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EUA extraditam ao Panamá ex-presidente Martinelli, acusado de espionagem

O ex-presidente Ricardo Martinelli responde por criar uma rede de espionagem com fundos desviados que atingiu 150 pessoas em seu mandato

A Justiça do Panamá também investiga o ex-presidente por envolvimento em outros casos de corrupção (Denis Balibouse/Reuters)

A Justiça do Panamá também investiga o ex-presidente por envolvimento em outros casos de corrupção (Denis Balibouse/Reuters)

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AFP

Publicado em 11 de junho de 2018 às 09h19.

O ex-presidente panamenho Ricardo Martinelli foi extraditado nesta segunda-feira dos Estados Unidos para responder em seu país a acusações de espionagem, depois de passar um ano em uma prisão federal em Miami.

Escoltado por agentes federais, Martinelli embarcou em um voo da Jet Logística que partiu do aeroporto de Opa Locka. É esperado no aeroporto Panamá Pacífico às 08h30 (10H30 de Brasília).

Com as mãos algemadas, o presidente saiu do veículo que o trouxe da prisão para o aeroporto e cumprimentou os repórteres no local com o polegar para cima, dizendo: "Eu estou pronto para ver a Copa do Mundo!".

Vários de seus partidários o aguardam em frente ao Supremo Tribunal de Justiça da capital panamenha em apoio ao ex-presidente de 66 anos.

Martinelli deve responder na Justiça pelo desvio de fundos para criar uma rede de espionagem que atingiu 150 pessoas durante seu mandato (2009-2014), incluindo jornalistas e políticos.

A Justiça panamenha também investiga uma série de outros casos de corrupção. Mas sob o tratado de extradição entre os dois países, que entrou em vigor em 1905, o ex-presidente só pode ser processado em seu país pelos crimes pelos quais foi requisitado na extradição.

Depois de se mudar para Miami em 2015 para evitar os processos judiciais em seu país, Martinelli foi preso em 12 de junho do ano passado.

Ao anunciar, na sexta-feira, sua decisão de aceitar o pedido do Panamá, o Departamento de Estado dos Estados Unidos indicou que a extradição se baseava nesta cláusula do tratado, e que, desta forma, só poderia ser processado por espionagem.

O ex-presidente chega em seu país em um ano politicamente agitado antes das eleições gerais de maio do próximo ano.

Seu porta-voz, Luis Eduardo Camacho, disse que Martinelli espera apresentar sua candidatura como prefeito ou deputado, já que não passaram os dez anos necessários para voltar a concorrer à presidência.

Ele acrescentou que "não descarta a possibilidade de concorrer como vice-presidente", uma vez que o candidato do seu partido, Mudança Democrática (direita), seja definido nas primárias.

Empresário bilionário do setor de supermercados, ele chegou ao poder com 60% dos votos e um discurso contra a corrupção. No entanto, após a sua passagem pelo governo, multiplicaram-se as denúncias por escândalos de corrupção, crimes financeiros e espionagem a opositores durante a sua administração.

O ex-presidente afirma que o pedido de extradição não passa de uma vingança política de Juan Carlos Varela, seu ex-vice-presidente e atual chefe de Estado, que supostamente o traiu.

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