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Ex-assessor de Humala teme represálias, diz advogado

Ex-assessor do presidente Ollanta Humala que fugiu para a Bolívia afirma estar preocupado com represálias que pode sofrer do governo, diz advogado brasileiro


	O presidente do Peru, Ollanta Humala: empresário foi assessor da campanha eleitoral de Humala em 2006
 (©AFP / str)

O presidente do Peru, Ollanta Humala: empresário foi assessor da campanha eleitoral de Humala em 2006 (©AFP / str)

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Da Redação

Publicado em 28 de maio de 2015 às 16h29.

Rio de Janeiro - O empresário peruano Martín Belaúnde Lossio, ex-assessor do presidente Ollanta Humala e que fugiu no domingo de sua prisão domiciliar na Bolívia, disse nesta quinta-feira estar muito preocupado com as represálias que pode sofrer do governo de Evo Morales em uma conversa por telefone com um advogado brasileiro.

"Tivemos uma breve conversa por telefone na qual ele manifestou, principalmente, preocupação com sua própria segurança e de sua família", disse à Agência Efe Fernando Tiburcio, advogado consultado pelo foragido peruano sobre a possibilidade de o Brasil receber seus parentes como refugiados.

Tiburcio, recomendado pelo advogado de Lossi em La Paz, tem destacada atuação na defesa dos direitos humanos, além de ser conhecido na Bolívia como defensor do ex-senador opositor boliviano Roger Pinto, que fugiu do país em 2013 e espera que o governo federal conceda asilo político.

O advogado brasileiro afirmou que o empresário o consultou sobre a possibilidade de pedir refúgio para sua família no Brasil. Os dois também conversaram sobre as dificuldades que Lossio enfrenta desde que fugiu no domingo da casa onde cumpria prisão domiciliar.

"Recebi uma ligação de Lossio muito preocupado com a situação de sua família porque o governo boliviano deixou claro que usará de métodos heterodoxos para responder a uma situação que causou humilhação, destituições e uma crise diplomática", afirmou o advogado em entrevista à Efe.

A fuga do empresário, assessor da campanha eleitoral de Humala em 2006 e processado no Peru por corrupção, provocou a renúncia do ministro de Governo da Bolívia, Hugo Moldiz, e do chefe da Polícia, Luis Cerruto, além de tensões nas relações entre os dois países.

Um dia depois da fuga, os familiares do empresário e outras pessoas que viviam em sua residência foram presas e pediram que Lossio se entregasse às autoridades.

"O governo da Bolívia prendeu até seu advogado, que é um professor universitário. O prenderam em pleno exercício de suas funções. Essa detenção por si só é uma violação que vi apenas em ditaduras", afirmou Tiburcio.

De acordo com o advogado brasileiro, a reação do governo boliviano foi desproporcional e justifica o temor do empresário.

"Ele não me disse onde estava e eu também não perguntei por segurança, caso tivessem grampeado a ligação. Ele ligou porque estava preocupado com a família e queria saber as condições do Brasil para recebê-los", afirmou.

Segundo o advogado, o foragido peruano em nenhum momento considerou a possibilidade de pedir asilo ou refúgio no Brasil por causa do acordo de extradição existente entre os dois países.

"Minha resposta foi que o Brasil tem instituições fortes e condições de receber à família como refugiada, mas que, neste momento, o Conselho Nacional de Refugiados é submetido a pressões do governo (brasileiro), se curvou às interferências políticas e deixou de ser um organismo relativamente independente", assegurou.

"O que posso fazer é ajudá-lo a buscar uma situação em que possa se dirigir a um país com apreço pelos direitos humanos e que analise seu caso de forma justa, sem intervenção política", completou.

Tiburcio disse que Lossio revelou que estava com ferimentos, sofridos quando foi vítima de uma tentativa de sequestro.

"Tomei a iniciativa de entrar em contato com uma rádio boliviana para alertar que tinha conversado com ele porque já faz quatro dias que ele saiu de La Paz e algumas indicações me levam a crer que ele pode estar correndo um risco acima do normal em uma situação como essa", acrescentou o advogado, se referindo à insistência de um ministro boliviano de descrever Lossi como "uma pessoa perigosa que pode estar armada".

"Considerando os antecedentes da Bolívia, isso é perigoso. Essa ênfase de que ele pode estar armado me deixa em alerta sobre a possibilidade de as forças policiais terem recebido autorização para matá-lo. A comunidade internacional deve estar atenta a isso".

O empresário também teme ser extraditado ao Peru porque incomodou várias pessoas do atual governo. Esse medo motivou a fuga de Lossio, que saiu de La Paz logo depois de a Justiça boliviana autorizar sua extradição ao Peru, onde é acusado de peculato, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. 

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