Equipe de sauditas limpou provas do caso Khashoggi, diz autoridade
Segundo conclui o jornal "Sabah", suspeitos visitaram diariamente as dependências do consulado e a residência do cônsul entre 11 e 17 de outubro
EFE
Publicado em 5 de novembro de 2018 às 09h04.
Última atualização em 5 de novembro de 2018 às 10h53.
Ancara - A Arábia Saudita enviou uma "equipe de limpeza" com dois homens para apagar os indícios do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi uma semana depois do desaparecimento dele no consulado saudita em Istambul, disse uma autoridade turca nesta segunda-feira, dizendo ser um sinal de que autoridades sauditas de primeiro escalão sabiam sobre o crime.
Confirmando uma reportagem do jornal turco pró-governo Sabah, a autoridade disse que um químico e um toxicólogo foram encarregados de apagar os indícios antes que investigadores turcos tivessem acesso ao consulado e à residência do cônsul.
O Sabah identificou os dois homens como Ahmed Abdulaziz al-Jonabi e Khaled Yahya al-Zahrani, dizendo que eles chegaram à Turquia como integrantes de uma equipe de 11 pessoas enviada para realizar as inspeções com autoridades turcas.
Khashoggi, colunista do Washington Post que era crítico do governo saudita e de seu governante de fato, o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, desapareceu no consulado no dia 2 de outubro.
Inicialmente autoridades sauditas insistiram que Khashoggi deixou o consulado, e depois disseram que ele morreu em uma "operação ilegal". Mais tarde, o procurador-geral do reino, Saud al-Mojeb, disse que ele foi assassinado de maneira premeditada.
Autoridades turcas e sauditas realizaram inspeções conjuntas no consulado e na residência do cônsul em Istambul, mas o presidente turco, Tayyip Erdogan, diz que algumas autoridades sauditas ainda estão tentando acobertar o crime. Ancara também exigiu que Riad coopere com a localização do corpo de Khashoggi, que o procurador-geral de Istambul disse ter sido esquartejado.
Um funcionário turco de alto escalão confirmou os nomes dos homens identificados nesta segunda-feira pelo Sabah. "Acreditamos que os dois indivíduos vieram à Turquia com o único propósito de acobertar indícios do assassinato de Jamal Khashoggi antes que a polícia turca tivesse permissão de fazer buscas nas dependências", disse.
Os dois indivíduos realizaram operações de limpeza no consulado e na residência do cônsul até o dia 17 de outubro e deixaram o país três dias depois, afirmou ele.
"O fato de que uma equipe de limpeza foi enviada da Arábia Saudita nove dias após a morte sugere que o assassinato de Khashoggi era do conhecimento de autoridades sauditas de primeiro escalão".