Pedro Passos Coelho: o gabinete do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, que é a favor da austeridade fiscal, foi empossado na semana passada, depois que sua coalizão conquistou maior número de votos na eleição de 4 de outubro (Reuters / Juan Medina)
Da Redação
Publicado em 6 de novembro de 2015 às 14h00.
Lisboa - O partido português Bloco de Esquerda finalizou as conversas com o Partido Socialista, mais moderado, com o objetivo de criar um governo alternativo, e o primeiro-ministro de centro-direita reconheceu nesta sexta-feira que pode ser deposto do cargo.
A legenda de extrema esquerda declarou também nesta sexta-feira que seu principal conselho aprovou um documento negociado durante as tratativas com o centro-esquerdista Partido Socialista e que “estão dadas as condições para um acordo de esquerda para proteger os empregos, os salários e as aposentadorias”.
O gabinete do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, que é a favor da austeridade fiscal, foi empossado na semana passada, depois que sua coalizão conquistou maior número de votos na eleição de 4 de outubro, mas perdeu a maioria no Parlamento, que se inclinou para a esquerda.
No início desta semana, os socialistas alertaram que está acabando o tempo para se chegar a um entendimento para um governo esquerdista de maioria, que eles prometeram montar antes de tentar derrubar o novo gabinete na semana que vem no Parlamento.
Em conversa com os repórteres, Passos Coelho admitiu pela primeira vez que seu governo pode ser desfeito.
“Se eu não for primeiro-ministro a partir de terça-feira, será porque o Partido Socialista não deixou... Estarei onde for preciso, no governo, que é o lugar natural de quem ganha as eleições, mas, se porventura não estiver no governo e estiver na oposição, não deixarei de assumir as minhas responsabilidades”, declarou.
As conversas em torno da formação de um governo esquerdista despertaram temores sobre as perspectivas para a tímida recuperação econômica de Portugal, por conta da instabilidade e do fato de que os parceiros em potencial deste possível governo rejeitam algumas reformas impostas para superar a crise da dívida.
O Partido Socialista argumentou que pode formar um governo apoiado por uma maioria de esquerda que respeitaria as regras orçamentárias da Europa.
Mas a extrema esquerda, especialmente os comunistas, rechaçam os limites orçamentários impostos por Bruxelas e têm várias outras divergências ideológicas significativas, o que torna difícil que se chegue a um acordo vinculante entre eles.
Alguns socialistas também são favoráveis a uma coalizão de centro, ao invés de um acordo com a esquerda radical.