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Espanha e Catalunha tentarão dialogar após referendo

Em meio a acusações mútuas de conduta antidemocrática, os catalães foram às urnas no domingo para um referendo de independência simbólico

Catalães participam de votação simbólica sobre separação da Espanha, em Barcelona (Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de novembro de 2014 às 15h42.

Barcelona - Transcorridos dois anos de uma batalha política e jurídica sobre o futuro da Catalunha , que entrou em uma nova fase após um referendo de independência simbólico, o governo central da Espanha e autoridades regionais de Barcelona se preparam para tentar algo novo: o diálogo.

Em meio a acusações mútuas de conduta antidemocrática, os catalães foram às urnas no domingo – uma alternativa simbólica a uma votação mais formal, embora ainda não obrigatória, que Madri levou aos tribunais para bloquear.

Cerca de 80 por cento dos cerca de 2,2 milhões de habitantes que votaram apoiaram a separação, mas o comparecimento foi de pouco mais de 40 por cento – um desfecho ambíguo que dá aos dois lados um incentivo para buscar um meio termo entre a situação atual e a secessão.

No domingo, o líder do governo catalão, Artur Mas, disse que esta semana vai detalhar uma oferta de diálogo com Madri que provavelmente incluirá propostas para aumentar a parcela de impostos espanhóis repassada para a rica região, assim como um novo pedido para um referendo.

O primeiro-ministro Mariano Rajoy declarou estar pronto para conversar sobre um novo sistema para financiar as 17 comunidades autônomas da Espanha e uma reforma na constituição.

O apoio ao diálogo se revelou forte na manhã desta segunda-feira na mídia espanhola e nas ruas da capital catalã, Barcelona.

“O que irá acontecer agora? O que irá acontecer amanhã? Acho que o essencial são os acordos possíveis que os políticos possam conseguir”, opinou Merce Jeremies, pensionista de Barcelona.

Jordi Matas, professor de direito e ciência política da Universidade de Barcelona, afirmou que a votação de domingo ofereceu um sinal claro de que uma negociação política é necessária agora.

“Deveria ser um incentivo para que os políticos catalães e espanhóis se mexam e negociem e cheguem a um acordo sobre a Catalunha, um que atenda os interesses de ambos”, disse.

Os principais jornais do país, inclusive o El País, de tendência esquerdista, o direitista El Mundo e o La Vanguardia, maior diário da Catalunha, também abraçaram o argumento.

Dificuldades

Mas as conversas podem não ser fáceis.

O partido de centro-direita Convergência e União (CiU), de Mas, não tem maioria absoluta no parlamento regional e tem contado com o esquerdista Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) para aprovar leis.

Como o ERC vem pedindo eleições antecipadas e uma declaração unilateral de independência como pré-requisitos para conversar com o governo espanhol, o espaço de manobra do CiU pode ficar limitado a partir de agora.

Rajoy, enquanto isso, enfrenta eleições gerais, locais e regionais no ano que vem, e qualquer concessão à Catalunha pode causar repúdio entre os apoiadores de seu já muito criticado Partido Popular.

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Barcelona - Transcorridos dois anos de uma batalha política e jurídica sobre o futuro da Catalunha , que entrou em uma nova fase após um referendo de independência simbólico, o governo central da Espanha e autoridades regionais de Barcelona se preparam para tentar algo novo: o diálogo.

Em meio a acusações mútuas de conduta antidemocrática, os catalães foram às urnas no domingo – uma alternativa simbólica a uma votação mais formal, embora ainda não obrigatória, que Madri levou aos tribunais para bloquear.

Cerca de 80 por cento dos cerca de 2,2 milhões de habitantes que votaram apoiaram a separação, mas o comparecimento foi de pouco mais de 40 por cento – um desfecho ambíguo que dá aos dois lados um incentivo para buscar um meio termo entre a situação atual e a secessão.

No domingo, o líder do governo catalão, Artur Mas, disse que esta semana vai detalhar uma oferta de diálogo com Madri que provavelmente incluirá propostas para aumentar a parcela de impostos espanhóis repassada para a rica região, assim como um novo pedido para um referendo.

O primeiro-ministro Mariano Rajoy declarou estar pronto para conversar sobre um novo sistema para financiar as 17 comunidades autônomas da Espanha e uma reforma na constituição.

O apoio ao diálogo se revelou forte na manhã desta segunda-feira na mídia espanhola e nas ruas da capital catalã, Barcelona.

“O que irá acontecer agora? O que irá acontecer amanhã? Acho que o essencial são os acordos possíveis que os políticos possam conseguir”, opinou Merce Jeremies, pensionista de Barcelona.

Jordi Matas, professor de direito e ciência política da Universidade de Barcelona, afirmou que a votação de domingo ofereceu um sinal claro de que uma negociação política é necessária agora.

“Deveria ser um incentivo para que os políticos catalães e espanhóis se mexam e negociem e cheguem a um acordo sobre a Catalunha, um que atenda os interesses de ambos”, disse.

Os principais jornais do país, inclusive o El País, de tendência esquerdista, o direitista El Mundo e o La Vanguardia, maior diário da Catalunha, também abraçaram o argumento.

Dificuldades

Mas as conversas podem não ser fáceis.

O partido de centro-direita Convergência e União (CiU), de Mas, não tem maioria absoluta no parlamento regional e tem contado com o esquerdista Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) para aprovar leis.

Como o ERC vem pedindo eleições antecipadas e uma declaração unilateral de independência como pré-requisitos para conversar com o governo espanhol, o espaço de manobra do CiU pode ficar limitado a partir de agora.

Rajoy, enquanto isso, enfrenta eleições gerais, locais e regionais no ano que vem, e qualquer concessão à Catalunha pode causar repúdio entre os apoiadores de seu já muito criticado Partido Popular.

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