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EUA: vítimas do 11/9 ironizam denúncias de tortura dos réus

Queixas foram recebidas com indignação pelas cerca de dez pessoas presentes na audiência preliminar, cujos familiares morreram na queda das Torres Gêmeas

Pavilhão Echo, na base naval americana na baía de Guantánamo, em 7 de agosto de 2013 (©afp.com / Chantal Valery)
DR

Da Redação

Publicado em 27 de outubro de 2013 às 08h45.

Base Naval da Baía de Guantánamo - As denúncias dos cinco acusados pelo 11 de Setembro ​​de que foram torturados durante sua detenção indignaram muitos familiares das vítimas mortas nesses atentados nos Estados Unidos .

Nas audiências prévias ao julgamento pelos atentados, os advogados dos cinco réus invocaram a Convenção Internacional contra a Tortura. A defesa pediu ao juiz que descarte a condena de pena de morte, devido ao tratamento recebido pelos detentos em prisões secretas da Agência Central de Inteligência americana (CIA, na sigla em inglês).

Essas queixas foram recebidas com indignação pelas cerca de dez pessoas presentes na audiência preliminar, cujos familiares morreram na queda das Torres Gêmeas do World Trade Center em Nova York, nos ataques na Pensilvânia e contra o Pentágono.

"Não estamos aqui para tentar mudar os Estados Unidos, estamos aqui para obter justiça", declarou Richard Costanzo.

A irmã de Richard morreu em 11 de setembro de 2001, no ataque ao Pentágono (Virgínia, leste dos EUA).

"Mas ouvir que se julga os EUA, em vez desses cinco homens, é infame", declarou Costanzo.

Jim Jenca, gravemente ferido no atentado contra as Torres Gêmeas, afirma que também teve uma experiência traumática por ter vivido os horrores do 11 de Setembro. Para ele, a estratégia da defesa desvia a atenção do caso.

"Esse caso não é sobre como (os acusados) foram tratados. Esse caso trata da morte de quase 3.000 pessoas que foram assassinadas", disse Jenca, ecoando o discurso de outros sobreviventes e familiares de vítimas presentes na sessão.


O procurador Clay Trivett frisou que o caso trata "da execução sumária de 2.976 pessoas", não da tortura. Segundo ele, se os acusados sentiam que haviam sido "maltratados sob custódia americana" poderiam apresentar uma ação na Corte Federal.

As autoridades americanas admitiram que um dos acusados, Khaled Sheikh Mohamed, foi submetido 183 vezes a episódios de "submarino" (imersão à beira da asfixia) durante os interrogatórios da CIA.

Seu sobrinho, Ali Abd al-Aziz Ali, conhecido como Ammar al-Baluchi e que teria organizado o financiamento da operação, teria sofrido um ferimento na cabeça, durante o período em que esteve sob custódia do governo dos EUA - revelou um informe médico apresentado esta semana pela defesa.

Os advogados de dois dos outros três acusados também disseram que seus clientes foram torturados antes de serem transferidos para Guantánamo em setembro de 2006, embora não possam dar detalhes adicionais. Toda informação ligada aos cinco réus é considerada confidencial.

Cheryl Bormann, que defende um dos réus, declarou que exigir que se mantenha em sigilo é uma estratégia de perseguição deliberada para não ter de falar da suposta tortura.

"Estamos frente a essa comissão militar unicamente porque o governo dos Estados Unidos quer ocultar a evidência de tortura", afirmou.

Outro advogado da defesa, James Connell, reconheceu que os familiares das vítimas do 11/9 "sofreram uma perda terrível", mas insistiu em que o comportamento do governo é "profundamente equivocado".

"Esse é o caso da morte de 3.000 pessoas e do trauma de uma nação", disse Connell. "Também é o caso sobre a posterior traição aos nossos ideais, em resposta a esse trauma", completou.


"A reação natural, humana e compreensível das famílias não significa que não tenha de funcionar o devido processo", acrescentou.

Os advogados defensores pediram ao presidente Barack Obama que "desclassifique" o programa que permitiu o funcionamento das prisões secretas da CIA, onde os cinco homens foram detidos por três anos e submetidos a questionáveis práticas durante os duros interrogatórios.

Pediram ainda que lhes seja permitido apresentar imagens dos pulsos e tornozelos de seus clientes para mostrar os sinais de tortura. O pedido foi alvo de ironia dos membros das famílias das vítimas presentes na audiência.

"Não posso mostrar o pulso da minha irmã, porque não pude encontrar o pulso dela", disse Costanzo.

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Base Naval da Baía de Guantánamo - As denúncias dos cinco acusados pelo 11 de Setembro ​​de que foram torturados durante sua detenção indignaram muitos familiares das vítimas mortas nesses atentados nos Estados Unidos .

Nas audiências prévias ao julgamento pelos atentados, os advogados dos cinco réus invocaram a Convenção Internacional contra a Tortura. A defesa pediu ao juiz que descarte a condena de pena de morte, devido ao tratamento recebido pelos detentos em prisões secretas da Agência Central de Inteligência americana (CIA, na sigla em inglês).

Essas queixas foram recebidas com indignação pelas cerca de dez pessoas presentes na audiência preliminar, cujos familiares morreram na queda das Torres Gêmeas do World Trade Center em Nova York, nos ataques na Pensilvânia e contra o Pentágono.

"Não estamos aqui para tentar mudar os Estados Unidos, estamos aqui para obter justiça", declarou Richard Costanzo.

A irmã de Richard morreu em 11 de setembro de 2001, no ataque ao Pentágono (Virgínia, leste dos EUA).

"Mas ouvir que se julga os EUA, em vez desses cinco homens, é infame", declarou Costanzo.

Jim Jenca, gravemente ferido no atentado contra as Torres Gêmeas, afirma que também teve uma experiência traumática por ter vivido os horrores do 11 de Setembro. Para ele, a estratégia da defesa desvia a atenção do caso.

"Esse caso não é sobre como (os acusados) foram tratados. Esse caso trata da morte de quase 3.000 pessoas que foram assassinadas", disse Jenca, ecoando o discurso de outros sobreviventes e familiares de vítimas presentes na sessão.


O procurador Clay Trivett frisou que o caso trata "da execução sumária de 2.976 pessoas", não da tortura. Segundo ele, se os acusados sentiam que haviam sido "maltratados sob custódia americana" poderiam apresentar uma ação na Corte Federal.

As autoridades americanas admitiram que um dos acusados, Khaled Sheikh Mohamed, foi submetido 183 vezes a episódios de "submarino" (imersão à beira da asfixia) durante os interrogatórios da CIA.

Seu sobrinho, Ali Abd al-Aziz Ali, conhecido como Ammar al-Baluchi e que teria organizado o financiamento da operação, teria sofrido um ferimento na cabeça, durante o período em que esteve sob custódia do governo dos EUA - revelou um informe médico apresentado esta semana pela defesa.

Os advogados de dois dos outros três acusados também disseram que seus clientes foram torturados antes de serem transferidos para Guantánamo em setembro de 2006, embora não possam dar detalhes adicionais. Toda informação ligada aos cinco réus é considerada confidencial.

Cheryl Bormann, que defende um dos réus, declarou que exigir que se mantenha em sigilo é uma estratégia de perseguição deliberada para não ter de falar da suposta tortura.

"Estamos frente a essa comissão militar unicamente porque o governo dos Estados Unidos quer ocultar a evidência de tortura", afirmou.

Outro advogado da defesa, James Connell, reconheceu que os familiares das vítimas do 11/9 "sofreram uma perda terrível", mas insistiu em que o comportamento do governo é "profundamente equivocado".

"Esse é o caso da morte de 3.000 pessoas e do trauma de uma nação", disse Connell. "Também é o caso sobre a posterior traição aos nossos ideais, em resposta a esse trauma", completou.


"A reação natural, humana e compreensível das famílias não significa que não tenha de funcionar o devido processo", acrescentou.

Os advogados defensores pediram ao presidente Barack Obama que "desclassifique" o programa que permitiu o funcionamento das prisões secretas da CIA, onde os cinco homens foram detidos por três anos e submetidos a questionáveis práticas durante os duros interrogatórios.

Pediram ainda que lhes seja permitido apresentar imagens dos pulsos e tornozelos de seus clientes para mostrar os sinais de tortura. O pedido foi alvo de ironia dos membros das famílias das vítimas presentes na audiência.

"Não posso mostrar o pulso da minha irmã, porque não pude encontrar o pulso dela", disse Costanzo.

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