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Esquema de Cachoeira tinha "infiltrado" na CGU

Criminosos teriam prejudicado um concorrente da Delta Construções na Controladoria-Geral da União

Investigações da Polícia Federal mostram que a empreiteira quis usar um funcionário ligado ao araponga Idalberto Matias Araújo, o Dadá (Divulgação/Polícia Federal)

Investigações da Polícia Federal mostram que a empreiteira quis usar um funcionário ligado ao araponga Idalberto Matias Araújo, o Dadá (Divulgação/Polícia Federal)

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Da Redação

Publicado em 9 de maio de 2012 às 07h21.

Brasília - A organização criminosa liderada pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, operou dentro da Controladoria-Geral da União (CGU) para prejudicar um concorrente da Delta Construções.

Investigações da Polícia Federal mostram que a empreiteira quis usar um funcionário ligado ao araponga Idalberto Matias Araújo, o Dadá, para atingir a Warre Engenharia e Saneamento - empresa envolvida em irregularidades em obras em Goiânia. A CGU já requisitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) cópia do inquérito da Operação Monte Carlo e deve instaurar sindicância interna.

Chamado pelo araponga de "amigo lá da CGU" e "companheiro da CGU", o suposto servidor do órgão de controle interno do governo federal teria atuado para incluir a Warre em auditoria realizada no ano passado para apurar desvios cometidos em convênios firmados pelo Ministério do Turismo com ONGs.

As fraudes já haviam sido alvo de outra investigação da PF, batizada de Operação Voucher, realizada no dia 9 de agosto do ano passado, mas que não colocou a empreiteira no radar da PF.

Em conversa telefônica gravada horas depois da ação dos agentes federais no Ministério do Turismo, Abreu pediu para Dadá plantar informações que ligassem a construtora concorrente, sediada em Goiânia, com as irregularidades identificadas na pasta. Entre as 36 pessoas presas na Operação Voucher estava o então secretário executivo do ministério, Frederico Silva da Costa. Segundo Abreu, "o ex-número dois" era ligado à Warre.

"O pessoal da Warre Engenharia é aqui da cidade. O dono dela é o Paulo Daher e o filho dele, o Ricardo Daher. (...) Eles são amigos de infância. E esse cara que foi preso aí (Frederico) arrumou dinheiro pra eles e direcionou as obras", explicou Abreu a Dadá.

"Então, dá pra plantar isso aí? Os caras fazerem a ligação com eles?", questiona o empreiteiro. O araponga, então, responde: "Dá. Se não der, a gente coloca na mídia, né? Que aí os caras se interessam. Vou falar com aquele amigo lá da CGU", diz Dadá.

Auditoria

O impacto das revelações da Operação Voucher levou a presidente Dilma Rousseff a instaurar uma auditoria em todos os convênios do Ministério do Turismo. Além das fraudes em convênios com 22 ONGs já identificadas pela Operação Voucher, o documento incluiu um anexo exclusivo sobre as irregularidades cometidas pela Warre no Parque Mutirama.


A citação das obras do Parque Mutirama em reportagens e a investigação da CGU acabaram preocupando Cachoeira. No dia 15 de agosto do ano passado, o contraventor procurou Dadá para tentar blindar a Warre. Em conversa gravada pela PF, o bicheiro revelou ao araponga que era "sócio" do empreendimento no parque goiano e que receberia 30% dos R$ 80 milhões investidos. "Eu tenho 30% e eles têm 70%. Então, eu quero blindar eles, senão pinga em mim", diz Cachoeira ao auxiliar. Mas a operação de "desgaste" já tinha sido desencadeada.

A Warre informou que não tem relações com Cachoeira nem com a Delta. Apesar de ser citada 15 vezes no relatório de dezembro da CGU, a empresa nega ter sido alvo de qualquer procedimento do órgão de controle. A Delta disse desconhecer o assunto.

Origem da disputa

A origem da briga entre a Delta e a Warre está na obra de instalação, pavimentação e melhorias da rodovia TO-030, em convênio entre o Ministério do Turismo e o governo de Tocantins. Cada empresa ficou com um lote da empreitada, com cerca de 66,5 km. A Warre faturaria R$ 75,6 milhões e a Delta R$ 74,3 milhões. A obra está paralisada. Claudio Abreu, da Delta, disse, porém, a Dadá que não receberia, pois o então secretário executivo do ministério, Frederico da Costa, não liberava os recursos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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