Mundo

Espanha, Irlanda e Noruega reconhecem Palestina como um Estado

Coordenada pelo presidente espanhol Pedro Sánchez e seus homólogos da Irlanda e Noruega, o gesto gerou críticas de Israel

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 28 de maio de 2024 às 07h55.

Última atualização em 28 de maio de 2024 às 11h50.

Espanha, Irlanda e Noruega oficializaram nesta terça-feira, 28, o reconhecimento da Palestina como Estado, uma decisão que provocou a indignação de Israel, que acusou o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, de ser "cúmplice de incitação ao assassinato do povo judeu".

O reconhecimento é uma "necessidade para alcançar a paz" entre israelenses e palestinos, além de ser "uma questão de justiça histórica" para o povo palestino, afirmou Sánchez em um breve discurso em espanhol e inglês.

A decisão não é adotada "contra ninguém, muito menos contra Israel, um povo amigo (...) com o qual queremos ter a melhor relação possível", afirmou. O reconhecimento do Estado Palestino reflete a "rejeição frontal, retumbante, ao Hamas, que é contra a solução de dois Estados", acrescentou.

Em uma mensagem publicada em espanhol na rede social X, o ministro israelense das Relações Exteriores, Israel Katz, acusou a Sánchez de ser "cúmplice de incitação ao assassinato do povo judeu" com o reconhecimento da Palestina como Estado e a manutenção em seu cargo de Yolanda Díaz, número três do governo, que afirmou recentemente que a "Palestina será livre do rio até o mar".

A frase faz referência às fronteiras da Palestina sob mandato britânico, que seguia do rio Jordão até o Mar Mediterrâneo, antes da criação do Estado de Israel em 1948.

Os críticos, em particular o governo israelense, a interpretam com um apoio à eliminação de Israel.

Anunciado na quarta-feira da semana passada, de forma coordenada por Sánchez e seus homólogos da Irlanda e Noruega, o reconhecimento foi oficializado nesta terça, 28.

Uma reunião do Conselho de Ministros espanhol aprovou formalmente o decreto. O governo irlandês também se reuniu durante a manhã, enquanto a Noruega entregou no domingo uma nota verbal ao primeiro-ministro palestino, Mohamed Mustafa, para anunciar que a decisão entraria em vigor nesta terça-feira.

Os três países europeus - embora a Noruega não integre a UE - querem que a iniciativa de grande significado simbólico estimule outros Estados a seguir seus passos.

Noruega e Espanha desempenharam um papel importante no processo de paz dos anos 1990 no Oriente Médio. Madri foi sede de uma conferência de paz árabe-israelense em 1991, que abriu o caminho para os Acordos de Oslo de 1993.

Divisão na UE

O reconhecimento da Palestina como Estado, passo que pode ser anunciado pela Eslovênia em breve, provoca divisão dentro da UE.

Para a França, por exemplo, não é um bom momento para adotar a medida, enquanto a Alemanha consideraria dar este passo como resultado de negociações diretas entre as partes em conflito.

Com Espanha, Irlanda e Noruega, o Estado da Palestina passa a ser reconhecido por 145 países dos 193 Estados-membros da ONU.

Uma lista que não conta com a maioria dos países da Europa Ocidental e da América do Norte, Austrália, Japão e Coreia do Sul.

A decisão de Madri, Dublin e Oslo provocou a indignação de Israel e as tensões aumentaram nos últimos dias.

"Recompensa" ao Hamas

O chefe da diplomacia israelense, Israel Katz, anunciou na segunda-feira "medidas punitivas" contra o consulado da Espanha em Jerusalém, ao qual determinou que interrompa o atendimento aos palestinos a partir de 1º de junho.

"Não vamos tolerar um ataque à soberania e à segurança de Israel", disse Katz.

O seu governo chamou o reconhecimento de "recompensa ao terrorismo" do Hamas, cujo ataque de 7 de outubro no sul de Israel desencadeou a guerra na Faixa de Gaza.

Os milicianos islamistas mataram mais de 1.170 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma ofensiva aérea e terrestre contra Gaza que deixou 36.050 mortos até o momento, a maioria mulheres e crianças, segundo o Ministério da Saúde do território governado pelo movimento islamista.

Acompanhe tudo sobre:PalestinaUnião Europeia

Mais de Mundo

Anistia Internacional faz alerta de 'retrocesso' da Argentina em questões de gênero e meio ambiente

Argentina inicia julgamento de brasileiro por tentativa de homicídio a Cristina Kirchner

Quase 300 milhões de pessoas consomem drogas ilícitas no mundo, diz ONU

'Novo normal do estresse': mundo segue mais nervoso do que antes da pandemia, diz pesquisa Gallup

Mais na Exame