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Ex-CEO da Starbucks fala em concorrer à Presidência dos EUA e é massacrado

Schultz, que sempre se declarou um democrata, disse estudar uma candidatura independente. Fala, contudo, não foi bem digerida nos EUA. Entenda

Howard Schultz, ex-CEO da rede de cafeterias Starbucks: executivo estuda se candidatar à Presidência dos EUA como indepentente (Andrew Kelly/File Photo/Reuters)

Gabriela Ruic

Publicado em 30 de janeiro de 2019 às 12h29.

Última atualização em 30 de janeiro de 2019 às 15h49.

São Paulo - Howard Schultz é um nome conhecidíssimo no meio empresarial. É graças a ele que hoje é possível encontrar uma loja da Starbucks em quase todas as esquinas das grandes metrópoles globais. Na posição de CEO, alavancou a empresa ao posto de maior rede de cafeterias do planeta, hoje com cerca de 25 mil estabelecimentos em 75 países.

Em meados de 2018, contudo, abandonou a presidência executiva e sem explicar muito bem o motivo. Dizia que se dedicaria a um livro sobre o trabalho social feito pela empresa, sem detalhar seus planos. Eis que domingo, 27 de janeiro de 2019, Schultz veio à tona dizer que está “seriamente considerando concorrer à presidência”. E dos Estados Unidos.

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A moda dos empresários e executivos que se vendem aos eleitores como uma alternativa ao establishment político, geralmente posicionados como centristas, não é novidade e ganhou força nos últimos anos mundo afora. Na França, há Emmanuel Macron, na Argentina, Mauricio Macri. Ao que tudo indica, Schultz parece desejar ser parte dessa tendência.

Schultz é um democrata convicto, ao menos sempre declarou ser. Agora, contudo, causou furor nos EUA ao dizer que, se candidato nas eleições americanas , seria independente. “Estamos vivendo um momento frágil”, disse ele ao programa de televisão americano 60 Minutes, “não apenas temos um presidente que não é qualificado para o cargo, como temos partidos que não estão fazendo o necessário pelo povo americano”.

Perguntado sobre sua experiência empresarial, Schultz disse reconhecer que não é “a pessoa mais inteligente na sala” e que “para tomar grandes decisões sobre problemas complexos, é necessário recrutar e atrair pessoas mais inteligentes e experientes”. “Precisamos de um debate criativo”, opinou.

Mas o que era para ser uma posição de centro, acabou é saindo pela culatra. Schultz recebeu uma avalanche de críticas de lideranças políticas, celebridades e também do eleitorado.

Houve quem considerasse os planos do ex-CEO uma “fantasia de gente rica”, como o estrategista democrata Ian Russell, “pura vaidade”, segundo a cientista política Neera Tanden,  ou “egoísmo”, um insulto desferido publicamente contra Schultz durante um evento do qual participou nesta terça-feira.

Entre os democratas, há o temor de que uma candidatura independente ajude a reeleição do atual mandatário. O executivo poderia ser visto como "democrata de centro", contribuindo para a divisão do eleitorado democrata e fortalecendo, por consequência, o nome de Trump.

O empresário e ex-prefeito da cidade de Nova York, Michael Bloomberg , um dos possíveis participantes da contenda pela candidatura democrata em 2020, foi um dos figurões que não digeriu bem a notícia. “Essa é uma ideia horrível”, escreveu em seu site oficial, sem citar Schultz diretamente.

“A força do partidarismo e a realidade do Colégio Eleitoral tornam quase impossível que um independente possa vencer”, continuou Bloomberg. “Em 2020, é provável que uma candidatura independente divida o eleitorado anti-Trump e acabe por reeleger o presidente”, analisou o magnata. “Precisamos nos manter unidos”, terminou.

O atual mandatário da Casa Branca, Donald Trump , também não poupou Schultz de críticas e respondeu as declarações do executivo no Twitter. “Howard Schultz não tem o que é preciso para ser presidente. O assisti em ‘60 Minutes’ e concordo que ele não é das pessoas mais inteligentes”, escreveu o presidente o ex-CEO da Starbucks. “Espero que a Starbucks esteja me pagando o aluguel na Trump Tower”, ironizou.

Ainda não há qualquer certeza sobre os nomes que vão lutar pela Casa Branca no ano que vem, nem do lado democrata, que já tem uma lista enorme de possíveis candidatos, e nem do lado republicano. É bem verdade que a corrida presidencial começa oficialmente apenas em 2020. Extraoficialmente, contudo, a disputa já começou e esquentará ainda mais nos próximos meses.

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