Euro fraco salva o Velho Continente
Piigs ainda preocupam os analistas, mas perspectivas são positivas
Da Redação
Publicado em 13 de agosto de 2010 às 11h55.
São Paulo - Os dados da economia européia no segundo trimestre surpreenderam positivamente os analistas e ratificaram o papel de liderança da Alemanha na região. Por outro lado, os chamados Piigs (Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha) ainda patinam (na verdade, a Irlanda até foi bem, mas a Grécia segue em recessão; veja quadro abaixo) e contribuem para o enfraquecimento do euro.
Curiosamente, é esse ponto que ajuda a recuperação da zona do euro. O economista da Gradual Investimentos André Perfeito diz, em relatório publicado nesta sexta-feira (13), que "o infortúnio da Grécia, e do resto periférico da Europa, serviu como uma benção para a poderosa Alemanha e França. Com o euro mais fraco, as duas principais economias do Velho Continente ganharam incentivo econômico adicional via seus setores externos, permitindo que a espinha dorsal daquele continente não quebrasse".
Não é à toa que os governantes recorrem à desvalorização cambial para impulsionar as exportações. A China, por exemplo, opta por controle explícito da moeda. Outros países, como o Brasil, têm câmbio flutuante, mas com intervenções pontuais do Banco Central (a chamada flutuação suja). E há casos, como nos Estados Unidos, em que a taxa de juros foi zerada com o objetivo de aquecer a economia e, por tabela, enfraquecer o dólar, facilitando o comércio exterior.
André Perfeito lembra que, no caso da Europa, "a desvalorização não foi na base de juros zerados, tal como tenta impor os EUA ao mundo, mas sim por um evento extemporâneo (a crise grega). Isto ainda vai reverter-se em um fluxo maior de recursos à Europa no longo prazo".
O caminho da retomada parece traçado embora sempre sejam ressuscitados temores de um segundo mergulho ("double dip" ou "W"). O prestigiado economista Paul Krugman bate na tecla de que o governo americano precisa tomar novas providências para estimular a atividade econômica. O risco de deflação, na avaliação dele, é grande, com impactos severos no nível de desemprego.
Muitos analistas não concordam com esse avaliação "dramática" e dizem que o mau humor do mercado é temporário. A única certeza é que a recuperação será lenta. "A volta ao antigo patamar pode demorar ainda mais três anos, e é bom a gente ter isso em mente", diz André Perfeito.
Piigs | PIB no 2º trimestre |
---|---|
Portugal | 0,20% |
Itália | 0,40% |
Irlanda | 2,70% |
Grécia | -1,50% |
Espanha | 0,20% |
Zona do euro | 1% |
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