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EUA ameaçam retaliar caso Rússia interfira nas eleições americanas

Os serviços de Inteligência americanos acusam a Rússia de ter interferido na eleição presidencial de 2016 nos EUA, vencida por Donald Trump

Sergey Lavrov: chanceler russo esteve nos EUA, mas ouviu dos americanos ameaças caso seu país interfira nas eleições de 2020 (Jonathan Ernst/Reuters)

Sergey Lavrov: chanceler russo esteve nos EUA, mas ouviu dos americanos ameaças caso seu país interfira nas eleições de 2020 (Jonathan Ernst/Reuters)

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AFP

Publicado em 11 de dezembro de 2019 às 07h46.

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, advertiu nesta terça-feira (10) a Rússia de que haverá represálias em caso de ingerência nas eleições americanas de 2020, mas provocou críticas da oposição ao convidar o chanceler reusso à Casa Branca.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, chegou a Washington no mesmo dia em que a maioria democrata na Câmara de Representantes apresentou as acusações contra o presidente Donald Trump no processo de impeachment.

O chefe da diplomacia russa teve no início da manhã um encontro com Pompeo, que disse que o governo Trump está decidido a seguir trabalhando, apesar da situação política no país.

Mas Pompeo aproveitou uma entrevista a jornalistas, ao lado de Lavrov, para lembrar que Washington e Moscou têm muitos motivos para discordar, e alertou seu colega russo sobre as consequências de uma eventual interferência nas eleições de 2020.

"O governo Trump sempre trabalhará para a proteção da integridade dos nossos períodos eleitorais", declarou Pompeo. "Se a Rússia, ou qualquer ator estrangeiro, intervier para minar nosso processo democrático, nós responderemos", acrescentou.

 

Os serviços de Inteligência americanos acusam a Rússia de ter interferido na eleição presidencial de 2016 nos EUA.

Lavrov recusou as acusações contra seu país. "Afirmamos mais uma vez que todas as especulações sobre nossa suposta interferência nos processos internos dos Estados Unidos são infundadas".

Críticas sobre visita à Casa Branca

Apesar dessas diferenças entre Pompeo e Lavrov, o ministro russo deixou o Departamento de Estado rumo à Casa Branca, atendendo a um convite de Trump, que de acordo com o protocolo tradicional raramente recebe um chanceler.

O presidente já havia encontrado Lavrov durante sua última visita ao país, em maio de 2017, quando o jornal The Washington Post informou que Trump teria compartilhado informação confidencial com a Rússia.

O encontro entre Trump e Lavrov irritou os democratas, entre eles, o congressista Eliot Engel, presidente do Comitê de Relações Exteriores da Câmara de Representantes, que acusou o presidente de "se relacionar bem com os autocratas", e exigiu um relatório completo sobre o encontro a porta fechada.

"Embora o diálogo com os russos seja importante, especialmente para a estabilidade estratégica e o futuro do controle de armas, não confio no presidente Trump para defender nossos interesses nessas negociações", disse Engel.

O congressista Adam Schiff, que lidera as audiências para a abertura do processo de impeachment de Trump, recordou que, na última vez em que o presidente se encontrou com Lavrov, os dois reforçaram os laços depois que o presidente demitiu o chefe do FBI, que havia investigado a interferência russa nas eleições.

Ucrânia

Uma das razões para a falta de acordo citada por Pompeo é a situação na Ucrânia. "Reitero que a Crimeia pertence à Ucrânia", disse o secretário de Estado.

As negociações em Washington acontecem um dia após o presidente russo, Vladimir Putin, realizar uma primeira reunião histórica com o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, na qual eles não conseguiram avançar sobre o tema.

Putin e Zelenski se reuniram em Paris com o presidente da França, Emmanuel Macron, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, que lideram os esforços para encerrar uma guerra de cinco anos na qual a Ucrânia luta contra separatistas apoiados pela Rússia.

Lavrov solicitou, por sua vez, uma rápida renovação, inclusive para o final do ano, do Tratado de Redução Estratégica de Armas, considerado o último pacto importante de armas entre os Estados Unidos e a Rússia.

Negociado durante o governo do democrata Barack Obama, o tratado, que expira em fevereiro de 2021, força ambas partes a reduzir os estoques de lançadores de mísseis balísticos e estabelece novas formas de verificação.

O governo Trump, embora não descarte uma prorrogação, quer um novo tratado que inclua a China, que tem um arsenal em rápido crescimento, mas ainda muito menor que o da Rússia e dos Estados Unidos.

No início do ano, os Estados Unidos abandonaram o Tratado das Forças Nucleares de Alcance Intermediário, que limitava os mísseis que poderiam atingir cidades europeias, após acusar Moscou de violação da medida.

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