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Escândalo das escutas deixa as estrelas indignadas

Algumas celebridades atingidas pelas escutas ilegais lançaram uma ofensiva contra os métodos de jornais populares, como o News of The World

O ator Hugh Grant está entre as 8 mil personalidades que assinaram a petição lançada para pedir a criação de uma comissão de investigação (Getty Images)

O ator Hugh Grant está entre as 8 mil personalidades que assinaram a petição lançada para pedir a criação de uma comissão de investigação (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de julho de 2011 às 12h14.

O escândalo das escutas telefônicas, que abalou o império de comunicações de Rupert Murdoch, fez com que algumas celebridades atingidas aproveitassem para lançar uma ofensiva contra os métodos de jornais populares, ávidos por detalhes picantes de suas vidas privadas.

O ator britânico Hugh Grant, por exemplo, decidiu agarrar o touro pelos chifres. Atuando como detetive - o "papel de sua vida", ironizou um jornal -, afirma que montou uma armadilha para um ex-jornalista do News of the World, o semanário do grupo Murdoch que gerou o escândalo: gravou uma conversa na qual o jornalista admite, segundo o ator, que seu jornal realizava escutas "em grande escala".

Hugh Grant figura em lugar preponderante na lista de pessoas que assinaram a petição lançada para pedir a criação de uma comissão de investigação sobre o caso e a adoção de regras mais coercitivas em matéria de respeito à vida privada. Somaram-se à iniciativa personalidades como Jemina Khan, uma das 4 mil supostas vítimas do caso News of the World, e o ex-chefe da Federação Internacional do Automobilismo (FIA), Max Mosley. Em 2008, o News of the World publicou fotos e vídeos de sessões sadomasoquistas que compartilhava com cinco prostitutas.

O escândalo das escutas telefônicas, que começou no início dos anos 2000, interessou pouco a opinião durante muito tempo, apesar das denúncias de vários atores britânicos, como Sienna Miller.


Mas a revelação, no dia 4 de julho, de que o celular de uma aluna desaparecida que depois apareceu assassinada havia sido grampeado por este jornal foi a gota d´água.

Hugh Grant "foi eloquente. Soube falar com as pessoas e suscitar o interesse pela questão", ressaltou Martin Moore, coordenador do "Hacked Off", jogo de palavras com "hacking" (escutas) e "hacked off" (estar farto). O pedido arrecadou mais de 8.400 assinaturas.

O ator visitou os estúdios de televisão nas últimas duas semanas para contar como apanhou o jornalista do News of the World, Paul McMullan.

Convidado a vários programas, teve algumas discussões amargas com jornalistas que o acusaram de estar passando a conta pela cobertura de sua detenção com uma prostituta em 1995 nos Estados Unidos.

"Se não quer dar o que falar nos jornais, não deve fazer mais do que conservar as calças", disse um dos animadores. "Patético", respondeu o ator.

O ator Steve Coogan, que atuou em "A volta ao mundo em 80 dias" e também centrou a atenção da imprensa popular, arremeteu contra McMullan, acusando-o a partir da BBC de ser "um fracasso moral".

Por sua vez, Jemina Khan contou no jornal de esquerda The Independent, o "longo e doloroso processo para tentar fazer com que brilhe a verdade" sobre a maneira pela qual piratearam o telefone.

"Imprensa, polícia e parlamentares estão todos em conluio neste caso", acusou.

Para Martin Moore, o objetivo de "Hacked Off" é conseguir a maior "transparência" nos meios de comunicação e uma mudança da cultura nas redações da imprensa sensacionalista, para acabar com este tipo de práticas.

Outros passaram à ofensiva no campo judicial: o ator Jude Law, que encarnou o mais recente Sherlock Holmes, anunciou, por sua vez, que apresentava uma ação contra outro jornal popular do grupo Murdoch: acusa o The Sun de ter escrito vários artigos sobre sua pessoa servindo-se de informações conquistadas escutando sua secretária eletrônica.

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