Paris - O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy, de 59 anos, foi acusado por corrupção ativa, tráfico de influência e violação do sigilo profissional - anunciou nesta terça-feira a procuradoria nacional financeira.
Pouco antes das 2h de quarta-feira (21h de terça em Brasília), Sarkozy deixou o prédio da procuradoria financeira, aonde havia chegado duas horas antes para comparecer perante os juízes.
A decisão foi tomada ao final de uma detenção para interrogatório de aproximadamente 15 horas, acontecimento inédito para um ex-chefe de Estado francês.
Sarkozy já havia sido denunciado pelo caso Bettencourt, mas a Justiça não acatou a denúncia.
Mais cedo nesta terça-feira, o advogado de Sarkozy, Thierry Herzog, e o procurador da Corte de Cassação, Gilbert Azibert, já haviam sido denunciados no âmbito da mesma investigação.
"Ao final do interrogatório, Nicolas Sarkozy, Gilbert Azibert e Thierry Herzog foram apresentados aos dois magistrados encarregados da investigação iniciada em 26 de fevereiro de 2014 sobre tráfico de influência e violação do sigilo profissional", informou a procuradoria em comunicado enviado à AFP.
"Seguindo os requerimentos da Justiça, Sarkozy, Azibert e Herzog foram acusados por violação do sigilo profissional, corrupção ativa e tráfico de influência", informa o comunicado.
"De acordo com a petição da procuradoria, Nicolas Sarkozy foi acusado de acobertamento da violação de sigilo profissional, corrupção ativa e tráfico de influência ativo", completa a nota da procuradoria financeira.
Herzog, um prestigioso advogado parisiense, foi acusado de violação do sigilo profissional, acobertamento desse delito, corrupção ativa e tráfico de influências, disse à AFP uma fonte judicial.
Já Azibert foi acusado de acobertamento de violação do sigilo profissional, tráfico de influência passiva e corrupção passiva.
Os três ficaram sob controle judicial. Herzog pode manter a relação com seu cliente.
"Esses fatos se baseiam unicamente em escutas que impugnamos e cuja legalidade será questionada firmemente", declarou o advogado de Herzog, Paul-Albert Iweins.
A Justiça decidirá se Sarkozy, via Thierry Herzog, foi informado ilicitamente de que havia uma autorização judicial de escuta de seus telefonemas e, em troca, prometeu a Azibert ajudá-lo a conseguir um cargo de prestígio em Mônaco.
A decisão de grampear os telefones de Sarkozy havia sido tomada em setembro do ano passado pelo juiz que investiga as acusações de financiamento ilegal de sua campanha eleitoral em 2007.
Um retorno político complicado
Em 2012, Sarkozy foi derrotado nas urnas pelo socialista François Hollande. O processo em andamento pode complicar, seriamente, qualquer tentativa de se candidatar às eleições em 2017.
Rumores de que o ex-presidente pretende voltar à vida política são cada vez maiores. O objetivo de Sarkozy seria assumir a liderança de seu partido, a União por um Movimento Popular (UMP, oposição de direita). O partido conservador se encontra mergulhado em uma crise sem precedentes, devido a um escândalo de notas frias, e enfraquecido diante do avanço da extrema direita nas últimas eleições europeias.
O assunto veio à tona no segundo trimestre de 2013, quando várias pessoas ligadas a Sarkozy tiveram seus telefones grampeados como parte da investigação sobre os fundos líbios: os ex-ministros Claude Guéant e Brice Hortefeux, assim como Michel Gaudin, ex-chefe da Polícia Nacional e ex-prefeito da Polícia de Paris.
Gaudin, que após a derrota eleitoral de Sarkozy em 2012 foi nomeado diretor de gabinete, teve várias conversas por telefone que interessam à polícia. Aparentemente, ele buscou em vão obter informações do então chefe dos serviços de Inteligência Interna, Patrick Calvar, sobre o avanço da investigação líbia.
Os juízes tomaram a decisão, sem precedentes na França, de colocar o ex-presidente sob escuta, principalmente o telefone que utilizava com o pseudônimo de "Paul Bismuth" para falar com Herzog. As conversas levantam suspeitas de que ambos teriam tentado de obter informações de Gilbert Azibert.
Além dos casos de financiamento ilícito e tráfico de influência, a Justiça francesa realiza outras investigações que podem representar mais obstáculos no caminho do retorno de Sarkozy à política. Seu nome é citado em seis casos.
Na semana passada, a Procuradoria de Paris encarregou juízes financeiros de uma investigação por falsificação, abuso de confiança e tentativa de fraude: dessa vez, pelo financiamento da campanha de Sarkozy para a eleição presidencial de 2012.
Há suspeitas de que os atos de campanha de Sarkozy tenham sido financiados, em grande parte, pela UMP com o objetivo de esconder que o candidato superava o limite máximo de gastos autorizado legalmente.
A polícia investiga também a frequência de contratos assinados entre o palácio presidencial e nove institutos de pesquisa durante a presidência de Sarkozy.
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1. Rob Ford
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1/11 (Reuters)
Quem é: prefeito de Toronto,
Canadá O que aconteceu: Em outubro de 2013, a polícia canadense anunciou que possuía um vídeo onde Ford aparecia fumando crack. Depois de muita confusão, ele admitiu ter fumado a droga. “Sim, eu fumei crack. Mas não, não sou viciado. Quando eu a provei? Provavelmente em um dos meus momentos de bebedeira”, contou. Em diversas sessões que debateram o caso, Ford apareceu rindo e fazendo graça - até mesmo derrubou uma congressista no chão. Mesmo com a confissão, o prefeito não pôde ser cassado e permaneceu no poder. Mas seus recursos foram cortados em 60%.
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2. Anthony Weiner
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2/11 (Getty Images / Allison Shelley)
Quem é: ex-congressista americano por
Nova York durante 12 anos
O que aconteceu: Em 2011, ele enviou fotos de conteúdo sexual via Twitter para uma mulher de 21 anos. As fotos vazaram e foi um escândalo. Ele teve de renunciar ao seu cargo. Em 2013, depois um tempo sumido, ele disse que voltaria para a política e concorreria à prefeitura de Nova York. A volta por cima durou pouco. Meses depois, durante as prévias do Partido Democrata, mais fotos e textos sexuais dele vazaram. Ele acabou desistindo da eleição.
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3. Silvio Berlusconi
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3/11 (Alessandro Bianchi/Reuters)
Quem é: ex-primeiro-ministro da
Itália O que aconteceu: Berlusconi se viu longe do centro da política italiana depois de mais de duas décadas. Em agosto, foi condenado por fraude fiscal. Em novembro, o Senado decidiu expulsá-lo por causa de seus crimes e o tornou inelegível. Sem imunidade, poderá ser condenado novamente se surgirem novos casos envolvendo prostituição de menores.
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4. Governo do Egito
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4/11 (AFP/Hosan Fadl)
O que aconteceu: Em dezembro, o governo do
Egito - que lida com protestos cada vez mais violentos - apresentou um projeto para a nova Constituição do país.
Para a ocasião, foi criado um banner mostrando cinco egípcios - num tom "eclético" - já que a nova carta é chamada de "A Constituição de Todos os Egípcios". Acontece que o cartaz foi um completo desastre. Para começar, três dos cinco egípcios são, na verdade, estrangeiros: recortados e colados de banco de imagens internacionais - esses sites que fornecem fotos genéricas para sites e peças gráficas do mundo inteiro. O doutor do cartaz aparece em um
site inglês vendendo pasta de dente. A única mulher da montagem é de um
site irlandês de negócios. Já o homem com síndrome de down é de um
site do Arizona, nos Estados Unidos. A cereja do bolo: a palavra "egípcios", em árabe, está escrita errada no pôster.
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5. Governo do Iraque
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5/11 (Ako Rasheed/Reuters)
O que aconteceu: O Iraque viu o seu ano mais violento desde 2008, desanimando aqueles que achavam que as coisas estavam caminhando para uma melhora. Após anos turbulentos (em 2005, 2006 e 2007, as mortes chegavam a mais de 3 mil por mês), a violência diminuiu drasticamente nos anos seguintes e o país parecia mais calmo. Em 2013, entretanto, as mortes dispararam, chegando a 9 mil.
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6. Jang Song-thaek
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6/11 (KCNA/Reuters/BBC)
Quem era: tio do líder da
Coreia do Norte, Kim Jong-Un, e considerado o segundo homem mais importante do governo.
O que aconteceu: Tudo parecia bem para Jang, que ajudara o jovem Kim na transição do poder, depois que seu pai morrera. Mas as coisas mudaram rapidamente. Kim acusou Jang de corrupção e traição, entre outros crimes. Sua prisão repentina foi feita na frente de todo o partido e noticiada em todo o país. Dias depois, foi executado. Novamente, Kim não fez questão de esconder seu julgamento, em uma manobra para intiminar possíveis adversários e deixar sua marca.
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7. Bashar al Assad
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7/11 (Salah Malkawi/Getty Images)
Quem é: presidente da
Síria.
O que aconteceu: Em 2013, a guerra civil síria atingiu um ponto crítico. Cidades completamente arruinadas, milhões de refugiados e milhares de mortos. Mesmo com o caos, Assad se recusou a deixar o poder. A princípio, parece uma vitória, mas 2013 trouxe uma série fatos que poderão cobrar a conta no ano que vem. A começar pelo ataque com armas químicas que matou centenas - entre elas, muitas crianças. Assad garantiu que não foi o responsável, mas investigadores internacionais acharam indícios de que eram armas do governo. O Nobel da Paz dado à Organização para a Proibição de Armas Químicas também foi um indício de que a comunidade internacional está atenta ao que acontece na Síria e poderá considerar o ano que vem como limite para que a situação melhore.
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8. Governo da África do Sul
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8/11 (Getty Images)
O que aconteceu: O governo sul-africano teve de organizar um funeral de dez dias para o líder
Nelson Mandela, morto em 5 de dezembro. Sucessos à parte, um grave erro chamou a atenção do mundo e acabou virando o episódio mais lembrado da cerimônia. Thamsanga Jantjie foi colocado para traduzir para a língua de sinais os discursos de diversos líderes mundiais, como Barack Obama. Acontece que Jantjie estava inventando tudo. Não havia um sinal feito corretamente ali. O falso tradutor disse depois que sofria de esquizofrenia e, na hora, ficou tão nervoso que se atrapalhou. Dias depois, o pior: foi revelado que ele já fora acusado de assassinato e sequestro. Acabou internado em um hospital psiquiátrico.
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9. Barack Obama
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9/11 (Jonathan Ernst/Reuters)
Quem é: presidente dos
Estados Unidos.
O que aconteceu: Muitos estão chamando 2013 de "o pior ano de Obama", contando seu primeiro mandato e o começo do segundo. Em 2013, ele teve de enfrentar o shutdown do governo americano, que "paralisou" o país enquanto o Congresso não entrava em um acordo. O impasse tinha a ver com o Obamacare, outro foco de polêmica. O site do novo programa que reforma o seguro de saúde americano entrou no ar em outubro, mas cheio de falhas. As pessoas não conseguiam acessar o site para se cadastrar ou o cadastro falhava na metade do processo. Uma grande vergonha para o governo, que batalhara desde 2010 pelo serviço.
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10. Cristina Kirchner
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10/11 (REUTERS/Pablo Molina-DyN)
Quem é: presidente da
Argentina.
O que aconteceu: Cristina teve de enfrentar uma doença que a deixou afastada por mais de um mês. Um coágulo no cerébro até a ajudou a ganhar um pouco mais de popularidade entre os argentinos, mas isso não se refletiu nas urnas. Nas eleições de outubro que renovaram Câmara e Senado, o governo perdeu em pontos estratégicos, o que dificultará a vida nas eleições presidenciais de 2015. Sérgio Massa, líder da oposição, saiu fortalecido. Para terminar 2013, ela anunciou que não iria se candidatar a nada em 2015, fato inédito em décadas.
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11. Agora veja as eleições mais importantes do ano que vem
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11/11 (EVARISTO SA/AFP/Getty Images)