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Ex-miss pega em armas e se junta à resistência em Mianmar

"Seja com uma arma, uma caneta ou dando dinheiro ao movimento pró-democracia, cada um deve fazer sua parte para que a revolução tenha sucesso", afirmou a ex-miss

Htar Htet Htet: em 2013, ela representou seu país na primeira edição do Miss Grand International, concurso realizado todos os anos na Tailândia (AFP/AFP)
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AFP

Publicado em 12 de maio de 2021 às 12h36.

Uma ex-rainha da beleza de Mianmar trocou os sapatos de salto alto por botas e um fuzil e se juntou à resistência. Em sua página no Facebook, a modelo Htar Htet Htet escreveu estar "pronta para dar sua vida" na luta contra a junta militar birmanesa, que tomou o país em um golpe militar em fevereiro.

Htar Htet Htet, que tem 31 anos, vive há 42 dias na selva, em território controlado por uma das muitas guerrilhas étnicas do país, e tem aprendido a usar armas.

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Em uma foto divulgada na terça-feira nas redes sociais, ela aparece vestindo uma calça preta e com um fuzil de assalto tipo AK-47.

"Seja com uma arma, uma caneta (...) ou dando dinheiro ao movimento pró-democracia, cada um deve fazer sua parte para que a revolução tenha sucesso", afirmou.

Mais de 780 civis - de acordo com uma ONG - foram mortos pelas forças de segurança desde o golpe de Estado militar de 1º de fevereiro, que derrubou o governo eleito de Aung San Suu Kyi.

Apesar da violência, as manifestações continuam, e os grevistas paralisam setores inteiros da economia. Os combates entre o Exército e vários grupos étnicos também se intensificaram.

Milhares de opositores à junta militar, que fugiram das cidades, juntaram-se a essas guerrilhas estabelecidas nas regiões fronteiriças do norte e do leste.

"Vou me defender o máximo que puder. Estou disposta a desistir de tudo (...) e pagar com minha vida", diz Htar Htet Htet, que, por razões de segurança, não revela com qual facção está lutando. "Não vamos voltar para casa antes de vencer", frisa.

Nada predestinou essa ex-rainha da beleza, que virou professora de ginástica, à guerrilha. A jovem foi, por muito tempo, protagonista de concursos de beleza. Em 2013, ela representou seu país na primeira edição do Miss Grand International, concurso realizado todos os anos na Tailândia.

Quando ocorreu o golpe de 1º de fevereiro, que encerrou brutalmente um período democrático de dez anos no país, Htar Htet Htet já havia passado a denunciar a situação em suas redes sociais.

Dia após dia, as fotos de miss em trajes de banho foram sendo substituídas por um relato meticuloso dos acontecimentos: manifestações em massa contra os militares, greves, abusos militares, assassinatos de civis...

Htar Htet Htet se tornou ativa na campanha de desobediência civil no Facebook. "Não faço política. Meu objetivo é acabar com essa ditadura", escreveu.

No início de março, a jovem expressou sua preocupação por ter sido detida em uma das muitas operações realizadas pelas forças de segurança.

Algumas semanas depois, Htar Htet Htet acabou ingressando na guerrilha. Nas redes sociais, abundam mensagens encorajadoras: "Respeito, querida irmã", "Que a força esteja contigo nas florestas e nas montanhas".

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