a renúncia de Flynn, embora já tivesse informação sobre seus contatos com a Rússia.

"Sabíamos que não era uma boa situação e por isso queríamos que o governo soubesse", respondeu Yates, que disse que proporcionou informação à Casa Branca para que "tomassem medidas".

A Rússia negou qualquer interferência nas eleições e Trump rejeitou as acusações sobre uma suposta coordenação entre sua equipe e o Kremlin para influenciar nos pleitos.

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