Mundo

Esquerdista Tsipras busca mudanças na Grécia e na Europa

Tsipras desperta paixão e ódio. Enquanto seus partidários apreciam sua juventude e determinação, os detratores o acusam de populista e o definem como inexperiente

O líder do partido de esquerda radical grego Syriza, Alexis Tsipras: "o memorando é o piloto automático rumo à catástrofe e leva a Grécia para fora da zona do euro" (Odd Andersen/AFP)

O líder do partido de esquerda radical grego Syriza, Alexis Tsipras: "o memorando é o piloto automático rumo à catástrofe e leva a Grécia para fora da zona do euro" (Odd Andersen/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de julho de 2012 às 15h52.

Atenas - O jovem Alexis Tsipras e sua Coalizão da Esquerda Radical (Syriza) são o destaque das eleições de 6 de maio, pois a partir do descontentamento social com as medidas de austeridade, foi o partido que mais cresceu e, inclusive, venceu com diferença em Atenas e Salônica, as maiores cidades do país.

Tsipras desperta paixão e ódio. Enquanto seus partidários apreciam sua juventude e determinação, os detratores o acusam de populista e o definem como inexperiente.

Nascido em 28 de julho de 1974, cinco dias depois do restabelecimento da democracia na Grécia, o político cresceu em um bairro de classe média de Atenas e despontou como um ativo militante das Juventudes Comunistas, especialmente durante os protestos contra os cortes na educação, em 1990 e 1991.

O esquerdista estudou engenharia civil na Universidade Técnica de Atenas e fez pós-graduação em planejamento urbanístico, embora tenha abandonado cedo a atividade profissional para se dedicar à política. Tsipras vive com sua namorada, com a qual tem um filho, e além de grego, fala inglês, embora com dificuldade.

Nas lutas ideológicas da década de 1990, que dividiram o movimento comunista grego, Tsipras defendeu os eurocomunistas do Synaspismos sobre a linha ortodoxa do Partido Comunista da Grécia (KKE), até agora o partido mais votado da esquerda.

O político continuou no Synaspismos até 2004, quando formou a coalizão Syriza com um conjunto de grupos esquerdistas para concorrer às eleições, nas quais obteve 3,26% dos votos. Em 2007 recebeu 5%, e em 2009, 4,6%.


No entanto, o grande salto de Tsipras ocorreu em 2006, quando como cabeça de chapa para as eleições municipais de Atenas, obteve mais de 10% dos votos, um sucesso para a jovem formação.

A partir de 2008, Tsipras se tornou presidente do Synaspismos, partido majoritário do Syriza, e após as eleições legislativas de 2009 se transformou no chefe mais jovem de um grupo parlamentar.

Após o Syriza ter sido a segunda força nas legislativas de 6 de maio, Tsipras se convenceu de que seu partido poderia chegar a formar um governo, como indicam muitas pesquisas. Por isso, transformou a coalizão em um partido unificado para poder optar pelas 50 cadeiras extras, prêmio da lei eleitoral grega à formação mais votada.

Tsipras soube se comunicar com os cidadãos gregos que viram a queda de seu poder aquisitivo por dois anos contínuos de austeridade e que estão cansados da corrupção dos partidos tradicionais, o social-democrata Pasok e o conservador Nova Democracia (ND).

O programa de Syriza para as eleições de 17 de junho inclui propostas de mudança radical, como a abolição do compromisso de austeridade, cancelamento dos cortes, anulação das quedas salariais e nacionalização de bancos e empresas.

Seus adversários alertam que esse programa tirará o país do euro, já que os parceiros europeus se negarão a continuar emprestando dinheiro à Grécia e, com isso, o Estado quebrará.

Contudo, Tsipras, embarcou em uma viagem a Berlim e Paris para explicar sua proposta de que sair da moeda comum "não é uma opção", mas disse que a suspensão das medidas de austeridade impedirá o que já se conhece como "Grexit" - saída da Grécia da zona do euro.

"Não buscamos a destruição da Europa, mas sua salvação", disse ele durante sua visita a Berlim, exigindo a troca da austeridade pelo crescimento.

De fato, o lema de sua campanha é "Abramos um caminho à esperança: reviravolta na Grécia, mudança na Europa". 

Acompanhe tudo sobre:Alexis TsiprasCrise gregaEleiçõesEuropaGréciaPiigsSyriza

Mais de Mundo

Yamandú Orsi, da coalizão de esquerda, vence eleições no Uruguai, segundo projeções

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai

Governista Álvaro Delgado diz querer unidade nacional no Uruguai: "Presidente de todos"

Equipe de Trump já quer começar a trabalhar em 'acordo' sobre a Ucrânia