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Estudo detecta enorme mancha de petróleo no Golfo do México

Pesquisadores encontraram petróleo proveniente do acidente da BP 900m abaixo da superficie

Mancha de óleo causada pelo acidente com a plataforma da BP, no Golfo do México (AFP/Saul Loeb)

Mancha de óleo causada pelo acidente com a plataforma da BP, no Golfo do México (AFP/Saul Loeb)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

Washington - Especialistas anunciaram, nesta quinta-feira, o mapeamento de uma pluma submarina de petróleo com 35 km de comprimento, que escapou do duto da BP danificado no Golfo do México, um aparente desafio às afirmações do governo americano de que a maior parte do petróleo liberado se dissipou.

A pluma subaquática tem dois quilômetros de largura e 200 metros de espessura, segundo um 'paper' de biólogos marinhos da Woods Hole Oceanographic Institution (WHOI), publicado na revista científica Science.

Aparentemente, ela não está se dissipando na velocidade com que os especialistas esperavam, apesar do uso disseminado de dispersantes, que o governo insiste terem sido vitais para a decomposição de grandes quantidades de petróleo.

As observações foram feitas no fim de junho, algumas semanas antes do selamento da boca do poço danificado, e cerca de dois meses depois de uma explosão causar o afundamento da plataforma Deepwater Horizon, da BP, provocando o maior vazamento marítimo de petróleo da História.

Em estimativas que contrariam às do governo americano, baseadas em processos naturais que estariam dissipando rapidamente o óleo tóxico, os autores disseram que micróbios do fundo do mar estariam degradando a pluma lentamente e previram que o petróleo ainda vai persistir por algum tempo.

"Nós mostramos de forma conclusiva não só que a pluma existe, mas também definimos sua origem e estrutura próxima ao campo", disse o chefe das pesquisas, Richard Camilli.

O petróleo já "persiste por períodos maiores do que nós esperávamos", acrescentou.

"Muitas pessoas especularam que as gotículas de petróleo subsuperficial estavam se degradando facilmente. Bem, não pensamos assim. Nós descobrimos que ainda está lá", acrescentou.

No início deste mês, autoridades americanas e da BP proclamaram que três quartos do petróleo que vazou para o Golfo foram limpos ou dispersos através de processos naturais.

Acredita-se que cerca de 4,9 milhões de barris de petróleo tenham sido liberadas do poço danificado antes de ter sido tapado no mês passado. Autoridades americanas disseram que, desta quantidade, 800 mil barris foram contidos e conduzidos, através de dutos, para navios na superfície.


O vazamento não ameaçou apenas o modo de vida dos pescadores e o turismo ao longo da costa do Golfo americano, mas também alimentou temores de danos ecológicos de longo prazo.

Em 4 de agosto, a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) informou que "a grande maioria" do petróleo tinha se dissipado, removida por equipes de limpeza ou dispersa naturalmente.

Os 26% restantes - cerca de 1,3 milhão de barris de petróleo - foram classificados como "petróleo residual" e estariam "na ou logo abaixo da superfície como resíduo e bolas de alcatrão intemperizadas, levadas para a praia ou coletadas na costa, ou (ainda) enterradas na areia e em sedimentos", destacou o informe.

A equipe de Woods Hole usou um robô submarino equipado com um espectrômetro de massa subaquático para detectar e analisar a pluma, fazendo repetidas varreduras horizontais para determinar seu tamanho e composição química.

Eles acompanharam a pluma de "flutuabilidade neutra", enquanto ela se movia lentamente, à velocidade de 0,27 km/h, a sudoeste do poço danificado.

A pluma foi, então, rastreada por uma distância de 35 km antes de que a aproximação do furacão Alex forçasse os cientistas a saírem dali.

O espectrômetro encontrou hidrocarbonetos de petróleo em concentrações de mais de 50 microgramas por litro, um nível no qual as amostras não têm cheiro ou oleosidade. Os impactos na biodiversidade, no entanto, permanecem desconhecidos.

"A pluma não é um rio de cobertura de chocolate", ironizou Christopher Reddy, bioquímico marinho. "Mas isto não significa que não seja danosa ao meio ambiente", alertou.

O poço danificado foi tapado em 15 de julho. A BP pretende selá-lo definitivamente na segunda semana de setembro, segundo informações divulgadas esta quinta-feira por uma autoridade americana.

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