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Estado federado alemão proibirá comícios de políticos turcos

Medida vai contra a decisão do governo da chanceler alemã, Angela Merkel, de não impedir de forma geral esses atos

Alemanha: "A Alemanha não deve ser palco dos "conflitos internos turcos", apontou a chefe do governo regional (Reprodução/Getty Images)

Alemanha: "A Alemanha não deve ser palco dos "conflitos internos turcos", apontou a chefe do governo regional (Reprodução/Getty Images)

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EFE

Publicado em 14 de março de 2017 às 14h43.

Berlim - O estado federado do Sarre (oeste da Alemanha) proibirá os comícios de políticos turcos em seu território, o que vai contra a decisão do governo da chanceler alemã, Angela Merkel, de não impedir de forma geral esses atos.

A ministra-presidente do estado, Annegret Kramp-Karrenbauer, da União Democrata-Cristã (CDU), presidida por Merkel, anunciou nesta terça-feira sua determinação de "adotar as medidas que forem necessárias" para "proibir tais discursos" no Sarre.

A Alemanha não deve ser palco dos "conflitos internos turcos", apontou a chefe do governo regional, que ressaltou que a legislação vigente outorga competências aos "Länder" - como são chamados os estados na Alemanha - para proibir atividades de estrangeiros que atentem contra a convivência entre alemães e pessoas de outras procedências.

As eleições regionais do Sarre serão realizadas no dia 26 de março e as autoridades pretendem evitar situações como as vividas na Holanda na reta final da campanha para as eleições nacionais, marcadas pelos protestos de cidadãos de origem turca contra a proibição desses comícios.

Ao contrário do ocorrido na Holanda, cujo governo impediu discursos de ministros turcos, na Alemanha não há uma proibição geral, mas houve a suspensão de atos programados alegando razões formais e de segurança.

Os controversos comícios em países europeus com uma grande população de imigrantes turcos visam pedir o "sim" no referendo convocado na Turquia para 16 de abril sobre a reforma constitucional que ampliará os poderes do presidente do país, Recep Tayyid Erdogan.

O ministro alemão do Interior, Thomas de Maizière, indicou nesta terça-feira que estão sendo programados vários comícios nas próximas semanas na Alemanha, embora não tenha especificado o número nem seus protagonistas.

O jornal "Bild" publicou em sua edição de hoje que há pelo menos 15 atos programados em apoio à reforma impulsionada por Erdogan.

A questão estremeceu as relações entre Berlim e Ancara, especialmente após Erdogan acusar repetidamente a Alemanha de "práticas próprias do nazismo" e de fazer campanha pelo "não" para o referendo.

O Ministério das Relações Exteriores da Alemanha atualizou suas recomendações aos viajantes que visitarem a Turquia, a quem adverte sobre possíveis protestos que podem ser dirigidos também contra os alemães.

"Em relação à campanha eleitoral, é preciso contar com um aumento das tensões políticas e protestos, que também podem ser dirigidos contra a Alemanha. Em casos isolados, viajantes alemães na Turquia podem ser afetados", adverte o texto.

As relações bilaterais já passavam por um momento mais que complexo por causa da detenção na Turquia do correspondente do jornal alemão "Die Welt" Deniz Yücel.

Nesse clima rarefeito, o grupo de imprensa "Funke" informou nesta terça que 1.151 cidadãos turcos solicitaram asilo na Alemanha desde o início do ano, segundo números do Escritório Federal para a Migração e os Refugiados (BAMF).

Os pedidos de asilo de cidadãos turcos aumentaram desde o fracassado golpe de Estado registrado na Turquia em julho do ano passado, quando o governo de Ancara decretou estado de exceção.

Em uma resposta parlamentar, o governo confirmou em janeiro esta tendência, sem relacionar o aumento com o golpe, e informou que se no início de 2016 eram registrados entre 120 e 220 pedidos de asilo de turcos por mês, entre setembro e novembro eram feitas mensalmente entre 600 e 700 solicitações.

Em fevereiro, o Ministério do Interior confirmou que desde agosto até janeiro 36 pessoas com passaporte diplomático turco tinham solicitado asilo no país.

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