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Espionagem embaraça governo dos EUA

Denúncias de Edward Snowden abalaram relações com outros países

Edward Snowden: até pouco tempo atrás, Snowden não passava de um simples analista da NSA (Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 26 de dezembro de 2013 às 08h35.

São Paulo -Até pouco tempo atrás, Edward Joseph Snowden não passava de um simples analista do serviço de inteligência norte-americano. Um homem comum de 30 anos, mas que na posição de colaborador terceirizado da Agência de Segurança Nacional ( NSA ) dos Estados Unidos, tinha acesso a informações tão valiosas quanto confidenciais sobre o programa de vigilância eletrônica do país.

Em junho deste ano, graças a esses dados, ele passou do anonimato para a notoriedade e desencadeou um turbilhão nas relações diplomáticas entre os EUA as principais nações do mundo.

A polêmica começou quando o jornal britânico The Guardian publicou uma reportagem onde mostrava que o governo norte-americano monitorou os telefonemas de milhões de usuários da operadora Verizon , utilizando a justificativa do combate ao terrorismo .

No dia seguinte, a imprensa revelou que a agência também conseguia acessar diretamente os sistemas de empresas como Google , Facebook , YouTube , Yahoo , Apple e Microsoft . Para isso, era usado um programa chamado Prism, que serve para interceptar emails, históricos e conversas online.

Em meio às denúncias, o presidente Barack Obama foi obrigado a pronunciar-se sobre o assunto e defendeu a espionagem. "Não podemos ter 100% de segurança com 100% de privacidade", afirmou na época o mandatário.

Em entrevista ao The Guardian, o próprio Snowden admitiu ser o responsável pelo vazamento das informações secretas. Escondido em um hotel de Hong Kong, o ex-analista foi acusado formalmente em 22 de junho pela Justiça dos Estados Unidos, que pediu sua extradição imediata. Logo em seguida ele embarcou para Moscou e permaneceu durante mais de um mês no aeroporto internacional da capital russa.


Nesse período, fez mais de 20 solicitações de asilo, incluindo a países como Brasil, Bolívia, China, Cuba, Itália, Suíça e Venezuela. Até que teve um deles aceito pelo governo de Vladimir Putin.

Mas o cerco a Snowden não interrompeu os vazamentos. Logo as denúncias colocaram como alvo de espionagem alguns dos principais líderes políticos do planeta. Na mira dos Estados Unidos estiveram o celular da chanceler alemã, Angela Merkel, e as comunicações da presidente do Brasil, Dilma Rousseff, com seus assessores. A rede privada de computadores da Petrobras e o Ministério de Minas e Energia também foram monitorados.

O escândalo abalou a já combalida popularidade de Obama e provocou discursos de condenação pelo mundo todo - embora na prática poucas medidas concretas tenham sido tomadas. A reação mais forte veio do próprio governo brasileiro.

As revelações levaram Dilma a cancelar uma viagem que faria em outubro a Washington e, em certa medida, tiveram seu papel na decisão do governo de gastar US$ 4,5 bilhões (R$ 10,9 bilhões) na compra de 36 caças da sueca Saab, em detrimento dos modelos da norte-americana Boeing.

Além disso, o Brasil apresentou na ONU, ao lado da Alemanha, o projeto de resolução "O direito à privacidade na era digital", que trata de ações "extraterritoriais de Estados em matéria de coleta de dados, monitoramento e interceptação de comunicações".

Aprovada recentemente pelos 193 membros da organização, a medida diz que as pessoas devem ter garantidos no ambiente digital os mesmos direitos que têm fora dele.

No âmbito interno, um tribunal federal norte-americano colocou em dúvida pela primeira vez as atividades de monitoramento da NSA. Segundo o juiz Richard Leon, o Departamento de Estado não conseguiu provar que a espionagem contribuiu de algum modo para evitar ataques terroristas.

Contudo, o tema que mexeu com a política internacional em 2013 continua dando pano pra manga e deve permanecer na ordem do dia durante o próximo ano. Novas denúncias continuam surgindo, enquanto a NSA e Obama buscam maneiras de restaurar a confiança nas suas ações.

E ainda há outra questão: o que será de Edward Snowden? Seu asilo na Rússia termina somente em agosto, mas ele já iniciou uma campanha para receber permissão para viver no Brasil, o que pode gerar novos atritos diplomáticos com os Estados Unidos.

Enquanto isso, convém ficar ligado nos novos desdobramentos da polêmica - e tomar cuidado com o que se conversa no telefone.

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Em junho deste ano, graças a esses dados, ele passou do anonimato para a notoriedade e desencadeou um turbilhão nas relações diplomáticas entre os EUA as principais nações do mundo.

A polêmica começou quando o jornal britânico The Guardian publicou uma reportagem onde mostrava que o governo norte-americano monitorou os telefonemas de milhões de usuários da operadora Verizon , utilizando a justificativa do combate ao terrorismo .

No dia seguinte, a imprensa revelou que a agência também conseguia acessar diretamente os sistemas de empresas como Google , Facebook , YouTube , Yahoo , Apple e Microsoft . Para isso, era usado um programa chamado Prism, que serve para interceptar emails, históricos e conversas online.

Em meio às denúncias, o presidente Barack Obama foi obrigado a pronunciar-se sobre o assunto e defendeu a espionagem. "Não podemos ter 100% de segurança com 100% de privacidade", afirmou na época o mandatário.

Em entrevista ao The Guardian, o próprio Snowden admitiu ser o responsável pelo vazamento das informações secretas. Escondido em um hotel de Hong Kong, o ex-analista foi acusado formalmente em 22 de junho pela Justiça dos Estados Unidos, que pediu sua extradição imediata. Logo em seguida ele embarcou para Moscou e permaneceu durante mais de um mês no aeroporto internacional da capital russa.


Nesse período, fez mais de 20 solicitações de asilo, incluindo a países como Brasil, Bolívia, China, Cuba, Itália, Suíça e Venezuela. Até que teve um deles aceito pelo governo de Vladimir Putin.

Mas o cerco a Snowden não interrompeu os vazamentos. Logo as denúncias colocaram como alvo de espionagem alguns dos principais líderes políticos do planeta. Na mira dos Estados Unidos estiveram o celular da chanceler alemã, Angela Merkel, e as comunicações da presidente do Brasil, Dilma Rousseff, com seus assessores. A rede privada de computadores da Petrobras e o Ministério de Minas e Energia também foram monitorados.

O escândalo abalou a já combalida popularidade de Obama e provocou discursos de condenação pelo mundo todo - embora na prática poucas medidas concretas tenham sido tomadas. A reação mais forte veio do próprio governo brasileiro.

As revelações levaram Dilma a cancelar uma viagem que faria em outubro a Washington e, em certa medida, tiveram seu papel na decisão do governo de gastar US$ 4,5 bilhões (R$ 10,9 bilhões) na compra de 36 caças da sueca Saab, em detrimento dos modelos da norte-americana Boeing.

Além disso, o Brasil apresentou na ONU, ao lado da Alemanha, o projeto de resolução "O direito à privacidade na era digital", que trata de ações "extraterritoriais de Estados em matéria de coleta de dados, monitoramento e interceptação de comunicações".

Aprovada recentemente pelos 193 membros da organização, a medida diz que as pessoas devem ter garantidos no ambiente digital os mesmos direitos que têm fora dele.

No âmbito interno, um tribunal federal norte-americano colocou em dúvida pela primeira vez as atividades de monitoramento da NSA. Segundo o juiz Richard Leon, o Departamento de Estado não conseguiu provar que a espionagem contribuiu de algum modo para evitar ataques terroristas.

Contudo, o tema que mexeu com a política internacional em 2013 continua dando pano pra manga e deve permanecer na ordem do dia durante o próximo ano. Novas denúncias continuam surgindo, enquanto a NSA e Obama buscam maneiras de restaurar a confiança nas suas ações.

E ainda há outra questão: o que será de Edward Snowden? Seu asilo na Rússia termina somente em agosto, mas ele já iniciou uma campanha para receber permissão para viver no Brasil, o que pode gerar novos atritos diplomáticos com os Estados Unidos.

Enquanto isso, convém ficar ligado nos novos desdobramentos da polêmica - e tomar cuidado com o que se conversa no telefone.

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