Presidente da Síria, Bashar al-Assad, durante entrevista em Damasco (SANA/Handout via Reuters)
Da Redação
Publicado em 28 de setembro de 2015 às 16h48.
Os Estados Unidos disseram nesta segunda-feira que estão dispostos a trabalhar com a Rússia, e igualmente com o Irã, para tentar pôr fim à guerra civil da Síria, mas as duas potências se desentenderam quanto à inclusão do presidente sírio, Bashar al-Assad.
Falando durante a Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente norte-americano, Barack Obama, descreveu Assad como um tirano e o principal culpado pelo conflito de mais de quatro anos, no qual pelo menos 200 mil pessoas morreram e milhões ficaram desabrigadas.
Já o presidente russo, Vladimir Putin, declarou na reunião de líderes globais não haver alternativa além de cooperar com os militares de Assad para tentar derrotar os militantes do Estado Islâmico, grupo radical que dominou porções de território na Síria e no vizinho Iraque.
A discórdia despertou dúvidas sobre como Obama e Putin poderão encontrar um meio termo quando se encontrarem mais tarde nesta segunda-feira nos bastidores da assembleia.
“Os Estados Unidos estão preparados para trabalhar com qualquer nação, inclusive Rússia e Irã, para resolver o conflito”, afirmou Obama, que discursou antes de Putin.
“Mas precisamos reconhecer que não pode haver, depois de tanto derramamento de sangue, tanta carnificina, uma volta ao estado de coisas do pré-guerra.”
Obama não clamou explicitamente pela saída de Assad e insinuou que pode haver uma “transição administrada” para além de seu governo – o sinal mais recente de que, apesar da disposição norte-americana em relação ao líder sírio, o país está disposto a aceitar sua permanência por algum tempo.
Ele minimizou o argumento de que o autoritarismo é a única forma de combater grupos como o Estado Islâmico, dizendo: “De acordo com esta lógica, deveríamos apoiar tiranos como Bashar al-Assad, que solta bombas-barril (recipientes com óleo e repletos de explosivos e estilhaços) para massacrar crianças inocentes, porque a alternativa certamente é pior”.
Putin, em contraste, deu a entender que não há outra opção.
“Achamos que é um erro enorme se recusar a cooperar com o governo sírio e suas Forças Armadas, que estão combatendo o terrorismo face a face valorosamente”, declarou o líder russo em seu discurso.
“Deveríamos finalmente reconhecer que ninguém além das Forças Armadas do presidente Assad e a milícia (curda) estão verdadeiramente combatendo o Estado Islâmico e outras organizações terroristas na Síria”, afirmou.