EUA: Plataformas eleitorais de partidos refletem polarização
Embora as plataformas não sejam ''obrigatórias'', elas representam as metas e ideias dos partidos
Da Redação
Publicado em 5 de setembro de 2012 às 20h53.
Washington - As plataformas eleitorais aprovadas por democratas e republicanos, em suas respectivas convenções, são um choque ideológico e refletem a crescente polarização nos Estados Unidos , segundo especialistas consultados pela Agência Efe.
Embora as plataformas não sejam ''obrigatórias'' - o presidente em exercício dos Estados Unidos pode mudar sua pópria agenda até o seguinte encontro quadrienal- representam as metas e ideias dos partidos.
''A plataforma reflete a lista de desejos dos ativistas e delegados que quiseram expressar suas ideias. As plataformas acabam incluindo uma grande quantidade de ideias, mas uma coisa é a plataforma e outra é a postura do presidente'', explicou Richard A. Grennel, analista político da empresa Capitol Media Partners.
''O documento do Partido Republicano esboçou os princípios conservadores da responsabilidade pessoal. Nem todos estarão sempre de acordo com esses ideais'', acrescentou Grennel, que até maio era assessor de segurança nacional da campanha do candidato presidencial republicano, Mitt Romney.
A plataforma do Partido Democrata, que foi ratificada ontem durante a convenção do partido em Charlotte, defende os direitos reprodutivos da mulher e seu acesso ao aborto, renova a promessa de impulsionar uma reforma migratória e apoia os casamentos entre homossexuais, entre outros itens.
Por outro lado, segundo o governador republicano da Virgínia, Bob McDonnell, a plataforma republicana aprovada em Tampa na semana passada reflete ''a alma e o coração'' de seu partido.
O documento em questão estabelece a oposição ao aborto e aos casamentos entre homossexuais, além de prometer duras sanções contra os imigrantes ilegais, embora vise ampliar os vistos para estrangeiros com boas qualificações profissionais.
''É uma declaração de princípios, e claro que, se ganhar em novembro, Mitt Romney terá amplo campo de manobra para definir suas próprias prioridades'', afirmou Ed Gillespie, consultor sênior de Romney.
''Temos um grande respeito pela plataforma do partido, mas Romney defende o plano ''Romney-Ryan'' para fortalecer a classe média, promover a independência energética e aumentar a criação de empregos'', resumiu Gillespie.
A plataforma do Partido Republicano também trata de assuntos como a economia, os impostos e a política externa, ganhando elogios da União Conservadora Americana, organização conservadora mais antiga do país.
Hoje, o candidato à vice-presidência pelo Partido Republicano, Paul Ryan, criticou a ausência de Deus na plataforma democrata, em contraste com as 12 vezes que os republicanos fizeram menção na semana passada.
Da década de 1960 até a de 1980, a plataforma democrata mal fazia referência a Deus ou a fé. Na de 2004, o partido mencionou a fé em oito oportunidades, e em 2012, afirma que a fé ''sempre foi uma parte central'' da vida nacional.
Em comparação com a plataforma de 1992, a deste ano evoluiu em assuntos como a responsabilidade social do governo, o direito constitucional à posse de armas e o rumo da política energética do país.
Em 2012, a plataforma democrata ganhou em populismo, apresentando-se como defensora da classe média contra supostos interesses republicanos em favorecer os mais ricos.
Em conteúdo, ambas as plataformas refletem a crescente polarização nos Estados Unidos, apesar de que em cada eleição presidencial, os candidatos incluam em suas listas de promessas de mudar a cultura política de confronto de Washington.
Essa polarização, protagonizada tanto por grupos de pressão como pelas elites políticas em Washington - e evidenciada nas redes sociais -, atingiu níveis de disputas sectárias jamais vistos nos últimos 25 anos, segundo o Centro de Pesquisa ''Pew''.
Para Bill Galston, da Instituição ''Brookings'', a maior divergência ideológica tem a ver com o papel reservado ao governo para curar os males da sociedade, e tanto Romney como Obama oferecem visões radicalmente opostas desse tema.
A busca pelo consenso será, mais uma vez, assunto pendente para quem vencer as eleições de novembro.