Espionagem alarma empresas de tecnologia e legisladores
Revelações sobre a coleta de dados feita pelos EUA renovou um debate histórico sobre os limites do governo na espionagem de cidadãos
Da Redação
Publicado em 10 de junho de 2013 às 13h36.
São Francisco - Revelações recentes sobre a extensa coleta de dados feita pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês) ressaltaram o poder da vigilância eletrônica na era da internet , renovando um debate histórico sobre os limites do governo na espionagem de cidadãos de seu país.
Um ex-técnico de informática da CIA chamado Edward Snowden, que havia trabalhado como terceirizado para NSA, se identificou no domingo como a fonte das divulgações feitas sobre a vigilância do governo americano, publicadas nos jornais Guardian e Washington Post na semana passada.
As informações incluíam uma ordem judicial secreta para a empresa de comunicação Verizon entregar todos seus registros de chamadas referentes a um período de três meses, além de detalhes sobre um programa da NSA batizado de PRISM, que coletava e-mails, registros de chats e outros tipos de dados de companhias de internet. Entre essas empresas estavam Google, Facebook, Microsoft, Yahoo, AOL e Apple.
Autoridades da inteligência americana e empresas de tecnologia disseram que o PRISM é muito menos invasivo que o inicialmente sugerido pelas reportagens do Guardian e do Washington Post.
Uma série de pessoas familiares com as negociações travadas no Vale do Silício afirmaram que a NSA não tinha liberdade para remexer à vontade nos servidores e que os pedidos tinham que ser especificamente sobre contas tidas como estrangeiras pelas autoridades.
Ainda assim, as revelações alarmaram defensores da liberdade civil e legisladores que haviam apoiado medidas como o Ato Patriota, que deu novos poderes às agências de inteligência depois do 11 de setembro, e a promulgação de uma lei que passou a garantir imunidade às operadoras de telecomunicações na concessão de informações privadas para o governo.
"Essa é a lei, mas a maneira como ela vem sendo interpretada realmente tem me preocupado", afirmou o senador democrata Mark Udall à rede ABC, neste domingo. "É para mim uma violação da nossa privacidade, sobretudo se for feito de uma forma que nós desconhecemos."
Um ex-funcionário da NSA de alto escalão disse à Reuters que a análise desse amplo conjunto de informações foi essencial para as investigações da Agência. Se "um terrorista conhecido no Iêmen liga para alguém nos EUA, por que ele fez isso e o que aconteceu quando essa pessoa nos EUA começou a fazer chamadas para outros lugares do país?", ele perguntou. "Na superfície, isso se parece com o surgimento de uma célula de terrorismo."
Série de Divulgações
Depois da ampla cobertura do caso pela mídia, ainda restam dúvidas sobre a gestão do programa, a quantidade de informações tiradas das ligações e e-mails, e como as conexões são mapeadas, selecionadas e guardadas.
A NSA "essencialmente mantém os e-mails para sempre. Eu não acho que haja qualquer dúvida sobre isso", disse Mark Rossini, ex-supervisor do FBI que trabalhou em uma unidade de contra-terrorismo da CIA e que disse estar a par do funcionamento do PRISM.
"Eles não estão lendo os nossos dados, eles estão armazenando-o em bits e bytes que podem ser pesquisados", afirmou Rossini. O mesmo é provavelmente verdade para a massa de telefonemas copiado da AT&T pela NSA, conforme divulgado por uma fonte da AT&T em 2006, ele acrescentou.
A forma exata como as companhias de internet fornecem informação ao governo permanece incerta, em parte porque tudo relacionado ao programa PRISM é considerado um segredo de segurança nacional. Também não ficou claro como algumas empresas, notadamente o Twitter, disseram ter tido a capacidade de resistir a esse escrutínio.
Muitas companhias afirmaram que uma pessoa específica tinha a atribuição de aprovar cada rastreamento. Fontes do governo e da indústria também disseram que algumas das companhias pareciam ter instalado equipamentos especiais para facilitar as buscas.
No entanto, a proteção dada aos americanos deu pouco conforto aos governos estrangeiros e às centenas de milhões de clientes dessas empresas fora dos EUA.
Na verdade, o PRISM parece ser uma ferramenta eficaz para a NSA justamente porque as companhias americanas dominam a internet e as comunicações entre pessoas estrangeiras frequentemente passam pelos EUA. É uma percepção exasperante para aqueles que vem defendendo o estímulo às empresas de tecnologia na Europa para combater o domínio político e econômico dos Estados Unidos.
São Francisco - Revelações recentes sobre a extensa coleta de dados feita pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês) ressaltaram o poder da vigilância eletrônica na era da internet , renovando um debate histórico sobre os limites do governo na espionagem de cidadãos de seu país.
Um ex-técnico de informática da CIA chamado Edward Snowden, que havia trabalhado como terceirizado para NSA, se identificou no domingo como a fonte das divulgações feitas sobre a vigilância do governo americano, publicadas nos jornais Guardian e Washington Post na semana passada.
As informações incluíam uma ordem judicial secreta para a empresa de comunicação Verizon entregar todos seus registros de chamadas referentes a um período de três meses, além de detalhes sobre um programa da NSA batizado de PRISM, que coletava e-mails, registros de chats e outros tipos de dados de companhias de internet. Entre essas empresas estavam Google, Facebook, Microsoft, Yahoo, AOL e Apple.
Autoridades da inteligência americana e empresas de tecnologia disseram que o PRISM é muito menos invasivo que o inicialmente sugerido pelas reportagens do Guardian e do Washington Post.
Uma série de pessoas familiares com as negociações travadas no Vale do Silício afirmaram que a NSA não tinha liberdade para remexer à vontade nos servidores e que os pedidos tinham que ser especificamente sobre contas tidas como estrangeiras pelas autoridades.
Ainda assim, as revelações alarmaram defensores da liberdade civil e legisladores que haviam apoiado medidas como o Ato Patriota, que deu novos poderes às agências de inteligência depois do 11 de setembro, e a promulgação de uma lei que passou a garantir imunidade às operadoras de telecomunicações na concessão de informações privadas para o governo.
"Essa é a lei, mas a maneira como ela vem sendo interpretada realmente tem me preocupado", afirmou o senador democrata Mark Udall à rede ABC, neste domingo. "É para mim uma violação da nossa privacidade, sobretudo se for feito de uma forma que nós desconhecemos."
Um ex-funcionário da NSA de alto escalão disse à Reuters que a análise desse amplo conjunto de informações foi essencial para as investigações da Agência. Se "um terrorista conhecido no Iêmen liga para alguém nos EUA, por que ele fez isso e o que aconteceu quando essa pessoa nos EUA começou a fazer chamadas para outros lugares do país?", ele perguntou. "Na superfície, isso se parece com o surgimento de uma célula de terrorismo."
Série de Divulgações
Depois da ampla cobertura do caso pela mídia, ainda restam dúvidas sobre a gestão do programa, a quantidade de informações tiradas das ligações e e-mails, e como as conexões são mapeadas, selecionadas e guardadas.
A NSA "essencialmente mantém os e-mails para sempre. Eu não acho que haja qualquer dúvida sobre isso", disse Mark Rossini, ex-supervisor do FBI que trabalhou em uma unidade de contra-terrorismo da CIA e que disse estar a par do funcionamento do PRISM.
"Eles não estão lendo os nossos dados, eles estão armazenando-o em bits e bytes que podem ser pesquisados", afirmou Rossini. O mesmo é provavelmente verdade para a massa de telefonemas copiado da AT&T pela NSA, conforme divulgado por uma fonte da AT&T em 2006, ele acrescentou.
A forma exata como as companhias de internet fornecem informação ao governo permanece incerta, em parte porque tudo relacionado ao programa PRISM é considerado um segredo de segurança nacional. Também não ficou claro como algumas empresas, notadamente o Twitter, disseram ter tido a capacidade de resistir a esse escrutínio.
Muitas companhias afirmaram que uma pessoa específica tinha a atribuição de aprovar cada rastreamento. Fontes do governo e da indústria também disseram que algumas das companhias pareciam ter instalado equipamentos especiais para facilitar as buscas.
No entanto, a proteção dada aos americanos deu pouco conforto aos governos estrangeiros e às centenas de milhões de clientes dessas empresas fora dos EUA.
Na verdade, o PRISM parece ser uma ferramenta eficaz para a NSA justamente porque as companhias americanas dominam a internet e as comunicações entre pessoas estrangeiras frequentemente passam pelos EUA. É uma percepção exasperante para aqueles que vem defendendo o estímulo às empresas de tecnologia na Europa para combater o domínio político e econômico dos Estados Unidos.