O fundador do site WikiLeaks, Julian Assange: jornal cita funcionários americanos que admitem haver muito poucas possibilidades de processar Assange (Leon Neal/AFP)
Da Redação
Publicado em 26 de novembro de 2013 às 13h56.
Washington - O Departamento de Justiça dos Estados Unidos já praticamente decidiu não vai apresentar nenhum processo contra Julian Assange pela publicação de documentos confidenciais vazados para o WikiLeaks, criada por ele, publicou nesta terça-feira o jornal "Washington Post".
O jornal cita funcionários americanos que admitem haver muito poucas possibilidades de processar Assange nos EUA pelos vazamentos, já que os advogados do governo acreditam que não poderiam fazê-lo sem abrir também ações contra organizações de notícias e jornalistas que divulgaram os documentos publicados pelo Wikileaks.
Embora Assange tenha publicado documentos confidenciais, ele não foi a pessoa que os vazou, segundo a análise jurídica realizada pelo Departamento de Justiça, que nos Estados Unidos também exerce a função de procuradoria federal.
O "problema" na investigação aberta contra Assange nos Estados Unidos é que "é impossível processá-lo pela publicação de informação sem que a mesma teoria se aplique aos jornalistas", explicou ao "Post" Matthew Miller, ex-porta-voz do Departamento de Justiça.
"Se não se vai processar jornalistas por publicar informação classificada, então é impossível processar a Assange", indicou Miller.
Se o Departamento de Justiça decidisse apresentar uma acusação contra Assange, teria que fazer o mesmo com jornais como "New York Times" e o britânico "Guardian", que publicaram o material confidencial, de acordo com as fontes citadas pelo "Post".
Por isso, o departamento de Justiça tem "praticamente definido" que não vai apresentar um processo contra Assange.
Barry J. Pollack, advogado em Washington de Assange, falou ao jornal que pediram "reiteradamente" ao Departamento de Justiça um relatório com "qual é o estado" da investigação contra seu cliente.
"Eles (o departamento) se negaram a fazê-lo. Não nos informaram que vão encerrar a investigação ou que tenham tomado a decisão de não apresentar acusações contra Assange", destacou Pollack.
Graças à ajuda do soldado Bradley Manning, declarado em julho culpado de violar a Lei de Espionagem dos EUA, Wikileaks divulgou em 2010 centenas de milhares de comunicações diplomáticas do Departamento de Estado, o que causou atritos com outros países e fez do australiano Assange um inimigo de Washington.
Assange está desde junho de 2012 asilado na embaixada do Equador em Londres para evitar sua extradição à Suécia, onde é acusado de delitos sexuais que ele sempre negou.
Apesar das garantias que a Suécia deu, Assange teme que o país o entregue aos EUA, onde considera que poderia ser vítima de torturas e enfrentar a pena de morte.