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Estreia de ópera pode ter protestos contra antissemitismo

Manifestantes estão prontos para contestar a peça “A Morte de Klinghoffer”, sobre o sequestro de um navio de cruzeiro por guerrilheiros palestinos em 1985

“A Morte de Klinghoffer”: produção recebeu muitas críticas raivosas, incluindo uma declaração de ultraje das filhas de Klinghoffer (Dylan Martinez/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 20 de outubro de 2014 às 10h21.

Nova York - A Metropolitan Opera de Nova York está se preparando para sua estreia mais tumultuada em décadas nesta segunda-feira, com manifestantes prontos para contestar a peça “A Morte de Klinghoffer”, uma ópera de John Adams sobre o sequestro de um navio de cruzeiro por guerrilheiros palestinos em 1985.

A peça, que alguns consideram uma grande obra humanista e outros, como antissemita, mostra o assassinato de Leon Klinghoffer, um judeu nova-iorquino aposentado que fazia um cruzeiro com a mulher a bordo do navio Achille Lauro. Após sua morte, os sequestradores do navio jogaram o corpo de Klinghoffer para fora da embarcação, junto com sua cadeira de rodas.

Em 1991, menos de cinco anos após o sequestro, a ópera estreou em Bruxelas, recebendo críticas principalmente favoráveis e causando pouca controvérsia. Mas poucos meses depois, quando a ópera entrou no circuito de Nova York, no Brooklyn, onde Klinghoffer morava, os ânimos esquentaram.

A produção recebeu muitas críticas raivosas, incluindo uma declaração de ultraje das filhas de Klinghoffer, Lisa e Ilse, que a consideraram antissemita e tendenciosa.

Esses rótulos ficaram com a ópera desde então. Nesta segunda-feira, Rudy Giuliani, ex-prefeito de Nova York, deve juntar-se a centenas de manifestantes e a 100 cadeiras de rodas simbólicas em um protesto diante do teatro no Lincoln Center, em área nobre de Manhattan.

No mês passado, uma multidão que se manifestava contra a ópera vaiou os espectadores em trajes de gala que iam para a abertura da temporada da Metropolitan Opera, e a companhia de ópera cancelou planos de transmitir "Klinghoffer” internacionalmente. “O problema não é que isso seja antissemitismo ao extremo”, disse Jeffrey Wiesenfeld, um curador da Universidade da Cidade de Nova York que está ajudando a organizar a manifestação. Para ele, o Met está “no maior nível da cultura americana".

"A história da República de Weimar nos mostra que quando este tipo de racismo e antissemitismo alcança esse nível de cultura, a sociedade está realmente encrencada”, disse ele, referindo-se à Alemanha pouco antes da chegada do nazismo ao poder nos anos 1930. Há quem diga que Adams reservou algumas das músicas mais bonitas da ópera para os assassinos de Klinghoffer, para romantizar sua violência, e que a música de abertura “Refrão dos Palestinos Exilados” é uma das várias tentativas de racionalizar seus crimes.

Já os defensores da ópera, como o musicólogo Robert Fink, dizem que ela mostra o humilde e amável Klinghoffer como o compasso moral do trabalho, ao passo que os palestinos são retratados como assassinos vis.

Tom Morris dirige a nova produção da Met após uma estreia bem-sucedida há dois anos na Ópera Nacional Inglesa, em Londres, que atraiu um único manifestante, segundo um cartaz. Morris disse que a ópera é uma tragédia que mostra o custo humano de um antigo conflito, e diz que aqueles que reclamam da humanização dos assassinos de Klinghoffer não entendem a peça.

“O fato é que eles eram humanos”, disse ele. “E se um dia houver alguma solução para este tipo de conflito, ela tem que ser baseada na premissa de que eles são humanos, por mais hediondos que sejam os crimes que cometeram."

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Nova York - A Metropolitan Opera de Nova York está se preparando para sua estreia mais tumultuada em décadas nesta segunda-feira, com manifestantes prontos para contestar a peça “A Morte de Klinghoffer”, uma ópera de John Adams sobre o sequestro de um navio de cruzeiro por guerrilheiros palestinos em 1985.

A peça, que alguns consideram uma grande obra humanista e outros, como antissemita, mostra o assassinato de Leon Klinghoffer, um judeu nova-iorquino aposentado que fazia um cruzeiro com a mulher a bordo do navio Achille Lauro. Após sua morte, os sequestradores do navio jogaram o corpo de Klinghoffer para fora da embarcação, junto com sua cadeira de rodas.

Em 1991, menos de cinco anos após o sequestro, a ópera estreou em Bruxelas, recebendo críticas principalmente favoráveis e causando pouca controvérsia. Mas poucos meses depois, quando a ópera entrou no circuito de Nova York, no Brooklyn, onde Klinghoffer morava, os ânimos esquentaram.

A produção recebeu muitas críticas raivosas, incluindo uma declaração de ultraje das filhas de Klinghoffer, Lisa e Ilse, que a consideraram antissemita e tendenciosa.

Esses rótulos ficaram com a ópera desde então. Nesta segunda-feira, Rudy Giuliani, ex-prefeito de Nova York, deve juntar-se a centenas de manifestantes e a 100 cadeiras de rodas simbólicas em um protesto diante do teatro no Lincoln Center, em área nobre de Manhattan.

No mês passado, uma multidão que se manifestava contra a ópera vaiou os espectadores em trajes de gala que iam para a abertura da temporada da Metropolitan Opera, e a companhia de ópera cancelou planos de transmitir "Klinghoffer” internacionalmente. “O problema não é que isso seja antissemitismo ao extremo”, disse Jeffrey Wiesenfeld, um curador da Universidade da Cidade de Nova York que está ajudando a organizar a manifestação. Para ele, o Met está “no maior nível da cultura americana".

"A história da República de Weimar nos mostra que quando este tipo de racismo e antissemitismo alcança esse nível de cultura, a sociedade está realmente encrencada”, disse ele, referindo-se à Alemanha pouco antes da chegada do nazismo ao poder nos anos 1930. Há quem diga que Adams reservou algumas das músicas mais bonitas da ópera para os assassinos de Klinghoffer, para romantizar sua violência, e que a música de abertura “Refrão dos Palestinos Exilados” é uma das várias tentativas de racionalizar seus crimes.

Já os defensores da ópera, como o musicólogo Robert Fink, dizem que ela mostra o humilde e amável Klinghoffer como o compasso moral do trabalho, ao passo que os palestinos são retratados como assassinos vis.

Tom Morris dirige a nova produção da Met após uma estreia bem-sucedida há dois anos na Ópera Nacional Inglesa, em Londres, que atraiu um único manifestante, segundo um cartaz. Morris disse que a ópera é uma tragédia que mostra o custo humano de um antigo conflito, e diz que aqueles que reclamam da humanização dos assassinos de Klinghoffer não entendem a peça.

“O fato é que eles eram humanos”, disse ele. “E se um dia houver alguma solução para este tipo de conflito, ela tem que ser baseada na premissa de que eles são humanos, por mais hediondos que sejam os crimes que cometeram."

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