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EUA pedem suspensão do estado de emergência no Egito

O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, condenou a violência dos confrontos, que deixaram pelo menos 235 mortos e 2 mil feridos em todo o país

John Kerry: aparição surpresa do secretário ressaltou importância que os EUA dão para a estabilidade no Egito, ator chave para seus interesses no norte da África e Oriente Médio (Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 14 de agosto de 2013 às 20h17.

Washington - Os Estados Unidos condenaram nesta quarta-feira os atos de violência no Egito como um "grave golpe" contra os esforços de reconciliação no país e exigiram que o estado de emergência seja revogado "o mais rápido possível", com a preocupação de que ela possa ser usado para realizar prisões arbitrárias de manifestantes.

O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, condenou a violência dos confrontos, que deixaram pelo menos 235 mortos e 2 mil feridos em todo o país, horas depois de a Casa Branca ter feito o mesmo.

"Os eventos de hoje são deploráveis e vão contra as aspirações egípcias de paz, inclusão e democracia. Os egípcios, dentro e fora do governo, devem dar um passo para trás, acalmar os ânimos e evitar a perda de mais vidas", disse Kerry.

A aparição surpresa de Kerry ressaltou a importância que os Estados Unidos dão para a estabilidade no Egito, um ator chave para seus interesses no norte da África e Oriente Médio, e que vive uma profunda crise política e social desde a derrubada do presidente Mohammed Mursi em 3 de julho.

Os confrontos de hoje são "um grave golpe contra a reconciliação no país. Os Estados Unidos continuam dispostos a trabalhar com todas as partes e com seus aliados no mundo todo para encontrar um caminho democrático e pacífico para o Egito", destacou Kerry.

O chefe da diplomacia americana pediu que todos os setores do país trabalhem rumo a uma solução política, apesar de considerar que "o governo interino e os militares têm uma responsabilidade única de prevenir violência, já que juntos somam a maior parte do poder neste confronto".

Kerry cobrou uma reforma da Constituição e que as eleições presidenciais e parlamentares sejam mantidas.


"Os Estados Unidos se opõem categoricamente a volta a um estado de emergência e exigimos que o governo egípcio respeite os direitos humanos básicos, como a liberdade de reunião pacífica e os julgamentos amparados pelas leis. Achamos que o estado de emergência deve acabar o mais rápido possível", destacou Kerry.

O Egito manteve o estado de emergência durante três décadas, entre 1981 e 2012, e Mursi voltou a recorrer temporariamente a essa medida de exceção durante seu mandato, que permite que os militares realizem prisões de civis.

O governo dos EUA considera que Mursi usou a medida "para prender cidadãos e detê-los sem apresentar acusações criminais", e teme que essa situação se repita. Nem Kerry, nem o porta-voz da Casa Branca Josh Earnest, que condenou a violência e pediu calma em comunicado, falaram de possíveis consequências ou represálias diante da situação.

A cautela e os cálculos políticos caracterizaram a resposta dos Estados Unidos para a queda de Mursi, seguida por mais de três semanas de reflexão sobre classificar ou não a deposição do então presidente como "golpe", algo que teria forçado a suspensão da entrega de US$ 1,5 bilhão em ajuda para o país. Nenhuma posição foi tomada nesse sentido, por considerar que não beneficiaria o "interesse nacional" dos EUA cancelar a ajuda ao país, destinada em boa parte a fortalecer a fronteira com Israel.

Diante dos confrontos de hoje, os Estados Unidos vão "revisar as implicações em sua relação com o Egito, o que inclui a ajuda financeira", afirmou hoje a porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki.

O Pentágono tomou em julho a única medida clara em represália ao Egito ao atrasar indefinidamente o envio de quatro caças F-16 e, conforme foi publicado hoje no site do jornal "Wall Street Journal", considera cancelar os exercícios militares conjuntos com o país.

Kerry ligou ontem à noite para a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, e falou com os chanceleres de Egito, Catar, Emirados Árabes Unidos, Turquia, e com o ex-vice-presidente das Relações Exteriores do Egito, Mohamed ElBaradei, pouco após sua renúncia ao cargo.

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O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, condenou a violência dos confrontos, que deixaram pelo menos 235 mortos e 2 mil feridos em todo o país, horas depois de a Casa Branca ter feito o mesmo.

"Os eventos de hoje são deploráveis e vão contra as aspirações egípcias de paz, inclusão e democracia. Os egípcios, dentro e fora do governo, devem dar um passo para trás, acalmar os ânimos e evitar a perda de mais vidas", disse Kerry.

A aparição surpresa de Kerry ressaltou a importância que os Estados Unidos dão para a estabilidade no Egito, um ator chave para seus interesses no norte da África e Oriente Médio, e que vive uma profunda crise política e social desde a derrubada do presidente Mohammed Mursi em 3 de julho.

Os confrontos de hoje são "um grave golpe contra a reconciliação no país. Os Estados Unidos continuam dispostos a trabalhar com todas as partes e com seus aliados no mundo todo para encontrar um caminho democrático e pacífico para o Egito", destacou Kerry.

O chefe da diplomacia americana pediu que todos os setores do país trabalhem rumo a uma solução política, apesar de considerar que "o governo interino e os militares têm uma responsabilidade única de prevenir violência, já que juntos somam a maior parte do poder neste confronto".

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"Os Estados Unidos se opõem categoricamente a volta a um estado de emergência e exigimos que o governo egípcio respeite os direitos humanos básicos, como a liberdade de reunião pacífica e os julgamentos amparados pelas leis. Achamos que o estado de emergência deve acabar o mais rápido possível", destacou Kerry.

O Egito manteve o estado de emergência durante três décadas, entre 1981 e 2012, e Mursi voltou a recorrer temporariamente a essa medida de exceção durante seu mandato, que permite que os militares realizem prisões de civis.

O governo dos EUA considera que Mursi usou a medida "para prender cidadãos e detê-los sem apresentar acusações criminais", e teme que essa situação se repita. Nem Kerry, nem o porta-voz da Casa Branca Josh Earnest, que condenou a violência e pediu calma em comunicado, falaram de possíveis consequências ou represálias diante da situação.

A cautela e os cálculos políticos caracterizaram a resposta dos Estados Unidos para a queda de Mursi, seguida por mais de três semanas de reflexão sobre classificar ou não a deposição do então presidente como "golpe", algo que teria forçado a suspensão da entrega de US$ 1,5 bilhão em ajuda para o país. Nenhuma posição foi tomada nesse sentido, por considerar que não beneficiaria o "interesse nacional" dos EUA cancelar a ajuda ao país, destinada em boa parte a fortalecer a fronteira com Israel.

Diante dos confrontos de hoje, os Estados Unidos vão "revisar as implicações em sua relação com o Egito, o que inclui a ajuda financeira", afirmou hoje a porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki.

O Pentágono tomou em julho a única medida clara em represália ao Egito ao atrasar indefinidamente o envio de quatro caças F-16 e, conforme foi publicado hoje no site do jornal "Wall Street Journal", considera cancelar os exercícios militares conjuntos com o país.

Kerry ligou ontem à noite para a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, e falou com os chanceleres de Egito, Catar, Emirados Árabes Unidos, Turquia, e com o ex-vice-presidente das Relações Exteriores do Egito, Mohamed ElBaradei, pouco após sua renúncia ao cargo.

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