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Estado Islâmico perde seu último reduto urbano no Iraque

Em pouco mais de três anos, o "califado" proclamado pelo Estado Islâmico na Síria e Iraque perdeu praticamente todas as suas posições

EI: "Foram liberadas as zonas habitadas e delimitadas administrativamente" (Muhammad Hamed/Reuters)

EI: "Foram liberadas as zonas habitadas e delimitadas administrativamente" (Muhammad Hamed/Reuters)

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AFP

Publicado em 17 de novembro de 2017 às 18h17.

As tropas iraquianas reconquistaram em poucas horas nesta sexta-feira (17) Rawa, a última cidade sob controle do grupo Estado Islâmico (EI), uma derrota para os extremistas, que dominam agora apenas um pequeno território do Iraque na fronteira com a Síria.

Em território sírio, o EI também está em uma posição crítica, entrincheirado em Bukamal, seu último reduto urbano, pelas forças do governo de Bashar al-Assad.

Em pouco mais de três anos, o "califado" proclamado pelo Estado Islâmico na Síria e Iraque perdeu praticamente todas as suas posições.

Em 2014, o grupo dominava um território com sete milhões de habitantes, em uma superfície equivalente à da Itália entre os dois países, onde controlava muitas cidades.

Mas, agora, foi expulso de quase todos os centros urbanos do Iraque, onde não controla mais que 4% do território, de acordo com Hicham al-Hachemi, especialista iraquiano.

"Foram liberadas as zonas habitadas e delimitadas administrativamente. Mas os uádis (leitos secos de rios) e os oásis, as grandes zonas desérticas, que representam 4% do território iraquiano, seguem sob poder do EI", disse Hachemi.

Após a conquista de Rawa, as forças iraquianas devem prosseguir pelo deserto ao longo da fronteira com a Síria para expulsar os últimos extremistas.

"Militarmente, o EI está derrotado, mas agora vamos perseguir os resíduos para erradicar sua presença", disse o general iraquiano Yahya Rassul, porta-voz do Comando Conjunto de Operações (JOC), após a libertação de Rawa.

Operação relâmpago

Assim como há duas semanas em Al-Qaim, porta de entrada para o bastião do EI no deserto, as tropas governamentais e paramilitares avançaram rapidamente, sem encontrar grande resistência.

Os extremistas, afirmam fontes militares e autoridades locais, fogem para a Síria pouco antes da chegada das tropas iraquianas, que preparam o ataque com apelos para que os moradores utilizem bandeiras brancas e por uma rendição dos jihadistas.

A conquista de Rawa, 350 km ao oeste de Bagdá, foi uma ofensiva relâmpago que alcançou o objetivo apenas três horas após o anúncio do ataque pelo (JOC).

As forças governamentais e unidades paramilitares tribais "libertaram o conjunto de Rawa e hastearam a bandeira iraquiana em todos os edifícios públicos", afirmou o general Noman al-Zobai, comandante da sétima divisão do exército iraquiano.

As tropas trabalham agora para "limpar a região das minas e bombas", completou.

O primeiro-ministro iraquiano, Haider al Abadi, comemorou "uma libertação em tempo recorde" e destacou que as forças "continuam as operações no deserto".

Do outro lado da fronteira, o EI enfrenta uma nova ofensiva das tropas governamentais em Bukamal, seu último reduto urbano, localizado na rica província petroleira de Deir Ezzor.

O exército sírio anunciou há uma semana a conquista de Bukamal, mas os extremistas iniciaram uma contraofensiva e retomaram o controle da cidade.

Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), o exército voltou a entrar ali, com apoio aéreo da Rússia. O Ministério da Defesa russo indicou que seis bombardeios alcançaram diversos alvos extremistas perto de Bukamal nesta sexta.

Os extremistas ainda controlam 25% da província de Deir Ezzor e alguns bolsões de resistência nas províncias de Hamas (centro), Damasco e no sul da Síria. Na sexta, um atentado do EI deixou pelo menos 26 mortos em Deir Ezzor.

Ali, o Estado Islâmico enfrenta uma dupla ofensiva final por parte das tropas sírias, na margem oeste do rio Eufrates, e das Forças Democráticas Sírias (FDS), uma aliança curdo-árabe apoiada pelos Estados Unidos, na margem leste.

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