Passageiros em aeroporto de Londres: voos para a Europa foram suspensos (Gareth Fuller/Getty Images)
Carla Aranha
Publicado em 21 de dezembro de 2020 às 07h40.
Com o temor que a variação do coronavírus possa chegar à França, o país decidiu nesta segunda-feira, dia 21, suspender o transporte de cargas e passageiros pelo Canal da Mancha, uma das principais artérias de conexão entre o Reino Unido e o continente europeu. A medida deve valer por 48 horas. Todos os deslocamentos de pessoas, por via aérea, marítima ou terrestre, estão vetados.
Cerca de 10 mil caminhões com mercadorias passam diariamente pelo Canal da Mancha. Boris Johnson, primeiro-ministro do Reino Unido, deve se reunir hoje com seu gabinete de governo para discutir como assegurar o abastecimento no país. O Reino Unido compra desde remédio a alimentos produzidos nos países europeus. E metade da carga que chega ao país é transportada pelo Canal da Mancha.
Enquanto isso, uma dezena de países europeus decidiu bloquear o fluxo de passageiros e cargas do Reino Unido. A Itália, Alemanha e França se juntaram à Bélgica e Holanda, que haviam decidido fechar as portas para o Reino Unido neste domingo, dia 20. A Turquia anunciou nesta segunda que deverá adotar a mesma medida.
A escalada da crise da variante do coronavírus, identificada no Reino Unido, acontece em um dos momentos mais delicados para o país, a poucos dias de se separar oficialmente da União Europeia e concluir o Brexit. A data para que o Reino Unido deixe a União Europeia é 1º de janeiro.
De acordo com o governo britânica, a mutação, chamada de B.1.1.7, respode por 60% das novas infecções registradas em Londres, que entrou em lockdown. "Os casos dispararam, então temos um longo caminho a percorrer”, disse Matt Hancock, secretário de saúde britânico, durante uma entrevista coletiva no final de semana. “Acho que será muito difícil mantê-lo sob controle até que a vacina seja lançada.”
A nova cepa também foi identificada na Dinamarca, Holanda e Austrália, segundo a OMS. A variante, pode estar suplantando outras mutações da Sars-Cov-2, acreditam os cientistas. O cientista britânico Jeffrey Barrett, diretor do Covid Genomics Initiative, do Wellcome Sanger Institute, disse ao jornal Financial Times que 23 marcações do vírus original se modificaram, sendo que 17 são capazes de afetar seu comportamento. A mutação teria aumentado o poder de infecção do vírus.