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Ex-presidente da Interpol se declara culpado de corrupção na China

Meng Hongwei é o enésimo dirigente comunista afetado pela campanha anticorrupção lançada pelo presidente Xi Jinping em 2013

Chefe da Interpol da China, Hongwei Meng, está desaparecido (Jeff Pachoud/Reuters)

Chefe da Interpol da China, Hongwei Meng, está desaparecido (Jeff Pachoud/Reuters)

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AFP

Publicado em 20 de junho de 2019 às 09h45.

O ex-presidente chinês da Interpol Meng Hongwei, 65, declarou-se nesta culpado nesta quinta-feira (19), de corrupção, durante seu julgamento, em Tianjin, norte da China.

Meng, ex-vice-ministro da Segurança Pública, mostrou arrependimento por ter aceito 2,1 milhões de dólares em subornos, informou o tribunal de Tianjin em redes sociais. "O veredito será anunciado em data posterior", assinalou a fonte.

O julgamento durou meio dia. A TV pública CCTV mostrou Meng no tribunal, rodeado por dois policiais, com cara de cansaço e os cabelos mais grisalhos.

Arrependimento

"De 2005 a 2017, o acusado se aproveitou de suas funções e de seu poder para ajudar empresas estrangeiras em seus negócios e indivíduos a obter promoções hierárquicas" em troca de remuneração, destacou o tribunal. "Ele fez uma declaração final em que admitiu sua culpa e se mostrou arrependido."

Meng Hongwei desapareceu da Interpol em setembro de 2018, depois de uma viagem a China, onde foi detido. Em março passado, foi expulso do Partido Comunista Chinês (PCC).

Após uma dezena de dias, Pequim anunciou que ele havia retornado à China, onde era suspeito de corrupção, e que, desde então, permanecia detido.

O ex-dirigente, vice-ministro da Segurança Pública e diretor do Escritório da Polícia Marítima da China, também foi afastado de todas as suas funções oficiais.

Mulher na França

Meng Hongwei é o enésimo dirigente comunista afetado pela campanha anticorrupção lançada pelo presidente Xi Jinping em 2013, pouco depois de sua chegada ao poder. Segundo dados oficiais, 5 milhões de diretores do PCC foram punidos.

Esta operação "mãos limpas" é popular entre a opinião pública, incomodada com a corrupção de funcionários, mas alguns suspeitam de que a mesma também sirva para tirar do caminho opositores de Xi dentro do partido.

A mulher de Meng, Grace, e seus dois filhos obtiveram asilo político na França em maio. A mulher, que alegou temer por sua segurança, denunciou uma tentativa de sequestro.

O governo chinês criticou a concessão de asilo político a Grace, considerando que se tratou de "um abuso total do procedimento francês".

A escolha de Meng para comandar a Interpol, no fim de 2016, foi considerada uma vitória pela China, apesar da preocupação causada entre os defensores dos direitos humanos.

Meng foi substituído em novembro de 2018 pelo sul-coreano Kim Jong-yang.

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