Embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Samantha Power, não poupou a Rússia de críticas (Shannon Stapleton/Reuters)
Da Redação
Publicado em 21 de julho de 2014 às 20h02.
Nações Unidas - Os Estados Unidos criticaram a Rússia nesta segunda-feira no Conselho de Segurança da ONU por culpar a Ucrânia pela queda na semana passada do avião da Malaysia Airlines e por não fazer nada para evitar que os rebeldes manipulassem os destroços do avião e bloqueassem a investigação internacional.
A embaixadora americana na ONU, Samantha Power, não poupou a Rússia em um discurso perante o Conselho de Segurança, minutos depois que o órgão aprovou por unanimidade uma resolução pedindo acesso ao local da tragédia para esclarecer o ocorrido.
"Damos as boas-vindas ao apoio da Rússia à resolução de hoje, mas nenhuma resolução teria sido necessária se a Rússia tivesse usado sua influência com os separatistas" pró-russos da Ucrânia, denunciou Power.
O avião comercial, com quase 300 pessoas a bordo, caiu na quinta-feira passada na região ucraniana de Donetsk, palco de combates entre as forças governamentais e rebeldes pró-russos, que se acusaram mutuamente pela queda do aparelho.
A embaixadora americana assegurou que o mundo não está só "escandalizado pelo ataque em si mesmo, mas também pelo que ocorreu desde então".
Segundo Power, houve "uma clara intenção" de "obstruir a investigação", um comportamento que "todo o mundo condenou", menos a Rússia.
Além disso, a representante americana lamentou que as autoridades russas tenham culpado primeiro os controladores aéreos ucranianos pela tragédia e, depois, por ter sugerido que a Ucrânia poderia ter derrubado o avião.
"Se realmente pensassem que a Ucrânia estava envolvida na queda do voo MH17, com toda certeza o presidente (russo, Vladimir) Putin teria pedido aos separatistas, muitos de cujos líderes vêm da Rússia, que preservassem as provas", opinou.
O embaixador russo, Vitaly Churkin, respondeu acusando os EUA de estarem mal informados e de transformar "a conversa sobre a tragédia em uma farsa".
Na sessão do Conselho de Segurança participaram, além dos embaixadores dos países-membros, vários ministros das Relações Exteriores de nações afetadas pela tragédia, como Holanda e Austrália.
A ministra de Relações Exteriores australiana, Julie Bishop, considerou que a Rússia poderia ter evitado a "contaminação" do local do impacto e o desaparecimento de provas e assegurou que seu país não descansará para "assegurar dignidade, respeito e justiça" para os mortos.
Já seu colega holandês, Frans Timmermans, lamentou que Putin não tenha mostrado até hoje "um compromisso firme" em favor da investigação internacional e comentou que, se a Rússia não influenciar os separatistas a colaborar nas investigações, se verá cada vez mais isolada da comunidade internacional.