Trump: a Casa Branca descreveu a ação como "procedimento padrão" (Yuri Gripas/Reuters)
EFE
Publicado em 2 de maio de 2018 às 06h42.
Última atualização em 2 de maio de 2018 às 07h42.
Washington - Harold Bornstein, que foi médico do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, antes que chegasse ao poder, denunciou nesta terça-feira que pessoas próximas ao governante "saquearam" seu escritório no ano passado para confiscar relatórios médicos, algo que a Casa Branca descreveu como "procedimento padrão".
Em entrevista à emissora de televisão "NBC News", Bornstein denunciou que, em fevereiro de 2017, o então funcionário da Casa Branca, Keith Schiller, que durante muito tempo foi guarda-costas de Trump, se apresentou no seu escritório junto com outros dois homens e levou todos os relatórios médicos do presidente.
"Devem ter ficado aqui 25 ou 30 minutos. Criaram muito caos", relatou Bornstein, que afirmou ter se sentido "violado, assustado e triste" durante o que descreveu como um "saque" do seu escritório.
Bornstein foi o médico pessoal de Trump durante mais de três décadas e ficou famoso durante a campanha eleitoral de 2016 ao assegurar que, se seu paciente ganhasse as eleições, seria "o indivíduo mais são jamais eleito para a presidência".
O médico assegurou que Schiller, acompanhado de um advogado da Trump Organization chamado Alan Garten e de um terceiro homem não identificado, lhe pediu para tirar da parede uma fotografia emoldurada na qual ele aparecia junto ao presidente, e que Bornstein tem agora sob uma montanha de papéis em uma das estantes.
Perguntada a respeito durante uma entrevista coletiva, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, tirou importância do incidente e negou que tenha sido um "saque".
"Como parte do procedimento padrão sob um novo presidente, a Unidade Médica da Casa Branca tomou posse dos relatórios médicos do presidente", alegou Sanders.
No entanto, Bornstein apresentou o incidente como uma vingança da Casa Branca, porque aconteceu dois dias depois que ele assegurou em entrevista que tinha receitado a Trump durante anos um remédio para estimular o crescimento do cabelo.
Segundo Bornstein, ele estava tentando convencer a Casa Branca de que deveria ser o médico de Trump também como presidente, mas depois de conceder essa entrevista, recebeu uma ligação de uma assistente do governante, Rhona Graff, que lhe disse que se "esquecesse" de ocupar esse cargo.
Bornstein afirmou que decidiu revelar agora esse episódio por conta dos rumores de que Ronny Jackson, que foi o médico da Casa Branca durante os três últimos presidentes, deixou de ocupar esse cargo depois de ser acusado de beber no trabalho e receitar remédios sem controle.
"Isto é como uma celebração para mim", declarou Bornstein.
A porta-voz da Casa Branca confirmou hoje que Jackson, que na semana passada se retirou do processo de confirmação para ser secretário de Assuntos de Veteranos devido essas denúncias, já não dirige o escritório médico da Casa Branca.
"(Jackson) continua sendo um médico da Marinha alocado à Casa Branca, mas, ao ser indicado como secretário de Veteranos, o cargo de médico principal de Trump foi assumido por outro médico, Sean Conley, e este permanecerá no cargo", explicou Sanders.